Procurador apresenta defesa à CPI do Cachoeira
Chefe do MPF foi cobrado a explicar por que demorou cerca de três anos para apresentar ao STF pedido de abertura de inquérito contra Demóstenes Torres
Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2012 às 23h14.
Brasília - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou, em ofício encaminhado na noite desta quarta-feira à CPI do Cachoeira, que as informações colhidas na Operação Monte Carlo demonstram de forma "inequívoca" a decisão de segurar, em 2009, uma investigação que apontava para o envolvimento de parlamentares com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na manifestação de sete páginas, Gurgel disse que respondeu à comissão "por deferência", protegeu sua mulher, a subprocuradora Cláudia Sampaio e preferiu não alimentar a guerra de versões com a Polícia Federal no episódio.
No documento endereçado ao presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), Gurgel disse que, quando recebeu as informações da Operação Vegas, constatou que "não havia fato penalmente relevante" para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e os deputados Sandes Junior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO).
O procurador-geral lembrou que o STF é "especialmente rigoroso" para autorizar uma investigação e permitir diligências que invadam a privacidade do cidadão. Gurgel disse que, "apesar de graves", as informações colhidas àquela altura revelavam apenas uma "relação promíscua" dos parlamentares com Cachoeira e o grupo dele. Não indicavam, na avaliação dele, indícios de crime, mas apenas questões de comportamento ético.
Segundo o chefe do Ministério Publico Federal, se ele mandasse o caso para o Supremo, iria pedir o arquivamento da apuração e, por tabela, seria tornado publica a existência da investigação contra o contraventor. "Decidi sobrestar o inquérito no intuito de possibilitar a retomada das interceptações telefônicas e da investigação, que, a toda a evidencia, se afigurava extremamente promissora", afirmou.
A decisão, argumentou Gurgel no ofício, tem respaldo na Constituição e na legislação que dispõe sobre a forma de investigação de organizações criminosas. A posição do chefe do MP é a mesma defendida por sua mulher, Claudia Sampaio, em entrevista ao Estadão na semana passada. Mas, no ofício, o procurador-geral fez questão de dizer que não delegou o caso para análise dela e que todas as decisões são de sua exclusiva responsabilidade.
Em março do ano passado, ele diz ter sido avisado da continuidade "promissora" da investigação contra o esquema comandado por Cachoeira, embora os delegados da PF ouvidos pela CPI tenham dito que as operações Vegas e Monte Carlo não tenham ligação entre si. No dia 9 de março deste ano, ele recebeu de dois procuradores da República a nova investigação e, 18 dias depois, pediu a abertura de inquérito no STF contra Demóstenes, Lereia, Sandes Junior e ainda o deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ).
Para ele, a estratégia levou a desvendar "o grande esquema criminoso" comandado por Cachoeira. Não apenas os crimes de jogos de azar, investigados pela Vegas, mas também "fraudes à licitação, corrupção de servidores, lavagem de dinheiro, entre outros delitos de grande gravidade".
Brasília - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou, em ofício encaminhado na noite desta quarta-feira à CPI do Cachoeira, que as informações colhidas na Operação Monte Carlo demonstram de forma "inequívoca" a decisão de segurar, em 2009, uma investigação que apontava para o envolvimento de parlamentares com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na manifestação de sete páginas, Gurgel disse que respondeu à comissão "por deferência", protegeu sua mulher, a subprocuradora Cláudia Sampaio e preferiu não alimentar a guerra de versões com a Polícia Federal no episódio.
No documento endereçado ao presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), Gurgel disse que, quando recebeu as informações da Operação Vegas, constatou que "não havia fato penalmente relevante" para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e os deputados Sandes Junior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO).
O procurador-geral lembrou que o STF é "especialmente rigoroso" para autorizar uma investigação e permitir diligências que invadam a privacidade do cidadão. Gurgel disse que, "apesar de graves", as informações colhidas àquela altura revelavam apenas uma "relação promíscua" dos parlamentares com Cachoeira e o grupo dele. Não indicavam, na avaliação dele, indícios de crime, mas apenas questões de comportamento ético.
Segundo o chefe do Ministério Publico Federal, se ele mandasse o caso para o Supremo, iria pedir o arquivamento da apuração e, por tabela, seria tornado publica a existência da investigação contra o contraventor. "Decidi sobrestar o inquérito no intuito de possibilitar a retomada das interceptações telefônicas e da investigação, que, a toda a evidencia, se afigurava extremamente promissora", afirmou.
A decisão, argumentou Gurgel no ofício, tem respaldo na Constituição e na legislação que dispõe sobre a forma de investigação de organizações criminosas. A posição do chefe do MP é a mesma defendida por sua mulher, Claudia Sampaio, em entrevista ao Estadão na semana passada. Mas, no ofício, o procurador-geral fez questão de dizer que não delegou o caso para análise dela e que todas as decisões são de sua exclusiva responsabilidade.
Em março do ano passado, ele diz ter sido avisado da continuidade "promissora" da investigação contra o esquema comandado por Cachoeira, embora os delegados da PF ouvidos pela CPI tenham dito que as operações Vegas e Monte Carlo não tenham ligação entre si. No dia 9 de março deste ano, ele recebeu de dois procuradores da República a nova investigação e, 18 dias depois, pediu a abertura de inquérito no STF contra Demóstenes, Lereia, Sandes Junior e ainda o deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ).
Para ele, a estratégia levou a desvendar "o grande esquema criminoso" comandado por Cachoeira. Não apenas os crimes de jogos de azar, investigados pela Vegas, mas também "fraudes à licitação, corrupção de servidores, lavagem de dinheiro, entre outros delitos de grande gravidade".