Presidente do Chile, Gabriel Boric é denunciado por assédio sexual; político nega: 'infundado'
Advogado do mandatário anunciou que haverá uma entrevista coletiva nesta terça para falar mais do caso
Redação Exame
Publicado em 26 de novembro de 2024 às 10h00.
Última atualização em 26 de novembro de 2024 às 10h22.
O advogado do presidente do Chile, Gabriel Boric , confirmou em comunicado que o governante foi alvo de denúncia por suposto crime de assédio sexual e convocou a imprensa nesta terça-feira, 26, para dar detalhes sobre algo que, segundo ressaltou, é “infundado”. Boric, de 38 anos, que “rejeita e nega categoricamente a denúncia, e assim será demonstrado na instância correspondente”.
Em nota divulgada ainda na segunda-feira, o advogado Jonatan Valenzuela Saldías negou a ocorrência dos fatos relatados e garantiu que neste caso a vítima é o presidente.
Por meio de um comunicado de imprensa, o advogado sustentou que entre julho de 2013 e julho de 2014, o presidente Boric foi “vítima de assédio sistemático – via e-mail – por parte de uma mulher adulta que conheceu no contexto da sua prática profissional em Punta Arenas”.
Boric, segundo seu advogado, recebeu até 25 e-mails de endereços diferentes “enviados pela mesma pessoa”. Um deles incluía “o envio não solicitado e não consentido de imagens explícitas”, detalhou.
O advogado revelou que dez anos depois, em 6 de setembro de 2024, a remetente dos e-mails apresentou queixa ao Ministério Público Regional de Magalhães, localizado em Punta Arenas, cidade natal de Boric, que pertence à esquerdista Frente Ampla e assumiu a presidência do Chile em 11 de março de 2022.
Na ação judicial, a mulher acusa Boric de ter divulgado registros de imagens privadas e de assédio sexual, mas, segundo a advogada, esses fatos nunca ocorreram.
“Meu cliente nunca teve um relacionamento afetivo ou de amizade com ela e eles não se comunicam desde julho de 2014”, acrescentou.
Mais detalhes do caso
O presidente do Chile, Gabriel Boric, enfrenta uma denúncia de suposto assédio sexual contra uma mulher há 10 anos, que ele nega "categoricamente", informou sua defesa nesta terça-feira (26).
Os acontecimentos remontam a julho de 2013, quando Gabriel Boric – na época com 27 anos – estudava Direito na cidade de Punta Arenas, extremo sul do Chile.
Um ano depois, ele foi eleito deputado pela região.
Foi lá que conheceu a mulher que hoje o acusa de assédio sexual e divulgação de material íntimo, segundo uma denúncia apresentada em 6 de setembro.
O advogado de defesa do presidente, Jonatan Valenzuela, afirmou que foi o presidente Boric quem foi assediado com o envio de dezenas de e-mails, um deles com imagens "explícitas".
"O presidente que é a vítima de uma situação de assédio sistemático por meio do envio de e-mails que tem como evento este ano a apresentação desta denúncia", disse Valenzuela aos jornalistas nesta terça-feira.
Segundo o advogado, os e-mails foram entregues ao Ministério Público e "são claramente esclarecedores" da situação de assédio de que o presidente diz ser vítima.
"O presidente rejeita e nega categoricamente o conteúdo desta denúncia", acrescentou Valenzuela.
"Denúncia sem fundamento"
A denúncia foi divulgada na noite de segunda-feira por meio de um comunicado oficial divulgado pela Presidência chilena.
Segundo o advogado, a equipe jurídica do presidente tomou conhecimento da ação judicial por meio da revisão periódica de eventos que possam ter relevância nas diversas esferas públicas e decidiu torná-la pública.
Cristián Crisosto, chefe do Ministério Público de Magallanes, de onde é o presidente, confirmou que "existe um processo criminal relacionado com os fatos indicados".
Uma equipe especial do Ministério Público está a cargo da investigação, acrescentou o procurador Crisosto, que se absteve de dar mais detalhes do caso sob reserva.
A defesa do presidente chileno, de 38 anos, afirma que a mulher "apresentou uma denúncia sem qualquer fundamento".
"Meu cliente nunca teve um relacionamento afetivo ou amigável com ela e eles não têm comunicação desde julho de 2014", acrescentou Valenzuela.
Boric, que em 2026 completará seu mandato de quatro anos sem direito à reeleição imediata, tem foro especial e, para ser investigado, a Justiça precisa primeiro aprovar um julgamento sobre a imunidade.
O caso contra Boric vem à tona em um momento em que o seu governo enfrenta um escândalo devido às acusações de abuso sexual e estupro contra o ex-subsecretário de Segurança e Interior, Manuel Monsalve, que está em prisão preventiva há uma semana.
Na campanha para sua eleição em 2021, Boric foi acusado de outro suposto assédio sexual, que também negou na época. A denúncia nunca foi investigada criminalmente.
Com informações de EFE e AFP