O presidente do Uruguai, José Mujica: "tenho a palavra da presidente do Brasil de apoiá-lo, se não eu não teria entrado nessa dança" (Nelson Almeida/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2014 às 14h27.
Montevidéu - O porto de águas profundas, uma das maiores obras de infraestrutura que o governo do Uruguai planeja, depende das próximas eleições do Brasil, afirmou nesta sexta-feira o presidente do Uruguai, José Mujica.
"Tenho a palavra da presidente do Brasil de apoiá-lo, se não eu não teria entrado nessa dança", afirmou Mujica em entrevista exclusiva com a emissora "Radio El Espectador".
A presidente Dilma Rousseff e seu adversário nas eleições, Aécio Neves, estão tecnicamente empatados nas pesquisas de intenções de voto para o segundo turno, que acontecerá no próximo dia 26.
Nesse mesmo dia acontecem no Uruguai eleições gerais nas quais, segundo as pesquisas, o candidato da coalizão governante de esquerda Frente Ampla, o ex-presidente Tabaré Vázquez (2005-2010), será o mais votado, mas sem a maioria necessária para chegar à Presidência no primeiro turno.
O cenário para o segundo turno é também de empate técnico entre Vázquez e Luis Alberto Lacalle Pou, do Partido Nacional.
A construção de um porto de águas profundas no departamento (estado) de Rocha, no leste do Uruguai, perto da fronteira com o Brasil, é um dos principais projetos de infraestrutura do governo de Mujica, que já iniciou o processo de chamado aos interessados.
Cerca de 20 empresas internacionais mostraram interesse no projeto que segundo estimativas oficiais custaria entre US$ 800 milhões e US$ 1 bilhão.
As exportações uruguaias "não justificam" a construção de um porto de águas profundas, admitiu o presidente, mas o projeto "está pensado para a região", acrescentou o líder e destacou que pode ser "perfeitamente" a saída ao mar para as "milhões de cabeças de gado" do Mato Grosso ou da soja do Paraguai.