Para Irã, reunião na ONU sobre protestos é fracasso para os EUA
A embaixadora americana na ONU ressaltou a necessidade de apoiar os manifestantes iranianos, que estariam "fartos de um regime opressor"
EFE
Publicado em 6 de janeiro de 2018 às 10h23.
Teerã - O ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamad Javad Zarif, qualificou neste sábado de "outro equívoco na política externa" dos Estados Unidos a reunião de ontem no Conselho de Segurança da ONU sobre os recentes protestos no Irã .
Zarif indicou em sua conta oficial no Twitter que o Conselho de Segurança rejeitou a "tentativa americana de se apropriar do seu mandato".
"A maioria (dos países) insistiu na necessidade de implementar plenamente o JCPOA (acordo nuclear) e de abster-se de interferir nos assuntos internos dos demais", acrescentou o chefe da diplomacia iraniana.
Na reunião, que terminou sem resoluções específicas, a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, ressaltou a necessidade de apoiar a "valentia" dos manifestantes iranianos, a quem considerou "fartos de um regime opressor".
No entanto, os demais países se mantiveram reticentes quanto a respaldar a tese de Washington devido ao perigo de uma manipulação política da crise iraniana, como advertiu o embaixador francês, François Delattre.
Por sua vez, o embaixador russo, Vasily Nebenzya, acusou os EUA de abusarem do Conselho de Segurança e de utilizar "pretextos falsos" para abordar neste órgão o tema dos protestos no Irã.
Na reunião, o embaixador iraniano, Gholamali Khosroo, denunciou o "longo histórico de abusos" dos EUA no papel da ONU e acrescentou que o assunto dos protestos está fora da alçada do Conselho de Segurança.
Os protestos contra o governo, que acabaram na última quarta-feira, começaram denunciando os problemas econômicos do país, mas derivaram em críticas mais fortes contra o próprio sistema da República Islâmica.
Durante os seis dias de protestos e distúrbios, 20 pessoas morreram e milhares foram detidas.
As autoridades iranianas acusam uma conspiração estrangeira de estar por trás das manifestações e há quatro dias incentivam marchas dos partidários do sistema para mostrar um apoio popular ao regime.