Donetsk - Os separatistas pró-russos lançaram nesta quinta-feira um ataque contra o estratégico aeroporto de Donetsk, nas mãos do exército ucraniano, enfraquecendo ainda mais a trégua, no momento em que russos e ucranianos tentam retomar as difíceis negociações sobre o gás em Bruxelas.
Uma espessa fumaça saída do aeroporto pairava sobre grande parte da cidade de Donetsk, capital regional e reduto rebelde, e ainda há sons de artilharia pesada e rajadas de armas automáticas a três quilômetros do local, de acordo com jornalistas da AFP.
"Ontem (quarta-feira), as tropas (rebeldes) entraram em um dos terminais do aeroporto, mas não podemos confirmar se eles ainda estão dentro ou se deixaram a cena", declarou nesta quinta-feira à AFP um porta-voz separatista.
De acordo com um porta-voz militar ucraniano, Vladislav Seleznev, os rebeldes atacaram com tanques e bombardearam as forças governamentais que controlam o terminal principal.
"A situação é tensa no aeroporto, eles lançaram um segundo ataque na parte da manhã", informou.
Responsabilidade partilhada
No início da tarde desta quinta-feira, os combates que fizeram "feridos" continuam em andamento, de acordo com outro porta-voz ucraniano, Andrii Lysenko.
Apesar dos dois acordos de cessar-fogo selados em Minsk em 5 e 20 de setembro, os combates deixaram dez mortos na quarta-feira em um bairro de Donetsk, localizado a cerca de 4 km do aeroporto, onde projéteis atingiram um ponto de ônibus e uma escola no dia do início do novo ano escolar nas regiões rebeldes.
Os separatistas acusam o exército ucraniano, que controla o aeroporto, de ser responsável pelos disparos.
A Anistia Internacional compartilha esta opinião, dizendo, no entanto, que os rebeldes "estão colocando alvos militares em bairros residenciais" e que por isso "partilham as responsabilidades" pelas tragédias humanas.
Por sua vez, a Rússia anunciou nesta quinta-feira a abertura de uma investigação contra o ministro ucraniano da Defesa, Valeri Gueletei, acusado de "genocídio" da população de língua russa do leste da Ucrânia.
"Abrimos uma investigação contra o ministro ucraniano da Defesa, Valeri Gueletei pela organização de assassinatos, uso de métodos de guerra proibidos e genocídio", afirma um comunicado do Comitê de Investigação russo.
O comandante do Estado-Maior ucraniano, Viktor Mujenko, também será investigado, assim como outras autoridades militares ucranianas, segundo a nota.
Kiev, assim como a Otan, acusam o Kremlin de jogar lenha na fogueira, apoiando os separatistas, o que Moscou nega. A Otan indicou esta semana que "centenas" de soldados russos ainda estavam no leste separatista, enquanto que o último acordo de Minsk prevê a retirada de todos os combatentes estrangeiros.
Solução provisória
O novo secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, exigiu na quarta-feira "uma verdadeira mudança nas ações da Rússia", considerando que este país "mantém sua capacidade de desestabilizar a Ucrânia."
Com a aproximação do inverno, o ministro da Energia ucraniano, Yuri Prodan, é esperado nesta quinta em Bruxelas para discussões com a União Europeia, que teme cortes de gás para seus 28 países membros caso Moscou não retome seu fornecimento à Ucrânia, suspenso em junho. Um reunião com a Rússia poderia ser realizada na sexta-feira.
"Estamos à procura de uma solução provisória" com a Gazprom, ressaltou o primeiro-ministro ucraniano Arseniy Yatseniyuk em uma reunião em Kiev com investidores estrangeiros. "Hoje teremos consultas entre a UE, a Rússia e a Ucrânia sobre um acordo temporário", disse ele.
Apresentado na última sexta-feira o "acordo provisório" ainda deve ser aprovado pelos dois governos. O comissário europeu para a Energia, Günther Oettinger, explicou que, em troca do pagamento de US$ 3,1 bilhões antes do final do ano, a empresa russa Gazprom iria se comprometer a fornecer pelo menos 5 bilhões de m3 de gás para a Ucrânia para que o país possa atravessar o inverno.
A Rússia responde por 30% das importações de gás da Europa, metade das quais passa pela Ucrânia. Moscou acredita que Kiev deve 5,3 bilhões dólares de juros de mora e multas, e ameaça os membros da UE de corte caso continuem a vender gás para a Ucrânia através de "fluxo reverso".
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1. Velas e armas
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1/13 (Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
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2. Pelo chão
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2/13 (Getty Images)
As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
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3. Memória saqueada
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3/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
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4. Sem destino
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4/13 (Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
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5. Caixa-preta
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5/13 (Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
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6. Represália Europeia
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6/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
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7. Maioria holandesa
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7/13 (Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
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8. Domingo de homenagem
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8/13 (Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
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9. Em busca da cura
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9/13 (Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
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10. EUA diz que sabe
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10/13 (gett)
Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
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11. Artigo editado
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11/13 (Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
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12. Duas tragédias no ano
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12/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
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13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
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13/13 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)