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Pacto para acabar com crise na RDC está estagnado, diz oposição

"Neste momento, estamos mais perto de uma ruptura que de uma solução", comentou Félix Tshisekedi, integrante do UDPS

Conflito: os protestos para pedir a renúncia do presidente explodiram em setembro na capital Kinshasa, onde mais de 50 pessoas morreram (Kenny Katombe / Reuters)
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EFE

Publicado em 30 de dezembro de 2016 às 14h42.

Kinshasa - A oposição da República Democrática do Congo (RDC) alertou nesta sexta-feira que as negociações para se chegar a um acordo com o governo para acabar com a crise política no país estão estagnadas.

Na semana passada, durante as negociações, vazou aos veículos de imprensa que a oposição e o governo tinham chegado a um acordo para iniciar um governo de transição que mantivesse Joseph Kabila como presidente até a realização de eleições no final de 2017.

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No entanto, o acordo não foi apresentado de maneira oficial e fontes do partido opositor União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS) asseguram que as negociações são "instáveis".

"Neste momento, estamos mais perto de uma ruptura que de uma solução", comentou Félix Tshisekedi, integrante do UDPS.

As eleições presidenciais estavam previstas para dezembro deste ano, mas a Comissão Eleitoral e o governo pediram há meses que o pleito fosse adiado por motivos "técnicos", já que, segundo estes, o censo está defasado.

A oposição rejeitou então o adiamento, ao considerá-lo uma tentativa de Kabila, que está no poder desde 2001, de se manter no cargo contra o que determina a Constituição do país.

Os protestos para pedir a renúncia do presidente explodiram em setembro na capital Kinshasa, onde mais de 50 pessoas morreram, e se prolongaram até a semana passada, quando outras 40 pessoas foram assassinadas, segundo denunciou a ONU.

Em uma tentativa de pôr fim à crise, o líder opositor Samy Badibanga foi nomeado como primeiro-ministro no final de novembro e anunciou a formação de um novo governo, que inclui 67 ministros e vice-ministros, com figuras da oposição e da sociedade civil, e que pretende tramitar a transição para levar o país rumo ao processo eleitoral.

Kabila dirige o país desde 2001, quando chegou ao poder após o assassinato de seu pai, Laurent-Désiré Kabila, e venceu nas duas eleições presidenciais realizadas até o momento, em 2006 e 2011.

Após dois mandatos de cinco anos, o limite estipulado pela Constituição congolesa, Kabila deveria deixar seu cargo, mas pode se transformar em mais um dos líderes africanos que tentam se perpetuar no poder ao contrário do que determina a lei, como seus colegas de Burundi, Pierre Nkurunziza, e Ruanda, Paul Kagame.

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