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ONU faz reunião sobre Coreia do Norte, apesar da China

A China fracassou na tentativa de bloquear reunião inédita do Conselho de Segurança para analisar violações dos direitos humanos na Coreia do Norte

Conselho de Segurança da ONU se reúne para discutir a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte (Kena Betancur/AFP)
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Da Redação

Publicado em 22 de dezembro de 2014 às 21h57.

A China fracassou nesta segunda na tentativa de bloquear uma reunião inédita do Conselho de Segurança da ONU para analisar as violações dos direitos humanos na Coreia do Norte , onde o desrespeito a esses direitos tornaram o país "um pesadelo em vida" para seus cidadãos, de acordo com os EUA.

Única aliada de Pyongyang, Pequim ficou em minoria, durante a votação de um procedimento que permitirá a reunião, avalizada por 11 votos a favor e dois contra (China e Rússia), além de duas abstenções (Chade e Nigéria), entre os 15 países-membro.

Ao celebrar a votação, o embaixador chinês na ONU, Liu Jieyi, argumentou que o tema não era de responsabilidade do Conselho. O diplomata avaliou, ainda, que o Conselho "deveria se abster de qualquer iniciativa que pudesse provocar uma escalada das tensões".

A Coreia do Norte é criticada por várias nações ocidentais, principalmente pelos Estados Unidos, por casos de violações dos direitos humanos.

Nesta segunda-feira, a embaixadora americana na ONU, Samantha Power, disse ao Conselho de Segurança que a Coreia do Norte tinha-se tornado "um pesadelo em vida", pois seus cidadãos devem se sujeitar a violações generalizadas dos direitos humanos.

Power afirmou que uma comissão de averiguação que compilou testemunhos de exilados norte-coreanos demonstrou um padrão de "punições sádicas aplicadas aos prisioneiros", expondo a brutalidade do regime de Pyongyang.

O país asiático já tinha sido alvo de sanções internacionais, motivadas por seus mísseis balísticos e testes nucleares, mas esta é a primeira vez que o Conselho de Segurança se reúne para discutir o tema.

Fora do ar

Mais cedo nesta segunda-feira, especialistas em informática relataram que as conexões com a Internet parecem estar interrompidas na Coreia do Norte, dias depois de o presidente americano, Barack Obama, anunciar represálias pelo ataque cibernético contra os estúdios de cinema Sony Pictures, na Califórnia. Washington responsabiliza Pyongyang pelo ciberataque.

De acordo com a Dyn Research, empresa sediada nos Estados Unidos e especializada em segurança cibernética, as conexões na Internet entre a Coreia do Norte e o restante do mundo não funcionam há algumas horas, o que sugere um possível ataque informático.

"No geral, são constatadas interrupções curtas (da Coreia do Norte), mas nunca problemas de conexão contínuos. Não me surpreenderia que estivessem sendo vítima de um ataque neste momento", explicou Doug Madory, responsável na Dyn Research pelos temas relacionados com a Internet.

Os Estados Unidos acusam a Coreia do Norte de estar por trás do ataque à Sony Pictures, que provocou o cancelamento da estreia, prevista para o Natal, do filme "A Entrevista", uma comédia sobre um complô fictício da CIA para assassinar o líder norte-coreano, Kim Jong-Un.

Em entrevista concedida no domingo à rede CNN, o presidente Obama afirmou que "não acredita (que o ciberataque) seja um ato de guerra, mas um ato de 'cibervandalismo' que saiu caro demais". Mesmo assim, prometeu dar uma resposta proporcional a esse ataque, sem dar detalhes.

No Departamento de Estado americano, a porta-voz adjunta, Marie Harf, disse não poder comentar as informações sobre os problemas de conexão na Internet na Coreia do Norte. Segundo ela, o governo Obama "estuda uma série de opções" para responder ao ataque cibernético.

"Entre as nossas respostas, algumas serão visíveis; outras, não", concluiu Harf.

São Paulo –Conhecida por manter a sua população isolada do contato com o mundo exterior e pela forma exagerada com a qual cultua os seus líderes, a Coreia do Norte sempre surpreende o mundo com a excentricidade de seus decretos e atitudes. Por exemplo, antes da morte do “querido líder” Kim Jong-il em 2011, o governo proibiu que pessoas fossem registradas com o nome do atual chefe do país, Kim Jong-un, o “líder supremo”. O decreto deixou ainda uma observação: quem já se chamasse assim deveria realizar a troca voluntariamente.  Em 2014 não foi diferente. Veja nesta galeria de imagens algumas das coisas inusitadas que a Coreia do Norte fez ao longo do ano.
  • 2. A vida do “líder supremo” é disciplina obrigatória nas escolas

    2 /14(Reuters)

  • Veja também

    O currículo escolar ganhou uma nova disciplina obrigatória: a vida de Kim Jong-un. Segundo informações da imprensa da Coreia do Sul, a matéria será lecionada nos três anos do ensino médio no país. É um mistério a forma como tantas aulas serão preenchidas. Com idade estimada de 31 anos,  Jong-un nunca teve os detalhes sobre a sua vida divulgados e não há notícias sobre fatos extraordinários realizados por ele.
  • 3. Foi lançado um manual de etiqueta para celulares

    3 /14(REUTERS/Jacky Chen)

  • Uma revista estatal publicou um manual de etiqueta para que os norte-coreanos usem os celulares de forma adequada. As dicas do manual consideram, por exemplo, que as pessoas não devem falar alto ou discutir assuntos íntimos ao telefone e em público. Para as autoridades do país, este comportamento é “impensado e rude”.
  • 4. O acesso gratuito de estrangeiros à rede Wi-Fi foi cortado

    4 /14(Reprodução/ Vimeo)

    Desde agosto, os estrangeiros na Coreia do Norte perderam o benefício de usar a rede Wi-Fi gratuita oferecida pelo governo. E a justificativa para tal foi a de que o uso deste tipo de conexão “produz alguns efeitos”. Contudo, de acordo com a revista The Diplomat, a verdadeira razão parece ser o encarecimento dos imóveis localizados próximos aos órgãos que contavam com esta vantagem.
  • 5. Mr. Bean foi destaque em Festival de Cinema

    5 /14(Kyodo / Reuters)

    A 7ª edição do maior festival de cinema do país aconteceu em setembro e teve como lema “independência, paz e amizade”. Para marcar as festividades, a organização destacou duas importantes produções britânicas: "Mister Bean: O Filme", de 1997, e "Driblando o Destino", comédia de 2002 estrelada por David Beckham.
  • 6. O regime baniu as vendas do delicioso Choco Pie

    6 /14(Wikimedia Commons)

    Como tantas outras populações do planeta, os norte-coreanos também são loucos por doces. Gostam tanto que um suculento bolinho de chocolate recheado com marshmallow chamado “Choco Pie” se tornou uma valiosa moeda no país. Fábricas até pagaram seus funcionários com a guloseima, pois era possível conseguir um bom dinheiro com a venda dela no mercado paralelo. A alegria durou pouco: o regime não gostou da valorização exacerbada de um produto capitalista e baniu o bolinho do país.
  • 7. Oficiais ganharam carne e drogas de presente

    7 /14(Divulgação/KCNA)

    Em setembro, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul comemoram um feriado similar ao de Ação de Graças nos EUA. No sul, as famílias celebram a colheita e fazem homenagens aos seus ancestrais. Já no norte, informou o jornal britânico The Guardian, além destas celebrações, os oficiais do alto escalão aproveitam para trocar presentes luxuosos e receber propina. Dentre os itens mais populares em 2014, relatou a publicação, estão carne bovina e metanfetamina, uma poderosa e viciante droga.
  • 8. Corte ousado no cabelo? Só se for igual ao do líder supremo

    8 /14(AFP)

    Até o início do ano, os norte-coreanos contavam com um “amplo” catálogo de cortes de cabelo permitidos pelo governo do país. Em março, contudo, uma portaria passou a exigir que os homens adotassem o mesmo visual de Kim Jong-un e que mulheres usassem o cabelo tal qual o da primeira-dama Ri Sol-ju.  Segundo o site NK News, muitas pessoas que visitaram o país depois que esta notícia veio à tona relataram não ter notado mudanças nos cortes de cabelo dos locais. Uma fonte ouvida pela publicação informou, contudo, que as regras existem, porém a fiscalização não é rígida.
  • 9. Por medo do ebola, as fronteiras foram fechadas

    9 /14(Roman Harak/Flickr/Creative Commons)

    Apavorada com a epidemia de ebola, a Coreia do Norte fechou as fronteiras do país para a entrada de turistas. Além disso, informou o jornal britânico The Guardian, foi alertado que os estrangeiros vivendo no país seriam colocados em quarentena, independente de seu país de origem. O ebola aterrorizou a África. Fora do continente, contudo, foram registrados poucos casos nos EUA e na Europa. O exagero da medida foi visto por analistas como mais uma tentativa do regime de tentar amedrontar a população sobre os perigos que existem fora da Coreia do Norte.
  • 10. Não enviou líderes de torcida aos Jogos Asiáticos por birra

    10 /14(Stephan/Flickr/Creative Commons)

    A edição 2014 dos Jogos Asiáticos, que foi realizada na cidade de Incheon (Coreia do Sul) causou um incidente diplomático entre as Coreias. Segundo o jornal The Wall Street Journal, depois que o governo sul-coreano se negou a bancar a ida dos atletas do norte e seu “staff” para o evento, os norte-coreanos retaliaram e cancelaram a participação de suas líderes de torcida.
  • 11. Desenvolveu uma bebida energética à base de cogumelos

    11 /14(Reuters)

    Um problema de atletas é se recuperar adequadamente depois da prática esportiva. Por isto, cientistas norte-coreanos aproveitaram a abundância de cogumelos no país para desenvolver uma bebida energética. Segundo o jornal britânico The Guardian, há anos o governo incentiva a inovação com espécies de fungos e até criou um centro de pesquisa. A ideia é a de tornar a Coreia do Norte uma potência mundial produtora de cogumelos.
  • 12. O país ficou profundamente chateado com o filme “A Entrevista”

    12 /14(Divulgação/A Entrevista/Facebook)

    A comédia americana “A Entrevista” conta a história de dois homens que são recrutados pelo governo dos EUA para matar Kim Jong-un. Bem, naturalmente, o enredo causou a revolta de autoridades do país. Para o governo norte-coreano, o longa é o “terrorismo mais indisfarçável" e, por isto, resolveu registrar uma queixa contra os EUA perante a ONU, classificando o episódio como um “ato de guerra” por parte dos americanos.
  • 13. Se ofendeu com piada sobre o cabelo de Kim Jong-un

    13 /14(AFP)

    Um salão de beleza em Londres teve a ideia de brincar em uma série de anúncios com o visual de autoridades políticas para promover descontos. E em uma das peças zombou o corte do “líder supremo”.  A embaixada da Coreia do Norte pediu que o anúncio fosse retirado de circulação, mas não foi atendida. Apelou então para o governo britânico, que confirmou ao site The Huffington Pos t ter recebido uma notificação dos norte-coreanos e declarou que avaliaria uma resposta.
  • 14. Agora veja quais são os países mais corruptos do mundo

    14 /14(Kcna/AFP)

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