ONU quer investigação sobre crimes contra a humanidade na Líbia
Diplomata da ONU defendeu que seja realizada uma investigação independente para saber o que ocorreu no país
Da Redação
Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 15h07.
Bruxelas - A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, anunciou nesta quarta-feira que reivindicará uma "investigação internacional independente" na Líbia que determine se a violência exercida pelas autoridades contra manifestantes pacíficos constitui um "crime contra a humanidade".
Depois de se reunir em Bruxelas com o presidente da Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia), José Manuel Durão Barroso, ela lembrou que na sexta-feira haverá uma reunião extraordinária do Conselho de Direitos Humanos da ONU para discutir a situação na Líbia.
"Espero que receba minha sugestão sobre a necessidade imediata de uma investigação independente internacional da violência contra manifestantes desarmados, que, considero, poderia constituir crime contra a humanidade", afirmou a alta comissária.
Além disso, ela afirmou que espera poder enviar ao Egito e à Líbia uma equipe "similar" a que a ONU enviou à Tunísia após a revolta popular no país, como reivindicaram várias ONGs.
Para a responsável de direitos humanos da ONU, "o que está claro nas ruas do Norte da África" é que são precisamente estes direitos fundamentais os que mais importam à população.
O membro líbio do Tribunal Penal Internacional (TPI), Sayed al Shanuka, informou nesta quarta-feira que pelo menos 10 mil pessoas teriam morrido na Líbia desde o início dos protestos populares contra o regime de Muammar Kadafi.
No entanto, o promotor do TPI, Luis Moreno Ocampo, lembrou nesta quarta-feira que necessita de uma autorização por parte da Líbia ou do Conselho de Segurança da ONU para investigar o caso.
Por sua vez, o presidente da Comissão Europeia qualificou como "intolerável" o uso da força contra civis pelo Governo líbio e pediu a Kadafi que "interrompa a violência", já que "a repressão não é a solução".
Barroso ressaltou que a UE "apoia às aspirações" do povo líbio e dos outros Estados do norte da África e do Oriente Médio, onde foram registradas revoltas populares para reivindicar reformas democráticas.