Oposição italiana se diz pronta para governar após saída de Renzi
Partido 5-Estrelas está em uma disputa acirrada com o Partido Democrático, de Renzi, e seria o franco favorito em uma eleição nacional com dois turnos
Reuters
Publicado em 5 de dezembro de 2016 às 09h40.
Roma - O partido de oposição Movimento 5-Estrelas, que defende a saída da Itália da zona do euro, declarou nesta segunda-feira estar pronto para governar o país depois que o primeiro-ministro Matteo Renzi sofreu uma grande derrota em um referendo constitucional e anunciou que irá renunciar.
"A democracia venceu", proclamou o fundador do movimento, Beppe Grillo, em seu blog, depois que resultados parciais da votação indicaram que a proposta de Renzi para reformular o sistema político da Itália foi rejeitada por até 20 pontos percentuais, em uma votação de comparecimento excepcionalmente alto.
O 5-Estrelas fez uma campanha intensa pelo "não", que prevaleceu no plebiscito de domingo por uma margem muito maior do que a prevista pelas pesquisas.
Grillo pediu eleições imediatas e disse que, a partir da semana que vem, seu partido irá começar a elaborar uma plataforma de políticas e um gabinete para que os italianos tenham todas as informações que precisam para levar sua legenda ao poder.
Essa perspectiva desperta preocupação entre os políticos europeus tradicionais e os mercados financeiros, que temem a inexperiência do partido e sua proposta de realizar um referendo sobre a manutenção do euro na Itália.
O 5-Estrelas está em uma disputa acirrada com o Partido Democrático, de Renzi, de acordo com pesquisas de opinião, e seria o franco favorito em uma eleição nacional com dois turnos, sistema eleitoral capitaneado pelo premiê no ano passado.
"Os maiores derrotado no referendo são a propaganda e as mentiras do regime", disse Grillo. "Os maiores vencedores são as pessoas que levantaram a cabeça e compareceram em massa para votar".
Entre os partidos políticos, o maior ganhador é provavelmente o 5-Estrelas, que passou meses fazendo campanha contra as propostas de Renzi para reduzir o papel do Senado e retomar poderes das autoridades regionais.