Veículos com os especialistas responsáveis pelo desmantelamento do arsenal químico sírio deixam um hotel de Damasco, em 3 de outubro (AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2013 às 12h45.
Os especialistas responsáveis pelo desmantelamento do arsenal químico sírio fizeram progressos encorajadores, segundo a ONU, e esperam começar a inspeção dos locais e a destruição das armas na próxima semana.
Ao mesmo tempo, o presidente sírio Bashar al-Assad voltou a negar, em uma entrevista exibida nesta sexta-feira, que seu exército utilizou projéteis dotados de ogivas químicas em 21 de agosto em áreas controladas pelos rebeldes, perto de Damasco.
O ataque, confirmado pelos especialistas da ONU, que não apontaram, contudo, seus responsáveis, gerou uma ameaça dos Estados Unidos e de outros países de uma ação militar punitiva contra o regime.
A resolução 2118 aprovada pela ONU, que ordena a destruição do arsenal químico da Síria, afastou tal ameaça.
Os inspetores da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e da ONU "fizeram progressos encorajadores" e os documentos entregues pelo governo sírio "parecem promissores", declarou na quinta-feira o porta-voz da ONU, Martin Nesrirky.
Ele falou de "uma boa cooperação com as autoridades sírias em nível técnico", indicando que são necessárias "análises complementares".
Em um comunicado, a equipe indicou ter começado a isolar na quarta-feira, junto com as autoridades sírias, os locais onde vai operar e indicaram que "esperam começar a inspeção dos locais e a destruição das armas na próxima semana".
Assad desmentiu novamente que que suas tropas tenham realizado o ataque de 21 de agosto, mas indicou que estas armas se encontravam em mãos das forças especias, as únicas que podem utilizá-las.
"Preparar essas armas é uma operação técnica complexa, e requer um processo especial para utilizá-las e que exige, em curto prazo, uma ordem central do Estado-Maior das forças armadas. E, por isso, é impossível que tenham sido utilizadas", afirmou ao canal turco Halk-TV.
"Turquia pagará caro"
Na mesma entrevista, afirmou que a Turquia pagará caro por seu apoio aos "terroristas" que lutam para derrubar o regime sírio.
"Em um futuro próximo (a presença terrorista) terá consequências para a Turquia. E a Turquia pagará muito caro", declarou Assad ao canal de oposição Halk-TV.
O chefe de Estado sírio respondeu desta maneira a uma pergunta sobre a presença na fronteira turca de rebeldes islamitas ligados à Al-Qaeda.
"Não se pode utilizar o terrorismo como se fosse uma carta e guardá-la no bolso, porque o terrorismo é como um escorpião que não duvida em picar você", disse o presidente sírio.
O governo islamita conservador turco do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, muito hostil ao regime sírio, é um dos principais apoios dos rebeldes que lutam contra Assad.
"Tudo o que (Erdogan) diz sobre a Síria e seu povo são mentiras, nada mais. Erdogan apenas se limita a apoiar os terroristas", disse.
Assad reconheceu que o helicóptero sírio derrubado pela aviação turca em 16 de setembro havia violado o espaço aéreo turco, mas justificou a questão ao afirmar que pretendia evitar "a entrada de um grande número de terroristas" na Síria a partir da Turquia.
O Parlamento turco renovou na quinta-feira por mais um ano a autorização para o governo enviar tropas à Síria em caso de necessidade.