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Primeiro-ministro espanhol descarta renúncia após acusações

Mariano Rajoy negou neste sábado ter recebido "dinheiro sujo" e descartou a possibilidade de renunciar depois do escândalo provocado pelas informações da imprensa


	O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy: "nunca recebi dinheiro sujo"
 (Pierre-Philippe Marcou/AFP)

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy: "nunca recebi dinheiro sujo" (Pierre-Philippe Marcou/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2013 às 13h42.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, negou neste sábado ter recebido "dinheiro sujo" e descartou a possibilidade de renunciar depois do escândalo provocado pelas informações da imprensa que o acusavam de ter recebido pagamentos irregulares.

"Nunca recebi nem distribuí dinheiro sujo", declarou Rajoy diante da direção do Partido Popular (PP), que ele preside.

"Se alguém pensa que, por meio do acosso, vou encolher-me ou abandonar a tarefa que os espanhóis me atribuíram, quero dizer que se equivocam", completou Rajoy, depois que centenas de milhares de cidadãos assinaram uma petição na internet para pedir sua renúncia.

O chefe de Governo espanhol também prometeu no discurso diante da cúpula do PP que vai divulgar na próxima semana sua declaração de renda.

"Minhas declarações de renda e de patrimônio serão colocadas à disposição de todos os cidadãos a partir da próxima semana", disse, antes de prometer "tratar este assunto com a maior das transparências".

O nome de Mariano Rajoy, presidente do PP desde 2004 e primeiro-ministro desde 2011, apareceu na quinta-feira em uma reportagem do jornal El País como um dos beneficiados do suposto pagamento de salários ocultos que durante anos teriam sido repassados a vários dirigentes do partido.

Um escândalo a mais em um país afetado pela crise e o desemprego, onde os casos de corrupção são cada vez maiores nas administrações locais, mas que até agora não haviam afetado os dirigentes nacionais.

Ao meio-dia deste sábado, uma petição criada na plataforma change.org para exigir a queda de Rajoy havia reunido em apenas dois dias mais de 650.000 assinaturas.

A indignação também toma conta das ruas. Com envelopes, novo símbolo da indignação popular, centenas de cidadãos se reuniram nos últimos dias diante da sede do PP em Madri.

"A indignação chegou ao ponto máximo. Não se pode permitir que um governo seja corrupto, que sejam delinquentes e roubem os cidadãos", protestou Maxi Sánchez Pizarro, professor de 54 anos que estava diante da sede do PP poucos minutos antes do início do discurso de Rajoy.

Com 57 anos e natural da região conservadora da Galícia, nordeste da Espanha, Rajoy assumiu a Presidência do governo da Espanha no fim de 2011, em substituição a um Executivo socialista debilitado pela crise econômica.

Com uma imagem de seriedade e sua barba grisalha, Rajoy prometeu na ocasião ajustar o rumo do país.

"Não devemos permitir que algumas pessoas, os espanhóis, às quais estamos pedindo sacrifícios e renúncias, possam ter a impressão de que não estamos à altura do rigor ético mais rígido", afirmou neste sábado.

"Não vim à política ganhar dinheiro, vim perdendo dinheiro. Mas acontece que, para mim, o dinheiro não é o mais importante na vida", disse Rajoy, que não aceitou perguntas da imprensa.

Depois da explosão do escândalo, o PP se defendeu citando que sua contabilidade é "transparente" e passa por uma dupla auditoria de contas, uma interna e outra externa.

A porta-voz do governo, Soraya Sáenz de Santamaría, admitiu na sexta-feira, no entanto, que era necessário "fortalecer as instituições da Espanha" em um momento de máxima desconfiança com a política e no qual os casos de corrupção afetam até a monarquia.

O "caso Bárcenas" eclodiu em 18 de janeiro quando o jornal El Mundo informou que Luis Bárcenas, ex-tesoureiro do PP, distribuiu durante 20 anos entre os dirigentes do partido envelopes de 5.000 e 15.000 euros procedentes de uma empresa privada como complemento a seus salários oficiais.

O jornal afirmou que Rajoy não havia recebido envelopes e que havia acabado com a prática, mas outra informação, publicada pelo El País na quinta-feira, apontou o atual primeiro-ministro como um dos beneficiados das supostas propinas.

Segundo algumas contas manuscritas que supostamente pertencem aos ex-tesoureiros do PP entre 1990 e 2008, o atual chefe de Governo recebeu entre 1997 e 2008 "pagamentos de até 25.200 euros ao ano".

Ao lado do nome de Rajoy estavam nomes de outros dirigentes do partido, como sua adjunta, Maria Dolores de Cospedal, ou o ex-presidente de Bankia Rodrigo Rato.

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