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Parlamento venezuelano restringe mídia após violência

Restrições à imprensa foram impostas por causa de uma briga que deixou dezenas de opositores feridos


	Venezuela: no parlamento, os deputados têm de subir as escadas até a sala de imprensa, de onde os repórteres cobrem as sessões pela televisão por meio de apenas um sinal estatal
 (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/Reuters)

Venezuela: no parlamento, os deputados têm de subir as escadas até a sala de imprensa, de onde os repórteres cobrem as sessões pela televisão por meio de apenas um sinal estatal (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2013 às 23h05.

Caracas - No Parlamento venezuelano, os jornalistas têm de fazer sinais a partir de um balcão para chamar a atenção dos deputados que transitam no térreo se quiserem obter informações e opiniões depois que foram impostas restrições à imprensa por causa de uma briga que deixou dezenas de opositores feridos.

Os deputados têm de subir as escadas até a sala de imprensa, de onde os repórteres cobrem as sessões pela televisão por meio de apenas um sinal estatal, que no dia de uma recente briga entre os deputados mostrava apenas o teto abobadado do recinto.

"Agradecemos a que os usuários permaneçam na área de imprensa, que é a autorizada e destinada aos jornalistas dos meios de comunicação que possuam credenciais", diz um cartaz na entrada da sala.

O confinamento não é o único obstáculo. Vários repórteres de órgãos da mídia opositores do governo são discriminados e, com frequência, impedidos de entrar no recinto parlamentar, como ocorre atualmente com uma jornalista do conhecido diário El Nacional.

O chefe de imprensa da Assembleia Nacional, Ricardo Durán, que por anos direcionou sua artilharia contra os meios privados de comunicação, no controverso programa televisivo La Hojilla, foi criticado por essas decisões em um ambiente político inflamado, depois das eleições presidenciais de abril, cujo resultado a oposição contesta.

À medida que aumentam as restrições à cobertura e os ânimos se exaltam dentro da Assembleia, os deputados dos dois lados fazem seus cálculos para ativar neste mês o recolhimento de assinaturas que lhes permitirá revogar a cadeira que ocupam seus opositores.

A oposição se retirou do Parlamento em 2005, depois de acusações de fraude eleitoral, durante os anos em que a advogada Cilia Flores, mulher do atual presidente do país, Nicolás Maduro, controlava a Casa, e o regulamento interno foi modificado para retirar os jornalistas das sessões, em uma primeira restrição à cobertura.

As travas não foram notícia até que os venezuelanos tivessem que recorrer à Internet para ver uma tumultuada e agressiva sessão parlamentar em abril, que levou vários opositores para o hospital e foi gravada em telefones celulares.


Com o incidente ainda fresco na memória, a oposição, minoria no Parlamento, reintroduziu o assunto da mídia na semana passada, mas sua moção foi rechaçada.

O deputado e jornalista Earle Herrera argumentou que as barreiras à cobertura existem em todas as partes do mundo, "inclusive em Washington".

"Muitos jornalistas quiseram atuar como partidos políticos nesta Assembleia Nacional", disse ele, referindo-se à aberta militância de alguns repórteres em favor de grupos políticos, fato exacerbado pela disputa eleitoral.

Na ocasião de um breve golpe de Estado contra Hugo Chávez, em 2002, apoiado por alguns canais de TV e jornais, a briga com os meios privados se intensificou e, ao mesmo tempo, o governo criou uma poderosa rede de comunicação, que incluiu a apropriação de emissoras de rádio e o fechamento do canal RCTV.

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