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Só assinar o acordo com UE não basta, avaliam 54% dos empresários

Pesquisa da Amcham revelou o clima do empresariado sobre os benefícios do acordo com a UE. Para a maioria deles, os ganhos não virão sem reformas internas

Autoridades do Mercosul e União Europeia finalizam negociação pra acordo de livre comércio (Thierry Monasse/Getty Images)

Gabriela Ruic

Publicado em 19 de dezembro de 2019 às 11h50.

Última atualização em 19 de dezembro de 2019 às 15h06.

São Paulo – 87% dos empresários dos setores de serviços, indústria e agropecuária consideram que o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia trará “efeitos gerais positivos” ao Brasil. Para 54% deles, no entanto, essa mudança na relação comercial entre os blocos não trará benefícios se não vier acompanhada de reformas domésticas para a melhoria do ambiente de negócios no país..

Os dados são de uma pesquisa conduzida pela Câmara Americana de Comércio no Brasil (Amcham Brasil) no segundo semestre de 2019 com 100 dirigentes de empresas nacionais e multinacionais, cedida a EXAME com exclusividade.

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“O levantamento mostra que a percepção é a de que esse acordo não traz benefícios por si só. Sem um esforço interno amplo de melhoria do ambiente e da competitividade no Brasil, eles não acreditam que haverá ganhos significativos”, explicou a EXAME Abrão Neto, vice-presidente executivo da Amcham.

Quando perguntados sobre os principais resultados que o acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia poderia trazer, 43% dos empresários citaram uma melhoria na produtividade da economia, 17% mencionaram o acesso mais barato a equipamentos e tecnologias europeias e 15% projetaram o aumento nas exportações para o mercado europeu.

A pesquisa avaliou, ainda, a percepção do empresariado sobre os planos de investimentos das suas empresas no Brasil. 58% deles acreditam que haverá um aumento no fluxo de capital investido, mas 31% demonstraram ceticismo e disseram não esperar alterações significativas nesse campo.

Quanto aos desafios a serem enfrentados pelas empresas num cenário de livre comércio com a União Europeia , 33% mencionaram o aumento da concorrência com empresas europeias, 19% esperam aumento da concorrência entre os membros do Mercosul. Uma parcela de 6% vê o enfraquecimento das suas cadeias de fornecedores no Brasil e no bloco sul-americano.

Acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia

Em negociação há duas décadas, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia foi finalizado em junho de 2019. Sua vigência, contudo, ainda depende da aprovação do documento nos parlamentos dos países envolvidos. Europeus, inclusive.

O acordo prevê uma série de disposições. No campo das tarifas, por exemplo, a União Europeia irá suprimir 92% das taxas aplicadas aos bens exportados pelo Mercosul. Em contrapartida, 91% das tarifas do Mercosul aos produtos europeus serão eliminadas.

Há, ainda, um capítulo que menciona “desenvolvimento sustentável”. No texto do acordo, está previsto que Mercosul e UE “se comprometem a lutar contra as mudanças climáticas e a trabalhar na transição para uma economia durável, de baixa intensidade de carbono”.

O tema é delicado, especialmente na relação entre o Brasil e a Europa em razão dos números do desmatamento na Amazônia. Pode, ainda, ser um dos maiores desafios para a aprovação do acordo de livre comércio no Parlamento Europeu, onde o bloco de partidos verdes tem uma presença significativa.

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