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Partidos alemães iniciam "dura" maratona de negociações

O Partido Social-Democrata decidiu que, se as negociações progridem, o acordo será submetido pela primeira vez ao voto de seus 470 mil militantes

Militantes do partido de Merkel comemoram resultado das eleições que deram 42% dos votos para a sigla: a chanceler busca um parceiro para conseguir um governo estável (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2013 às 13h44.

Berlim - Os social-democratas e verdes alemães, perdedores no pleito do domingo passado, deixaram claro neste sábado para a chanceler Angela Merke l que não abrirão mão de suas promessas eleitorais e que as negociações para formar uma coalizão de governo serão duras.

Após as renúncias em séries nos dois partidos da oposição ao longo da semana, ambos se mostraram dispostos a iniciar conversas com a União Democrata-Cristã de Merkel (CDU) e sua ala bávara da CSU, que ficaram a cinco cadeiras da maioria absoluta e buscam um parceiro para conseguir um governo estável.

A expectativa é que as primeiras negociações com o Partido Social-Democrata (SPD), cujo candidato eleitoral, Peer Steinbrück, deixou ontem a primeira linha da política, aconteçam na próxima semana, embora as conversas possam prolongar-se até novembro.

O caminho rumo a uma "grande coalizão" como a que Merkel dirigiu em sua primeira legislatura (2005-2009) se mostra longo e tortuoso, já que o SPD decidiu que, se as negociações progridem, o acordo será submetido pela primeira vez ao voto de seus 470 mil militantes.

Apesar de a grande coalizão ser a opção preferida para 58% dos alemães, segundo uma enquete divulgada pela emissora pública de televisão "ZDF", as primeiras consultas realizadas entre a militância social-democrata apontaram para uma rejeição a essa opção."Uma coisa está clara: Não vamos vender barato nossos ideais na prateleira das promoções", ressaltou em entrevista à televisão regional "WDR" o dirigente do SPD e presidente do estado da Renânia do Norte-Vestfália, Hannelore Kraft.

O aumento de impostos para melhorar o estado de bem-estar, o salário mínimo interprofissional e a reforma da previdência serão as principais reivindicações social-democratas.

"Não temos nenhum medo de uma grande coalizão, mas também não temos de um governo de conservadores e verdes ou mesmo de novas eleições", ressaltou Kraft.


Nas fileiras conservadoras, o presidente da Baviera, Horst Seehofer, respaldado pela maioria absoluta que conseguiu nas eleições regionais realizadas uma semana antes das gerais, criticou a possibilidade de as negociações se arrastarem e pediu que o governo seja constituído antes do final do ano.

Em entrevista que será publicada amanhã pelo jornal "Bild", Seehofer, partidário da grande coalizão e crítico à decisão do SPD de consultar sua militância, advertiu que o país pode fazer "papel de ridículo".

"A Alemanha tem uma função de liderança na Europa e no euro e, portanto, global", comentou.

Junto ao SPD, a CDU/CSU tem a opção de pactuar com os Verdes, quarta e última força do Parlamento após o pleito e que se reuniu hoje em Berlim para analisar seus maus resultados.

O exame de consciência, com todos os discursos abertos aos meios de comunicação, durou horas e muitos dirigentes lamentaram a perda de sua essência de partido ecologista.

Os Verdes, que elegerão uma nova direção em um congresso em outubro após a renúncia de sua cúpula, se propôs a abordar uma profunda revisão de programas e estruturas após conseguir apenas 8,4% dos votos no domingo passado, quase um milhão a menos que nas eleições anteriores.


Sobre as negociações para formar uma coalizão, seu líder de chapa nas eleições, Jürgen Trittin, ressaltou a necessidade de contar com um governo "estável" e de evitar novas eleições que poderiam levar de novo ao Parlamento os liberais, parceiros de Merkel nesta legislatura, e inclusive abrir a porta aos eurocéticos.

Mas lembrou à CDU/CSU que seu partido está aberto a dialogar com "todas as formações democráticas", o que inclui a Esquerda, que aglutina ex-comunistas e dissidentes do SPD.

A possibilidade de um governo entre social-democratas, verdes e a esquerda parece remota, no entanto, já que o SPD rejeita a opção.

Perante o início próximo dos contatos, também tomou a palavra o presidente da Câmara de Indústria e Comércio alemã, Eric Schweitzer, que alertou para o risco que as conversas entre a CDU e o SPD derivem em "uma coalizão de alta de impostos" que "poria em perigo mais de 100 mil postos de trabalho".

Em uma entrevista ao jornal "Neuen Osnabrücker Zeitung", Schweitzer pediu à União de Angela Merkel que mantenha todas suas promessas eleitorais.

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Berlim - Os social-democratas e verdes alemães, perdedores no pleito do domingo passado, deixaram claro neste sábado para a chanceler Angela Merke l que não abrirão mão de suas promessas eleitorais e que as negociações para formar uma coalizão de governo serão duras.

Após as renúncias em séries nos dois partidos da oposição ao longo da semana, ambos se mostraram dispostos a iniciar conversas com a União Democrata-Cristã de Merkel (CDU) e sua ala bávara da CSU, que ficaram a cinco cadeiras da maioria absoluta e buscam um parceiro para conseguir um governo estável.

A expectativa é que as primeiras negociações com o Partido Social-Democrata (SPD), cujo candidato eleitoral, Peer Steinbrück, deixou ontem a primeira linha da política, aconteçam na próxima semana, embora as conversas possam prolongar-se até novembro.

O caminho rumo a uma "grande coalizão" como a que Merkel dirigiu em sua primeira legislatura (2005-2009) se mostra longo e tortuoso, já que o SPD decidiu que, se as negociações progridem, o acordo será submetido pela primeira vez ao voto de seus 470 mil militantes.

Apesar de a grande coalizão ser a opção preferida para 58% dos alemães, segundo uma enquete divulgada pela emissora pública de televisão "ZDF", as primeiras consultas realizadas entre a militância social-democrata apontaram para uma rejeição a essa opção."Uma coisa está clara: Não vamos vender barato nossos ideais na prateleira das promoções", ressaltou em entrevista à televisão regional "WDR" o dirigente do SPD e presidente do estado da Renânia do Norte-Vestfália, Hannelore Kraft.

O aumento de impostos para melhorar o estado de bem-estar, o salário mínimo interprofissional e a reforma da previdência serão as principais reivindicações social-democratas.

"Não temos nenhum medo de uma grande coalizão, mas também não temos de um governo de conservadores e verdes ou mesmo de novas eleições", ressaltou Kraft.


Nas fileiras conservadoras, o presidente da Baviera, Horst Seehofer, respaldado pela maioria absoluta que conseguiu nas eleições regionais realizadas uma semana antes das gerais, criticou a possibilidade de as negociações se arrastarem e pediu que o governo seja constituído antes do final do ano.

Em entrevista que será publicada amanhã pelo jornal "Bild", Seehofer, partidário da grande coalizão e crítico à decisão do SPD de consultar sua militância, advertiu que o país pode fazer "papel de ridículo".

"A Alemanha tem uma função de liderança na Europa e no euro e, portanto, global", comentou.

Junto ao SPD, a CDU/CSU tem a opção de pactuar com os Verdes, quarta e última força do Parlamento após o pleito e que se reuniu hoje em Berlim para analisar seus maus resultados.

O exame de consciência, com todos os discursos abertos aos meios de comunicação, durou horas e muitos dirigentes lamentaram a perda de sua essência de partido ecologista.

Os Verdes, que elegerão uma nova direção em um congresso em outubro após a renúncia de sua cúpula, se propôs a abordar uma profunda revisão de programas e estruturas após conseguir apenas 8,4% dos votos no domingo passado, quase um milhão a menos que nas eleições anteriores.


Sobre as negociações para formar uma coalizão, seu líder de chapa nas eleições, Jürgen Trittin, ressaltou a necessidade de contar com um governo "estável" e de evitar novas eleições que poderiam levar de novo ao Parlamento os liberais, parceiros de Merkel nesta legislatura, e inclusive abrir a porta aos eurocéticos.

Mas lembrou à CDU/CSU que seu partido está aberto a dialogar com "todas as formações democráticas", o que inclui a Esquerda, que aglutina ex-comunistas e dissidentes do SPD.

A possibilidade de um governo entre social-democratas, verdes e a esquerda parece remota, no entanto, já que o SPD rejeita a opção.

Perante o início próximo dos contatos, também tomou a palavra o presidente da Câmara de Indústria e Comércio alemã, Eric Schweitzer, que alertou para o risco que as conversas entre a CDU e o SPD derivem em "uma coalizão de alta de impostos" que "poria em perigo mais de 100 mil postos de trabalho".

Em uma entrevista ao jornal "Neuen Osnabrücker Zeitung", Schweitzer pediu à União de Angela Merkel que mantenha todas suas promessas eleitorais.

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