Exame Logo

Paquistão comemora o Nobel da Paz de Malala

Homenagens para a jovem de 17 anos, a pessoa mais nova a ser premiada com um Nobel, foram feitas pelo primeiro-ministro Nawaz Sharif

Malala Yousafzai: ela se tornou um dos principais nomes da luta pelos direitos humanos (Darren Staples)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2014 às 18h18.

Os paquistaneses comemoraram nesta sexta-feira com muita dança e música o Prêmio Nobel da Paz recebido por Malala Yousafzai por sua luta em favor da educação das meninas e contra a violência talibã .

Homenagens para a jovem de 17 anos - a pessoa mais nova a ser premiada com um Nobel - foram feitas pelo primeiro-ministro Nawaz Sharif, que a chamou de "orgulho do Paquistão", enquanto dezenas de moradores de sua cidade natal Mingora se reuniram em uma área central cantando e trocando doces.

Marjan Bibi, de 11 anos, cortou um pedaço de torta de abacaxi doada por uma padaria local enquanto espectadores aplaudiam e gritavam: "Vida longa a Malala".

"Ela é um motivo de orgulho para nós. Eu também vou escrever como ela e levar a minha voz para a educação feminina quando eu crescer", disse Bibi.

Ayesha Khalid, que estudou com Malala, afirmou: "Ela não está ganhando este prêmio sozinha. As meninas do Paquistão também o estão recebendo. Ela é a luz dos nossos olhos e a voz do nosso coração. Ela provou que você não pode impedir a educação explodindo escolas".

A adolescente ficou conhecida ao escrever em um blog para a BBC Urdu a respeito da vida sob as regras do regime Talibã no Vale do Swat entre 2007 e 2009.

O seu ativismo causou a revolta dos grupo extremista e, há dois anos, militantes atingiram a jovem com um tiro na cabeça quando ela ia para a escola.

A luta de Malala pela vida comoveu o mundo. Depois de sua recuperação, ela se tornou um dos principais nomes da luta pelos direitos humanos.

Malala discursou na Assembleia-Geral das Nações Unidas, escreveu uma autobiografia que se tornou um best-seller e pressionou o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, a fazer mais pelas centenas de meninas sequestradas por militantes islâmicos.

As celebrações de sexta-feira em Mingora contrastam fortemente com o período sob o governo do Talibã em que as meninas eram impedidas de ir à escola e pessoas acusadas de violar a sharia eram decapitadas.

Reconhecimento pelo sacrifício

Na cidade de Peshawar, capital da região noroeste de Khyber Pakhtunkwa, cerca de 200 pessoas se reuniram no Press Club para distribuir doces e dançar ao som de tambores.

A região é assolada por mais de uma década de insurgência talibã contra o Estado.

"O prêmio entregue à filha deste solo, Malala Yousufzai, não é apenas um reconhecimento da sua conquista pela paz, mas também é um reconhecimento de nossos sacrifícios na guerra conta o terror durante os últimos dez anos", disse o governador Mehtab Ahmed Khan.

Trabalhando contra o Islã

Malala, premiada juntamente com o indiano Kailash Satyarthi, é a segunda personalidade paquistanesa a receber um Nobel; a primeira foi Abus Salam, que ganhou o prêmio de física em 1979, mas foi amplamente ofuscado por ser um membro da Ahmadi, minoria perseguida no país.

Antes, a jovem já havia recebido o prestigioso prêmio da paz europeu Sakharov no ano passado, irritando o Talibã, que divulgou uma nova ameaça de assassinato.

"Ela está sendo premiada por trabalhar contra o Islã", disse o porta-voz do Talibã Shahidullah Shahid à AFP na época.

No mês passado, militares paquistaneses anunciaram a prisão de dez supostos militantes talibãs acusados de estarem envolvidos na tentativa de assassinato da jovem ativista.

O Talibã não está sozinho em sua oposição à Malala. A classe média paquistanesa conservadora e ultranacionalista a critica por considerá-la uma marionete do Ocidente que estaria arruinando a reputação paquistanesa no exterior.

A luta continua

Desde que iniciaram uma rebelião contra o Estado em 2004, militantes islamitas atacaram centenas de escolas do noroeste, por se oporem à educação secular e feminina.

O ativista pela educação das mulheres Mosharraf Zaidi disse que o governo paquistanês deveria usar a grande afeição em torno de Malala para priorizar a rede pública de ensino, há muito tempo negligenciada no país.

"Existem 52 milhões de crianças de 5 a 16 anos neste país. Cerca de 25 milhões delas estão fora da escola", disse.

"Se o Paquistão não pode tirar vantagem deste momento em que uma paquistanesa ganha um prêmio Nobel porque ela é uma ativista da educação e incrivelmente corajosa, então será outra oportunidade perdida; uma tragédia", concluiu.

Veja também

Os paquistaneses comemoraram nesta sexta-feira com muita dança e música o Prêmio Nobel da Paz recebido por Malala Yousafzai por sua luta em favor da educação das meninas e contra a violência talibã .

Homenagens para a jovem de 17 anos - a pessoa mais nova a ser premiada com um Nobel - foram feitas pelo primeiro-ministro Nawaz Sharif, que a chamou de "orgulho do Paquistão", enquanto dezenas de moradores de sua cidade natal Mingora se reuniram em uma área central cantando e trocando doces.

Marjan Bibi, de 11 anos, cortou um pedaço de torta de abacaxi doada por uma padaria local enquanto espectadores aplaudiam e gritavam: "Vida longa a Malala".

"Ela é um motivo de orgulho para nós. Eu também vou escrever como ela e levar a minha voz para a educação feminina quando eu crescer", disse Bibi.

Ayesha Khalid, que estudou com Malala, afirmou: "Ela não está ganhando este prêmio sozinha. As meninas do Paquistão também o estão recebendo. Ela é a luz dos nossos olhos e a voz do nosso coração. Ela provou que você não pode impedir a educação explodindo escolas".

A adolescente ficou conhecida ao escrever em um blog para a BBC Urdu a respeito da vida sob as regras do regime Talibã no Vale do Swat entre 2007 e 2009.

O seu ativismo causou a revolta dos grupo extremista e, há dois anos, militantes atingiram a jovem com um tiro na cabeça quando ela ia para a escola.

A luta de Malala pela vida comoveu o mundo. Depois de sua recuperação, ela se tornou um dos principais nomes da luta pelos direitos humanos.

Malala discursou na Assembleia-Geral das Nações Unidas, escreveu uma autobiografia que se tornou um best-seller e pressionou o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, a fazer mais pelas centenas de meninas sequestradas por militantes islâmicos.

As celebrações de sexta-feira em Mingora contrastam fortemente com o período sob o governo do Talibã em que as meninas eram impedidas de ir à escola e pessoas acusadas de violar a sharia eram decapitadas.

Reconhecimento pelo sacrifício

Na cidade de Peshawar, capital da região noroeste de Khyber Pakhtunkwa, cerca de 200 pessoas se reuniram no Press Club para distribuir doces e dançar ao som de tambores.

A região é assolada por mais de uma década de insurgência talibã contra o Estado.

"O prêmio entregue à filha deste solo, Malala Yousufzai, não é apenas um reconhecimento da sua conquista pela paz, mas também é um reconhecimento de nossos sacrifícios na guerra conta o terror durante os últimos dez anos", disse o governador Mehtab Ahmed Khan.

Trabalhando contra o Islã

Malala, premiada juntamente com o indiano Kailash Satyarthi, é a segunda personalidade paquistanesa a receber um Nobel; a primeira foi Abus Salam, que ganhou o prêmio de física em 1979, mas foi amplamente ofuscado por ser um membro da Ahmadi, minoria perseguida no país.

Antes, a jovem já havia recebido o prestigioso prêmio da paz europeu Sakharov no ano passado, irritando o Talibã, que divulgou uma nova ameaça de assassinato.

"Ela está sendo premiada por trabalhar contra o Islã", disse o porta-voz do Talibã Shahidullah Shahid à AFP na época.

No mês passado, militares paquistaneses anunciaram a prisão de dez supostos militantes talibãs acusados de estarem envolvidos na tentativa de assassinato da jovem ativista.

O Talibã não está sozinho em sua oposição à Malala. A classe média paquistanesa conservadora e ultranacionalista a critica por considerá-la uma marionete do Ocidente que estaria arruinando a reputação paquistanesa no exterior.

A luta continua

Desde que iniciaram uma rebelião contra o Estado em 2004, militantes islamitas atacaram centenas de escolas do noroeste, por se oporem à educação secular e feminina.

O ativista pela educação das mulheres Mosharraf Zaidi disse que o governo paquistanês deveria usar a grande afeição em torno de Malala para priorizar a rede pública de ensino, há muito tempo negligenciada no país.

"Existem 52 milhões de crianças de 5 a 16 anos neste país. Cerca de 25 milhões delas estão fora da escola", disse.

"Se o Paquistão não pode tirar vantagem deste momento em que uma paquistanesa ganha um prêmio Nobel porque ela é uma ativista da educação e incrivelmente corajosa, então será outra oportunidade perdida; uma tragédia", concluiu.

Acompanhe tudo sobre:EducaçãoIslamismoNobelPrêmio NobelTalibãTerrorismo

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame