ONU teme que distribuição de alimentos na Líbia seja paralisada
País é importador de comida, mas atualmente o transporte está bloqueado devido às revoltas e à repressão do governo
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2011 às 09h03.
Genebra - O Programa Alimentar Mundial (PAM), da ONU, alertou nesta sexta-feira o temor de que a rede de distribuição de alimentos na Líbia seja paralisada, já que o país é um importador de comida, e o transporte está bloqueado devido à revolta e a repressão.
"Estamos muito preocupados, porque existe o risco de a rede de distribuição de comida ser paralisada", assinalou em entrevista coletiva a porta-voz do PAM, Emila Cassella.
A porta-voz não consegue prever quando isto vai ocorrer, dada a falta de informação sobre o que acontece no interior do país, "mas conhecendo como funciona aquela nação, não acredito que falte muito".
Diante dessa eventualidade, o PAM prepara equipes de contingência em várias fronteiras líbias para entrar no país para distribuir alimentos "enquanto a segurança permitir".
Cassella não soube dizer se já houve uma solicitação formal às autoridades líbias de entrada no país.
Antes da crise, o PAM tinha uma equipe na Líbia dedicada a organizar a logística para levar comida a partir dos portos líbios até Chade pelo deserto, uma operação que foi cancelada.
Por enquanto, o PAM assiste aos emigrantes que chegam às fronteiras egípcia e tunisiana.
As equipes estão distribuindo biscoitos energéticos e água, já que muitos relataram que não haviam comido nada nas últimas 24 e até nas últimas 48 horas.
Dados da Organização Mundial das Migrações (OIM) contabilizam a fuga de 15 mil pessoas por meio das fronteiras egípcia e tunisiana nas últimas horas.
Exclusivamente para poder assisti-los, a OIM fez nesta sexta-feira um pedido de fundos de emergência no valor de US$ 11 milhões.
"O objetivo é assistir a 10 mil emigrantes, mas este número poderia chegar a 50 mil, não devemos esquecer que na Líbia há centenas de milhares de trabalhadores migrantes, alguns legais e outros ilegais, e muitos tentam abandonar o país", assinalou Jean-Philippe Chauzy, porta-voz da OIM.