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Primavera Árabe e conflitos na Síria põem ONG à prova

As palavras foram ditas pelo presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Jakob Kellenberger, na apresentação do relatório anual da organização

Homem foge de bomba na Síria: O movimento da Cruz Vermelha foi agraciado recentemente com o prêmio Príncipe das Astúrias de Cooperação Internacional (Youtube/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2012 às 13h38.

Genebra - A Primavera Árabe e o conflito na Síria foram as grandes provas de fogo para a organização humanitária Cruz Vermelha nos últimos meses, um "período complexo e de crises imprevistas" que exigiu "respostas rápidas e eficazes".

As palavras foram ditas pelo presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Jakob Kellenberger, na apresentação do relatório anual da organização.

O documento destacou os conflitos armados, a escassez de alimentos, as secas e as inundações, cenários que levaram milhões de pessoas do mundo a uma situação-limite.

Além dos conflitos e dos problemas de ordem natural, o documento relaciona os ataques sofridos pelos funcionários da organização e às instalações de saúde nas regiões dos conflitos, um problema humanitário frequentemente ignorado e que torna imprescindível que grupos como a Cruz Vermelha aumentem seus esforços.

Segundo Kellenberger, 6,8 milhões de pessoas (doentes e feridos em conflitos) precisam atualmente da assistência da Cruz Vermelha para receber atendimento médico.

Com despesas de 1 bilhão de francos suíços (cerca de 860 milhões de euros), a organização com sede em Genebra desenvolveu, no ano passado, programas de assistência em 80 países, especialmente no Congo, na Costa do Marfim, na Líbia, em Mali, em Níger, no Paquistão, nas Filipinas, na Somália, no Sudão, no Sudão do Sul, na Tailândia, na Tunísia e no Iêmen.

O CICV distribuiu alimentos para 4,9 milhões de pessoas e incluiu outros 3,8 milhões em programas de produção alimentícia sustentável, ajudando 22 milhões (o dobro dos atendidos em 2010, sendo dois terços mulheres e crianças) a ter acesso às redes hídrica e de saúde.

Além disso, a organização visitou 540 mil prisioneiros em mais de 1.800 centros de detenção de 75 países, sendo Cuba uma das poucas exceções em que as autoridades não permitiram o acesso da Cruz Vermelha, uma circunstância que se mantém inalterada, declarou Kellenberger.


A entrevista coletiva do presidente do CICV, que está prestes a abandonar o cargo após 12 anos de gestão, enfocou a situação da Síria e os problemas para chegar à cidade de Homs, onde milhares de pessoas precisam de ajuda.

Kellenberger lembrou que a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho "ainda são a única organização internacional que trabalha no local dos combates" e descartou que seus trabalhadores entrem em Homs enquanto não houver condições de segurança.

"Para realizar o trabalho, é necessário haver um acordo entre as partes em conflito", disse Kellenberger, que ressaltou que atualmente persiste "uma preocupação clara sobre a segurança".

"Para poder ir a um lugar em uma situação como a atual, o acordo não pode ter ambiguidades. Só assim se pode entrar e fazer o trabalho", manifestou Kellenberger.

O lider humanitário explicou que na semana passada se deram as condições para entrar em Homs e auxiliar os milhares de civis que necessitam de ajuda em consequência dos combates, mas acrescentou que essa oportunidade se desperdiçou por questões concretas que não quis detalhar.

A Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho estão em contato tanto com o governo de Damasco quanto com a oposição, embora com esta, admitiu Kellenberger, a relação não seja fácil, "porque é composta por muitos grupos, o que dificulta um diálogo estruturado".

Um dos percalços é a falta de acesso às vítimas: o presidente do CICV confirmou que a organização não pôde visitar os centros de detenção dos grupos insurgentes - onde a ONU suspeita que estejam sendo cometidas graves violações dos direitos humanos -, enquanto Damasco deu sinal verde para a entrada em suas prisões.

Em relação à Síria, Kellenberger evitou comparações com outros conflitos, mas lamentou que mais uma vez não se cumpram leis básicas do direito internacional: "vi muitas situações em que os civis foram vítimas da falta de esforços para se distinguí-los entre os combatentes".

O movimento da Cruz Vermelha foi agraciado recentemente com o prêmio Príncipe das Astúrias de Cooperação Internacional, premiação que Kellenberger recebeu como "reconhecimento e uma honra para as sociedades nacionais e os voluntários".

"O prêmio tem grande importância e reitero publicamente que é uma grande honra", acrescentou.

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Genebra - A Primavera Árabe e o conflito na Síria foram as grandes provas de fogo para a organização humanitária Cruz Vermelha nos últimos meses, um "período complexo e de crises imprevistas" que exigiu "respostas rápidas e eficazes".

As palavras foram ditas pelo presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Jakob Kellenberger, na apresentação do relatório anual da organização.

O documento destacou os conflitos armados, a escassez de alimentos, as secas e as inundações, cenários que levaram milhões de pessoas do mundo a uma situação-limite.

Além dos conflitos e dos problemas de ordem natural, o documento relaciona os ataques sofridos pelos funcionários da organização e às instalações de saúde nas regiões dos conflitos, um problema humanitário frequentemente ignorado e que torna imprescindível que grupos como a Cruz Vermelha aumentem seus esforços.

Segundo Kellenberger, 6,8 milhões de pessoas (doentes e feridos em conflitos) precisam atualmente da assistência da Cruz Vermelha para receber atendimento médico.

Com despesas de 1 bilhão de francos suíços (cerca de 860 milhões de euros), a organização com sede em Genebra desenvolveu, no ano passado, programas de assistência em 80 países, especialmente no Congo, na Costa do Marfim, na Líbia, em Mali, em Níger, no Paquistão, nas Filipinas, na Somália, no Sudão, no Sudão do Sul, na Tailândia, na Tunísia e no Iêmen.

O CICV distribuiu alimentos para 4,9 milhões de pessoas e incluiu outros 3,8 milhões em programas de produção alimentícia sustentável, ajudando 22 milhões (o dobro dos atendidos em 2010, sendo dois terços mulheres e crianças) a ter acesso às redes hídrica e de saúde.

Além disso, a organização visitou 540 mil prisioneiros em mais de 1.800 centros de detenção de 75 países, sendo Cuba uma das poucas exceções em que as autoridades não permitiram o acesso da Cruz Vermelha, uma circunstância que se mantém inalterada, declarou Kellenberger.


A entrevista coletiva do presidente do CICV, que está prestes a abandonar o cargo após 12 anos de gestão, enfocou a situação da Síria e os problemas para chegar à cidade de Homs, onde milhares de pessoas precisam de ajuda.

Kellenberger lembrou que a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho "ainda são a única organização internacional que trabalha no local dos combates" e descartou que seus trabalhadores entrem em Homs enquanto não houver condições de segurança.

"Para realizar o trabalho, é necessário haver um acordo entre as partes em conflito", disse Kellenberger, que ressaltou que atualmente persiste "uma preocupação clara sobre a segurança".

"Para poder ir a um lugar em uma situação como a atual, o acordo não pode ter ambiguidades. Só assim se pode entrar e fazer o trabalho", manifestou Kellenberger.

O lider humanitário explicou que na semana passada se deram as condições para entrar em Homs e auxiliar os milhares de civis que necessitam de ajuda em consequência dos combates, mas acrescentou que essa oportunidade se desperdiçou por questões concretas que não quis detalhar.

A Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho estão em contato tanto com o governo de Damasco quanto com a oposição, embora com esta, admitiu Kellenberger, a relação não seja fácil, "porque é composta por muitos grupos, o que dificulta um diálogo estruturado".

Um dos percalços é a falta de acesso às vítimas: o presidente do CICV confirmou que a organização não pôde visitar os centros de detenção dos grupos insurgentes - onde a ONU suspeita que estejam sendo cometidas graves violações dos direitos humanos -, enquanto Damasco deu sinal verde para a entrada em suas prisões.

Em relação à Síria, Kellenberger evitou comparações com outros conflitos, mas lamentou que mais uma vez não se cumpram leis básicas do direito internacional: "vi muitas situações em que os civis foram vítimas da falta de esforços para se distinguí-los entre os combatentes".

O movimento da Cruz Vermelha foi agraciado recentemente com o prêmio Príncipe das Astúrias de Cooperação Internacional, premiação que Kellenberger recebeu como "reconhecimento e uma honra para as sociedades nacionais e os voluntários".

"O prêmio tem grande importância e reitero publicamente que é uma grande honra", acrescentou.

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