Kiev - A Ucrânia acusou a Rússia nesta quinta-feira de levar tropas russas para o sudeste ucraniano em apoio a rebeldes separatistas. O conselho de segurança e defesa da Ucrânia disse que a cidade fronteiriça de Novoazovsk e outras partes do sudeste da Ucrânia haviam caído em mãos de forças russas que, junto com os rebeldes, estavam organizando uma contra-ofensiva.
“Um contra-ataque de tropas russas e unidades separatistas está em andamento no sudeste da Ucrânia”, disse o conselho em uma publicação no Twitter.
O presidente Petro Poroshenko, em um comunicado explicando sua decisão de cancelar uma visita à Turquia, afirmou: “Tropas russas foram realmente trazidas para dentro da Ucrânia.”
A Rússia nega estar intervindo na Ucrânia, seja em armamentos aos rebeldes ou enviando soldados pela fronteira. O ministério da Defesa não quis comentar os relatos de que tanques russos estavam em Novoazovsk.
“As autoridades russas claramente disseram muitas vezes que não há tropas regulares russas lá.
A Rússia não está participando neste conflito armado”, disse uma fonte diplomática russa. A mais recente escalada na crise da região, que já dura cinco meses, acontece apenas dois dias após os presidentes de ambos os países terem realizado suas primeiras conversas em mais de dois meses e concordado em trabalhar para um processo de paz.
O primeiro-ministro ucraniano, Arseny Yatseniuk, apelou para os Estados Unidos, a União Europeia e a países do G7 “para congelar os ativos e finanças russos até que a Rússia retire suas forças armadas, equipamentos e agentes”.
Avanços rebeldes nesta semana abriram uma nova frente no conflito pouco após o Exército ucraniano ter parecido tomar a dianteira do confronto, virtualmente confinando os separatistas em seus principais bastiões de Donetsk e Luhansk.
Anton Gerashchenko, um conselheiro do ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, disse pelo Facebook: “A invasão do Exército regular russo de Putin à Ucrânia é agora um fato estabelecido!”.
O presidente francês, François Hollande, declarou que seria "intolerável e inaceitável” caso fosse comprovado que tropas russas haviam entrado em território ucraniano.
Segundo uma fonte militar, forças separatistas também tomaram Savur-Mohyla, uma colina ao leste da cidade de Donetsk que permite o domínio estratégico sobre grandes áreas ao redor.
Alexander Zakharchenko, primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, disse à Reuters em uma entrevista que as forças rebeldes haviam ganhado espaço no Mar de Azov e que seu objetivo é chegar até a grande cidade portuária de Mariupol.
Ele declarou haver cerca de 3.000 voluntários russos servindo nos tanques rebeldes. Os últimos acontecimentos, e a captura pela Ucrânia nesta semana de 11 soldados russos em seu território, prejudicaram a credibilidade das afirmações da Rússia, que nega enviar armas e soldados para ajudar os separatistas.
A Rússia disse que o primeiro grupo de 10 soldados provavelmente cruzou a fronteira por engano. A crise levou governos ocidentais a impor sanções sobre Moscou, que tem reagido e acirrado as tensões com a Otan em níveis não vistos desde a Guerra Fria.
Um relatório da ONU nesta semana disse que mais de 2.200 pessoas foram mortas, sem incluir as 298 que morreram quando um avião da Malásia foi abatido sobre território rebelde em julho.
- 1. Velas e armas
1 /13(Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
- 2. Pelo chão
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As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
- 3. Memória saqueada
3 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
- 4. Sem destino
4 /13(Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
- 5. Caixa-preta
5 /13(Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
- 6. Represália Europeia
6 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
- 7. Maioria holandesa
7 /13(Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
- 8. Domingo de homenagem
8 /13(Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
- 9. Em busca da cura
9 /13(Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
- 10. EUA diz que sabe
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Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
- 11. Artigo editado
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O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
- 12. Duas tragédias no ano
12 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
- 13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
13 /13(Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)