Invasão de computadores: de acordo com a publicação, o número de comunicações decifradas teria passado de 12 para 458 e a NSA teria conseguido descobrir um agente secreto chinês (Marcos Santos / USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2013 às 16h19.
Nações Unidas - A ONU anunciou nesta segunda-feira que entrará em contato com os Estados Unidos para falar sobre os relatórios que indicam que o programa de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) também invadiu as comunicações do organismo internacional.
"Estamos cientes dos relatórios e vamos contatar as autoridades competentes", disse um dos porta-vozes da ONU, Farhan Haq.
A revista alemã "Der Spiegel" publicou domingo, a partir de relatórios inéditos obtidos pelo ex-técnico da CIA, Edward Snowden, que a espionagem americana conseguiu penetrar no programa de videoconferência da ONU e quebrar o sistema de criptografia.
Esta foi uma "melhora espetacular" da capacidade da NSA de obter dados de comunicações internas da ONU, o que desrespeita o acordo pelo qual os Estados Unidos se comprometeram a não realizar ações secretas na sede das Nações Unidas.
Haq lembrou que leis internacionais, como a Convenção de Viena de 1961, que regem as relações diplomáticas, "protegem" as funções das Nações Unidas, as missões diplomáticas e outras organizações internacionais.
"Por isso se espera que os estados-membros ajam de acordo para proteger a inviolabilidade das missões diplomáticas", acrescentou o porta-voz das Nações Unidas.
Nas três semanas seguintes à invasão da NSA no programa de videoconferências da ONU, o número de comunicações decifradas passou de 12 para 458, de acordo com a revista, que ainda afirmou que com isso a agência conseguiu descobrir um agente secreto chinês.
Um dos relatórios aponta que a NSA também espionou a nova sede da União Europeia em Nova York, para a qual se mudou em setembro de 2012, e que tem detalhes da planta da infraestrutura de telecomunicações.
Além disso, outra série de documentos internos divulgados pela "Der Spiegel" indica que a NSA contava com um programa de espionagem em 80 de suas embaixadas e consulados no mundo todo.
O Serviço Especial de Coleta, que na maioria dos casos era utilizado sem o conhecimento do país anfitrião, tinha sedes em Frankfurt e Viena.