Representante especial do secretário-geral da ONU para Síria, Lakhdar Brahimi: "espero que nas próxima sessão, quando voltarmos, a gente consiga ter uma discussão mais estruturada" (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 31 de janeiro de 2014 às 09h42.
Genebra - A primeira rodada de negociações de paz sobre a Síria termina nesta sexta-feira com os dois lados irredutíveis nas suas posições e com a frustração do mediador da ONU pela falta de acordo para o envio de ajuda humanitária a uma cidade sitiada.
Depois de uma semana de negociações na sede de Genebra da Organização das Nações Unidas (ONU), os dois lados da guerra civil síria não conseguiram ainda chegar a um acordo sobre os procedimentos do diálogo. A sessão de fechamento desta sexta-feira deve ser cerimonial, e os representantes de governo e oposição devem se encontrar novamente em 10 de fevereiro.
"Espero que nas próxima sessão, quando voltarmos, a gente consiga ter uma discussão mais estruturada", afirmou o mediador Lakhdar Brahimi.
Ele estava "muito, muito desapontado" pelo fato de um comboio de ajuda da ONU estar ainda esperando para entrar na cidade histórica de Homs, controlada pelos rebeldes, onde segundo os Estados Unidos há pessoas passando fome.
Jens Laerke, porta-voz da ONU, afirmou que as negociações sobre a ajuda ainda ocorrem.
Sem obter resultados, os diplomatas dizem que a prioridade agora é manter as negociações vivas e esperar que as posições extremadas se modifiquem com o tempo.
O primeiro encontro entre o governo do presidente Bashar al-Assad e seus opositores começou na semana passada, com uma conferência internacional onde os dois lados se mantiveram firmes nas suas posições. As negociações pareceram estar à beira do colapso antes de começarem, e colocar posteriormente representantes dos dois grupos na mesma sala foi visto como uma conquista.
Numa tentativa de avançar, os dois lados concordaram na quarta-feira em usar um documento de 2012 como base para as discussões, mas logo ficou claro que as diferenças permaneciam.
A sessão final de negociações na quinta-feira começou com um gesto raro de harmonia, quando os dois lados fizeram um minuto de silêncio pelas 130 mil pessoas mortas durante a guerra.
"Simbolicamente foi positivo", disse Ahmad Jakal, representante da oposição, à Reuters.
No entanto, os dois grupos rapidamente voltaram para o impasse. Os representantes do governo acusaram a oposição de apoiar o terrorismo, por ela se recusar a assinar um documento que condenava a prática.
"Apresentamos uma proposta para que os dois lados concordassem sobre a importância de combater a violência e o terrorismo. O outro lado rejeitou porque eles estão envolvidos em terrorismo", disse o vice-ministro do Exterior da Síria, Faisal Mekdad.
Damasco usa a palavra "terrorista" para se referir a todos os rebeldes. Países ocidentais declararam terroristas alguns grupos islâmicos entre os rebeldes, mas consideram outros grupos combatentes legítimos.
A pauta adotada em 2012 para as negociações fala na implementação de um governo provisório, que a oposição e os seus aliados internacionais dizem que deve excluir o presidente Assad.
Enquanto a oposição quer tratar primeiro o tema governo transitório, os representantes do presidente dizem que o primeiro passo tem que ser terrorismo.