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Os 10 seguros mais caros contra países à beira do calote

Ranking elaborado pela Gradual Investimentos mostra quanto o mercado cobra para proteger os investimentos nesses países

Portugal está na lista dos 10 países com maior risco de dar um calote (Marcel Salim/EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2011 às 11h27.

São Paulo – A crise europeia está se agravando e reuniões de emergência são convocadas a cada semana. Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, os chamados Piigs, permanecem na berlinda.

As agências de classificação de risco estão piorando as notas desses países e os investidores cobram um preço maior para investir nesses títulos. Além dos ratings das agências, existem outros termômetros no mercado, como o índice calculado pelo JP Morgan, o chamado risco-país.

Há também o Credit Default Swap (CDS), um instrumento derivativo negociado no mercado financeiro, que serve como um seguro contra o calote de algum país. O raciocínio é simples: quanto maior o risco de moratória, mais alta é a cotação do CDS desse país.

O valor desses derivativos, também chamado de spread, se refere a um período específico e normalmente é medido em pontos-base (um ponto base equivale a 0,01 ponto percentual). Sendo assim, um CDS de 100 pontos-base indica que o credor irá pagar o equivalente a 1% da sua carteira de crédito para ser protegido pelo vendedor do derivativo. É claro que esse indicador não prevê quando o calote ocorrerá (nem garante que haverá o calote), mas mostra como o mercado 'precifica' esse risco.

A pedido de EXAME.com, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, fez um levantamento dos 10 países que possuem as maiores cotações do CDS com prazo de 5 anos. De um total de 63 nações pesquisadas, o Brasil tem apenas o 36º maior risco graças ao atual momento econômico e ao colchão de reservas, que superam os US$ 300 bilhões. As cotações utilizadas foram as negociadas nesta terça-feira (12).

Não por acaso, lideram o ranking países que estão em grave crise econômica, como os da periferia europeia, os que vivem revoluções sociais, como os árabes e os norte-africanos, e aqueles eternos adeptos do populismo irresponsável, como os nossos vizinhos.

1º lugar – Grécia

A Grécia possui a maior cotação entre os CDS negociados com prazo de cinco anos: 2.289,44 pontos-base. A marca dos dois mil pontos foi superada em meados de junho. Para que se tenha uma ideia mais clara da gravidade do problema, a Grécia tinha cotação de apenas 51,5 pontos há exatos três anos, ou seja, antes da crise internacional.


O atual risco elevado é explicado pela grave situação financeira pela qual passa o país, com possibilidade cada vez maior de moratória. Não está descartada a saída da Grécia da zona do euro. O índice de 2.289,44 pontos-base significa que o seguro contra o calote grego custa 22,89% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos da Grécia e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 228.944,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

2º lugar – Portugal

Assim como os gregos, os nossos patrícios passam por sérias dificuldades fiscais. A situação está piorando a tal ponto que hoje é mais arriscado investir em Portugal do que na Venezuela de Hugo Chávez. Portugal, que é a letra "p" do acrônimo Piigs, tem CDS de 5 anos com 1076,06 pontos-base.

Isso significa que o seguro contra o calote português custa 10,76% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos de Portugal e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 107.606,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

3º lugar – Venezuela

É preciso coragem para aplicar recursos em papeis "timbrados" de Hugo Chávez. A Venezuela tem CDS de 5 anos com 1.001,33 pontos-base. O risco elevado é explicado pela grande dependência que o país tem do mercado de petróleo e, é claro, das ideias "exóticas" do seu presidente, que, atualmente, luta contra um câncer.

A pontuação significa que o seguro contra o calote venezuelano custa 10,01% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos da Venezuela e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 100.133,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

4º lugar – Irlanda

O CDS de 5 anos da Irlanda está batendo na casa dos mil pontos. Com 999,41 pontos-base, a Irlanda é mais um país europeu em dificuldade que faz parte dos chamados Piigs (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha).


A pontuação significa que o seguro contra o calote irlandês custa 9,99% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos da Irlanda e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 99.941,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

5º lugar – Paquistão

A terra escolhida por Bin Laden para se esconder dos Estados Unidos não anda muito bem vista no mercado financeiro. O Pasquistão tem CDS de 5 anos com 850,00 pontos-base.

Isso significa que o seguro contra o calote paquistanês custa 8,50% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos do Paquistão e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 85.000,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

6º lugar – Argentina

O passado de moratórias e o presente populismo não ajudam a Argentina a reconquistar a credibilidade no mercado financeiro. Nosso vizinho têm CDS de 5 anos com 631,72 pontos-base.

Isso significa que o seguro contra o calote argentino custa 6,31% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos da Argentina e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 63.172,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

7º lugar – Ucrânia

A Ucrânia sofreu muito com a crise de 2009 e foi até socorrida pelo FMI. Atualmente, tem CDS de 5 anos com 485,00 pontos-base. Isso significa que o seguro contra o calote ucraniano custa 4,85% do montante aplicado.


Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos da Ucrânia e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 46.500,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

8º lugar – Líbano

O Líbano passou por uma séria instabilidade política no início do ano, que derrubou o governo de Said Hariri, filho de Rafic Hariri, o ex-primeiro-ministro assassinado num atentado em fevereiro de 2005, em Beirute. O país tem CDS de 5 anos com 356,68 pontos-base.

Isso significa que o seguro contra o calote libanês custa 3,56% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos do Líbano e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 35.600,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

9º lugar – Dubai

Dubai é um dos sete emirados e a cidade mais populosa dos Emirados Árabes Unidos. Em 2009, virou manchetes dos jornais por causa da reestruturação unilateral e compulsória da dívida da Dubai World, empresa de investimentos do governo de Dubai, que tem CDS de 5 anos com 345,07 pontos-base.

Isso significa que o seguro contra o calote de Dubai custa 3,45% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos de Dubai e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 34.507,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

10º lugar – Vietnã

O governo do Vietnã não tem uma relação muito amistosa com a China, embora os dois países sejam comunistas. O país tem CDS de 5 anos com 341,64 pontos-base.

Isso significa que o seguro contra o calote do Vietnã custa 3,41% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos do Vietnã e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 34.164,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

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São Paulo – A crise europeia está se agravando e reuniões de emergência são convocadas a cada semana. Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, os chamados Piigs, permanecem na berlinda.

As agências de classificação de risco estão piorando as notas desses países e os investidores cobram um preço maior para investir nesses títulos. Além dos ratings das agências, existem outros termômetros no mercado, como o índice calculado pelo JP Morgan, o chamado risco-país.

Há também o Credit Default Swap (CDS), um instrumento derivativo negociado no mercado financeiro, que serve como um seguro contra o calote de algum país. O raciocínio é simples: quanto maior o risco de moratória, mais alta é a cotação do CDS desse país.

O valor desses derivativos, também chamado de spread, se refere a um período específico e normalmente é medido em pontos-base (um ponto base equivale a 0,01 ponto percentual). Sendo assim, um CDS de 100 pontos-base indica que o credor irá pagar o equivalente a 1% da sua carteira de crédito para ser protegido pelo vendedor do derivativo. É claro que esse indicador não prevê quando o calote ocorrerá (nem garante que haverá o calote), mas mostra como o mercado 'precifica' esse risco.

A pedido de EXAME.com, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, fez um levantamento dos 10 países que possuem as maiores cotações do CDS com prazo de 5 anos. De um total de 63 nações pesquisadas, o Brasil tem apenas o 36º maior risco graças ao atual momento econômico e ao colchão de reservas, que superam os US$ 300 bilhões. As cotações utilizadas foram as negociadas nesta terça-feira (12).

Não por acaso, lideram o ranking países que estão em grave crise econômica, como os da periferia europeia, os que vivem revoluções sociais, como os árabes e os norte-africanos, e aqueles eternos adeptos do populismo irresponsável, como os nossos vizinhos.

1º lugar – Grécia

A Grécia possui a maior cotação entre os CDS negociados com prazo de cinco anos: 2.289,44 pontos-base. A marca dos dois mil pontos foi superada em meados de junho. Para que se tenha uma ideia mais clara da gravidade do problema, a Grécia tinha cotação de apenas 51,5 pontos há exatos três anos, ou seja, antes da crise internacional.


O atual risco elevado é explicado pela grave situação financeira pela qual passa o país, com possibilidade cada vez maior de moratória. Não está descartada a saída da Grécia da zona do euro. O índice de 2.289,44 pontos-base significa que o seguro contra o calote grego custa 22,89% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos da Grécia e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 228.944,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

2º lugar – Portugal

Assim como os gregos, os nossos patrícios passam por sérias dificuldades fiscais. A situação está piorando a tal ponto que hoje é mais arriscado investir em Portugal do que na Venezuela de Hugo Chávez. Portugal, que é a letra "p" do acrônimo Piigs, tem CDS de 5 anos com 1076,06 pontos-base.

Isso significa que o seguro contra o calote português custa 10,76% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos de Portugal e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 107.606,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

3º lugar – Venezuela

É preciso coragem para aplicar recursos em papeis "timbrados" de Hugo Chávez. A Venezuela tem CDS de 5 anos com 1.001,33 pontos-base. O risco elevado é explicado pela grande dependência que o país tem do mercado de petróleo e, é claro, das ideias "exóticas" do seu presidente, que, atualmente, luta contra um câncer.

A pontuação significa que o seguro contra o calote venezuelano custa 10,01% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos da Venezuela e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 100.133,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

4º lugar – Irlanda

O CDS de 5 anos da Irlanda está batendo na casa dos mil pontos. Com 999,41 pontos-base, a Irlanda é mais um país europeu em dificuldade que faz parte dos chamados Piigs (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha).


A pontuação significa que o seguro contra o calote irlandês custa 9,99% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos da Irlanda e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 99.941,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

5º lugar – Paquistão

A terra escolhida por Bin Laden para se esconder dos Estados Unidos não anda muito bem vista no mercado financeiro. O Pasquistão tem CDS de 5 anos com 850,00 pontos-base.

Isso significa que o seguro contra o calote paquistanês custa 8,50% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos do Paquistão e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 85.000,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

6º lugar – Argentina

O passado de moratórias e o presente populismo não ajudam a Argentina a reconquistar a credibilidade no mercado financeiro. Nosso vizinho têm CDS de 5 anos com 631,72 pontos-base.

Isso significa que o seguro contra o calote argentino custa 6,31% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos da Argentina e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 63.172,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

7º lugar – Ucrânia

A Ucrânia sofreu muito com a crise de 2009 e foi até socorrida pelo FMI. Atualmente, tem CDS de 5 anos com 485,00 pontos-base. Isso significa que o seguro contra o calote ucraniano custa 4,85% do montante aplicado.


Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos da Ucrânia e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 46.500,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

8º lugar – Líbano

O Líbano passou por uma séria instabilidade política no início do ano, que derrubou o governo de Said Hariri, filho de Rafic Hariri, o ex-primeiro-ministro assassinado num atentado em fevereiro de 2005, em Beirute. O país tem CDS de 5 anos com 356,68 pontos-base.

Isso significa que o seguro contra o calote libanês custa 3,56% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos do Líbano e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 35.600,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

9º lugar – Dubai

Dubai é um dos sete emirados e a cidade mais populosa dos Emirados Árabes Unidos. Em 2009, virou manchetes dos jornais por causa da reestruturação unilateral e compulsória da dívida da Dubai World, empresa de investimentos do governo de Dubai, que tem CDS de 5 anos com 345,07 pontos-base.

Isso significa que o seguro contra o calote de Dubai custa 3,45% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos de Dubai e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 34.507,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

10º lugar – Vietnã

O governo do Vietnã não tem uma relação muito amistosa com a China, embora os dois países sejam comunistas. O país tem CDS de 5 anos com 341,64 pontos-base.

Isso significa que o seguro contra o calote do Vietnã custa 3,41% do montante aplicado. Se um investidor tem US$ 1 milhão investido em títulos do Vietnã e quer proteger esse capital, precisa pagar US$ 34.164,00 para o vendedor do CDS, que ficará com o risco da inadimplência.

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