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Oposição venezuelana voltará a pressionar governo Maduro nas ruas

A oposição exige eleições gerais e respeito à autonomia do Parlamento – e garante que seguirá nas ruas até conseguir "restituir o marco constitucional"

Manifestantes carregam cruz com as cores da Venezuela em protesto contra as mortes ocorridas durante manifestações (Christian Varon/Reuters)
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AFP

Publicado em 24 de abril de 2017 às 11h30.

Última atualização em 24 de abril de 2017 às 11h31.

A oposição venezuelana realizará nesta segunda-feira uma mobilização na qual seus seguidores bloquearão vias importantes do país, sem diminuir a pressão sobre o presidente Nicolás Maduro, apesar dos 21 mortos deixados pela violência desencadeada em quase um mês de protestos.

A oposição exige eleições gerais e respeito à autonomia do Parlamento, único poder público que controla, e garante que seguirá nas ruas até conseguir "restituir o marco constitucional".

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Em Caracas, a mobilização, que os dirigentes opositores esclareceram que não será um bloqueio de vias com barricadas, mas uma concentração de pessoas, será realizada em uma via estratégica da cidade, em Chacao (leste), e nas principais ruas de cada estado.

"A Venezuela se ergue contra a ditadura. Se não permitirem que nos dirijamos às instituições, fazermos esta ação para aumentar a pressão. Não vamos nos render", disse o vice-presidente do Parlamento, Freddy Guevara.

Lilian Tintori, esposa do opositor radical Leopoldo López, decidiu adiantar a mobilização com uma vigília diante da prisão de Ramo Verde, onde seu marido está detido, como protesto porque as autoridades não permitiram que ela o visitasse em um mês, declarou.

Na manhã desta segunda-feira haviam sido instaladas algumas pequenas barricadas em um setor do leste de Caracas, mas a maioria das ruas estavam tranquilas e as estações de metrô funcionam, constatou a AFP. A oposição planeja dar início à mobilização nas próximas horas.

A maioria das manifestações deste mês terminaram em distúrbios e confrontos com as forças de segurança, que as dispersam com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, e alguns dias acabaram em fortes distúrbios e saques durante a noite.

O governo e a oposição se responsabilizaram mutuamente pelos incidentes de violência que deixam, além dos 21 mortos, centenas de detidos e feridos, e vários comércios saqueados.

Eleições já

Maduro disse no domingo que deseja "eleições já".

"Eleições, sim, quero eleições já. É o que eu digo, como chefe de Estado, como chefe de governo", lançou o presidente em seu programa dominical, ao se referir às eleições regionais.

Há duas semanas, Maduro já havia dito estar "ansioso" pela convocação das eleições de governadores, que deveriam ter sido realizadas em dezembro, e de prefeitos, previstas para este ano.

"Com o fracasso que tiveram na Assembleia Nacional, estou certo de que o nosso povo vai entregar a conta em qualquer eleição que vier, e vamos ter uma nova e boa vitória", insistiu o presidente.

Segundo as pesquisas mais recentes, Maduro conta com uma rejeição de cerca de 70%.

Depois de suspender um processo para revogar o mandato do governo atual em um referendo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) adiou as eleições regionais para iniciar um processo de legalização dos partidos que não haviam participado da última disputa nas urnas.

"Estou pronto para o que o Poder Eleitoral disser", garantiu Maduro, que chegou ao poder em 2013, após derrotar Henrique Capriles por uma margem apertada.

Maduro voltou a convidar a oposição a retomar o processo de diálogo, congelado desde o ano passado, depois que a oposição acusou o governo de não cumprir os acordos.

"Estou pronto para mostrar que cumprimos e, se não tivermos cumprido, cumprir", indicou.

"E, daqui, peço ao papa Francisco que continue nos acompanhando no diálogo, porque há uma conspiração em Roma contra o diálogo na Venezuela, e aqui também", acrescentou.

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