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Os três desafios do presidente equatoriano, Lenín Moreno

Moreno deverá lidar com a volta do ex-presidente Rafael Correa ao país para disputar o controle do partido governista, a corrupção e a situação econômica

Lenín Moreno: a economia pode ser uma ameaça mais importante para Moreno do que a questão política (Mariana Bazo/Reuters)
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AFP

Publicado em 24 de novembro de 2017 às 20h35.

Lenín Moreno tem três desafios pela frente para se consolidar no poder no Equador : o ex-presidente Rafael Correa, que voltará ao país para disputar o controle do partido governista, a corrupção e a delicada situação econômica.

Correa volta

Na madrugada deste sábado, quatro meses e meio depois de se mudar para a Bélgica, o socialista Correa volta ao Equador para combater, segundo ele, a traição de seu sucessor, Moreno.

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As divergências entre os dois, que começaram com uma troca de críticas e insultos após a posse de Moreno, em 24 de maio passado, provocaram uma ruptura interna na Aliança País, o poderoso partido no poder a partir de 2007 e que controla a Assembleia Nacional dividido entre "morenistas" e "correístas".

Os dois lados nomearam seus presidentes e suas direções de partido, e os "correístas" convocaram uma convenção nacional para 3 de dezembro. Correa deve estar presente.

"A chegada de Correa definirá a situação na Aliança País. Os dois lados estão buscando ficar com o nome do partido. O que conseguir expulsará o outro, que terá que fundar um outro partido. A ruptura é tão violenta que impossibilita a coexistência", explicou à AFP o analista Simón Pachano, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).

Para Moreno, não basta apenas ficar com o partido para derrubar seu adversário, também precisa sair vitorioso do referendo - ainda sem data definida - sobre o fim da reeleição indefinida aprovada por Correa e reestruturar o órgão criado pelo ex-presidente para designar autoridades de controle.

Combate à corrupção

Vice-presidente de Correa entre 2007 e 2013 e peça-chave da chamada "revolução cidadã" no Equador, Moreno chegou ao poder após uma dura campanha, na qual os governistas enfrentaram numerosas denúncias de corrupção.

Ao assumir, Moreno prometeu uma "cirurgia contra os corruptos" e criou uma comissão de combate à corrupção - muito criticada por Correa - para esclarecer vários casos, alguns envolvendo funcionários da administração anterior.

A prisão preventiva e o julgamento contra o vice-presidente, Jorge Glas, grande aliado de Correa e envolvido no caso Odebrecht, disparou a popularidade do presidente, mas provocou a ira dos "correístas", que o acusam de fazer o jogo da oposição.

"A corrupção é um tema muito importante para Moreno. Se não agisse diante da denúncia perderia a credibilidade. Tinha que cumprir sua promessa, e o peixe grande era Glas", disse à AFP o analista Felipe Burbano.

A economia

Analistas advertem que a economia pode ser uma ameaça mais importante para Moreno do que a questão política.

O presidente assumiu as rédeas deste pequeno país petroleiro na época de vacas magras, com os preços do petróleo em baixa e um alto endividamento para sustentar um crescente gasto público.

Após acusar Correa de deixar o país extremamente endividado, com um déficit fiscal próximo de 5% do PIB, Moreno anunciou a reestruturação dos contratos petroleiros e um projeto urgente para arrecadar 1,6 bilhão de dólares com novos impostos sobre o setor privado, sem atingir "os mais pobres".

"No campo político houve mudança, mas no econômico permanece a orientação de Correa. Permanecem comprando tempo com mais dívida" em emissão de bônus, avaliou o economista Alberto Acosta-Burneo.

"Em algum momento, terão de fazer um ajuste mais forte e aí teremos problemas com setores que hoje apoiam o governo", completou.

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