Preços dos alimentos na América Latina sobem 40% em 4 anos
Agência ligada a ONU alerta que inflação do setor dificulta o combate a fome na região
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2011 às 17h32.
Santiago - Os preços dos alimentos na América Latina estão 40% maiores que há quatro anos, e se manterão altos, o que coloca em risco a erradicação da fome na região, que afeta 52,5 milhões de habitantes, alertou a FAO nesta sexta-feira.
Após uma alta iniciada em 2007, o valor dos alimentos na região manteve-se alto, com uma leve queda em 2009, mas começou novamente a se elevar a partir do segundo semestre do ano passado, para alcançar hoje seu maior nível em três décadas.
Assim aponta o Panorama de Segurança Alimentar e Nutricional da América Latina 2011, elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), com sede regional em Santiago.
"O valor do açúcar, por exemplo, tornou-se algo imprevisível, como em um cassino, mas sempre para cima", afirmou o representante regional adjunto da FAO para a América Latina, Alan Bojanic, ao apresentar em coletiva de imprensa o relatório anual.
Enquanto a alta no preço dos alimentos tende a incentivar a produção e eventualmente a exportação de produtos, a incerteza em relação às cotações futuras tem o efeito contrário, explicou Bojanic.
Especial preocupação gera o alto preço alcançado pelos cereais, a principal fonte de calorias para os habitantes da região, cuja média aumentou 36% no último ano, impulsionado pelas altas do trigo e do milho, de 62% e 104%, respectivamente.
"A alta dos preços e uma maior inflação geral podem aumentar a pobreza e reduzir o acesso aos alimentos por parte da população pobre, em um momento no qual a fome afeta 52,5 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe", equivalente a 9% da população, afirmou o representante da FAO.
"A porcentagem de pessoas com fome manteve-se estável em 9% nos últimos dois anos, após um longo período no qual esta relação teve uma queda contínua", alertou Bojanic.
A alta no preço dos alimentos está associada a uma maior demanda no nível mundial, produto do crescimento acelerado da classe média, sobretudo em países como China e Índia, e a mudanças nos hábitos de alimentação com um aumento no consumo de carne e leite.
Outro fator que influi é o crescimento da população mundial, com um aumento anual de mais de 80 milhões de pessoas.
Em contraste, a produção de alimentos cresce em um ritmo menor. Apesar de a produção agrícola estar aumentando - na América Latina, por exemplo, subiu 2,5% no último ano, levemente acima da média mundial (2%) - é necessário um maior esforço para aumentar a disponibilidade de alimentos, segundo a FAO.
Um dos principais riscos sobre a produção de alimentos são os biocombustíveis, cuja produção cresceu de forma acelerada nos últimos anos, alentada pelo alto preço do petróleo, explicou por sua vez Fernando Soto, oficial de políticas da FAO.
Segundo Soto, 35% da colheita de milho dos Estados Unidos é destinada hoje à produção de combustíveis.
O representante da FAO alertou também que o novo nível de preços dos alimentos, "a partir de uma perspectiva de longo prazo, é um fenômeno que chegou para ficar".
Santiago - Os preços dos alimentos na América Latina estão 40% maiores que há quatro anos, e se manterão altos, o que coloca em risco a erradicação da fome na região, que afeta 52,5 milhões de habitantes, alertou a FAO nesta sexta-feira.
Após uma alta iniciada em 2007, o valor dos alimentos na região manteve-se alto, com uma leve queda em 2009, mas começou novamente a se elevar a partir do segundo semestre do ano passado, para alcançar hoje seu maior nível em três décadas.
Assim aponta o Panorama de Segurança Alimentar e Nutricional da América Latina 2011, elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), com sede regional em Santiago.
"O valor do açúcar, por exemplo, tornou-se algo imprevisível, como em um cassino, mas sempre para cima", afirmou o representante regional adjunto da FAO para a América Latina, Alan Bojanic, ao apresentar em coletiva de imprensa o relatório anual.
Enquanto a alta no preço dos alimentos tende a incentivar a produção e eventualmente a exportação de produtos, a incerteza em relação às cotações futuras tem o efeito contrário, explicou Bojanic.
Especial preocupação gera o alto preço alcançado pelos cereais, a principal fonte de calorias para os habitantes da região, cuja média aumentou 36% no último ano, impulsionado pelas altas do trigo e do milho, de 62% e 104%, respectivamente.
"A alta dos preços e uma maior inflação geral podem aumentar a pobreza e reduzir o acesso aos alimentos por parte da população pobre, em um momento no qual a fome afeta 52,5 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe", equivalente a 9% da população, afirmou o representante da FAO.
"A porcentagem de pessoas com fome manteve-se estável em 9% nos últimos dois anos, após um longo período no qual esta relação teve uma queda contínua", alertou Bojanic.
A alta no preço dos alimentos está associada a uma maior demanda no nível mundial, produto do crescimento acelerado da classe média, sobretudo em países como China e Índia, e a mudanças nos hábitos de alimentação com um aumento no consumo de carne e leite.
Outro fator que influi é o crescimento da população mundial, com um aumento anual de mais de 80 milhões de pessoas.
Em contraste, a produção de alimentos cresce em um ritmo menor. Apesar de a produção agrícola estar aumentando - na América Latina, por exemplo, subiu 2,5% no último ano, levemente acima da média mundial (2%) - é necessário um maior esforço para aumentar a disponibilidade de alimentos, segundo a FAO.
Um dos principais riscos sobre a produção de alimentos são os biocombustíveis, cuja produção cresceu de forma acelerada nos últimos anos, alentada pelo alto preço do petróleo, explicou por sua vez Fernando Soto, oficial de políticas da FAO.
Segundo Soto, 35% da colheita de milho dos Estados Unidos é destinada hoje à produção de combustíveis.
O representante da FAO alertou também que o novo nível de preços dos alimentos, "a partir de uma perspectiva de longo prazo, é um fenômeno que chegou para ficar".