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ONU condena bombardeio americano a hospital no Afeganistão

Um suposto ataque aéreo americano a um hospital da cidade afegã de Kunduz matou 19 pessoas neste sábado. A ONU considerou o bombardeio indesculpável

Soldado americano no Afeganistão: o bombardeio ao hospital pode ser considerado crime de guerra (Lucas Jackson/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2015 às 00h01.

Um suposto ataque aéreo americano a um hospital da cidade afegã de Kunduz matou 19 pessoas neste sábado, informou a organização humanitária Médicos sem Fronteiras (MSF), um bombardeio que a ONU classificou de indesculpável.

Os Estados Unidos prometeram "uma investigação completa do ataque" ao hospital, que vinha funcionando além de sua capacidade, durante combates em que o talibã tomou por vários dias o controle da capital provincial.

O ataque deixou o prédio em chamas e dezenas de pessoas gravemente feridas. Fotografias publicadas pela MSF mostram funcionários da ONG em estado de choque.

Segundo a MSF, o bombardeio prosseguiu por mais de 30 minutos depois que a ONG avisou aos exércitos americano e afegão que estava sendo atingida por projéteis.

O alto comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Zeid Ra'ad Al Hussein, pediu uma investigação completa e transparente dos fatos, e assinalou que, diante de uma corte de Justiça, "o bombardeio a um hospital pode ser considerado crime de guerra ".

“Este fato é totalmente trágico, indesculpável e, inclusive, criminoso”, acrescentou Zeid em um comunicado.

O secretário de Defesa americano, Ashton Carter, afirmou que foi aberta uma "investigação exaustiva" do bombardeio, mas não informou se o ataque foi realizado pelas forças americanas.

Carter assinalou que "as forças americanas, em apoio às forças de segurança afegãs, operam perto do local, assim como os talibãs".

O Ministério da Defesa afegão lamentou o ataque, mas informou que "um grupo de terroristas armados vinha usando o prédio do hospital como posição para atingir forças afegãs e civis".

No momento do bombardeio, 105 pacientes e pessoal sanitário e mais de 80 funcionários internacionais e locais se encontravam no hospital.

A organização informou, na véspera, que 59 crianças estavam sendo atendidas no centro.

"As forças americanas realizavam um ataque aéreo em Kunduz contra pessoas que ameaçavam as forças da coalizão, o que pode ter provocado danos colaterais em um centro médico nas proximidades do alvo", declarou à AFP o coronel Brian Tribus, porta-voz da missão da Otan no Afeganistão.

Um residente local contou que seis amigos, todos médicos e enfermeiros, estavam desaparecidos, e que familiares das pessoas internadas estavam com medo de sair de casa por causa dos disparos entre o Exército e o talibã.

Consternação

O centro de traumatologia da MSF em Kunduz é a única instalação médica na região que pode tratar lesões graves.

"Estamos profundamente consternados com o ataque, com a morte de nossos funcionários, e com o alto preço infringido a um centro de saúde de Kunduz", declarou o diretor de operações da MSF, Bart Janssens.

"Nossa equipe médica está proporcionando os primeiros socorros e o tratamento de pacientes feridos. Pedimos a todas as partes que respeitem a segurança das instalações de saúde e de seu pessoal", acrescentou.

Kunduz está mergulhada numa crise humanitária, com milhares de civis encurralados pelo fogo cruzados das duas forças, as tropas do governo e os rebeldes talibãs.

No momento, não se conhece com exatidão o número de vítimas dos combates travados naquela localidade, mas autoridades disseram ontem que ao menos 60 pessoas morreram e 400 ficaram feridas.

Em um comunicado, os talibãs acusaram "as forças americanas bárbaras" de terem realizado o ataque contra o hospital "de forma deliberada, matando e ferindo dezenas de médicos, enfermeiras e pacientes".

Desde que foram expulsos do poder, em 2001, por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, os talibãs concentram seus ataques em seus redutos do sul.

Mas no últimos meses, reforçaram suas posições na zona de Kunduz, uma cidade estratégica na rota para o Tadjiquistão.

O Exército assegurou ter recuperado o controle de Kunduz, o que está longe de significar uma vitória a longo prazo de Cabul contra os talibãs.

Durante três dias de ocupação, muitos moradores fugiram, e a possibilidade de retorno ao regime fundamentalista dos talibãs (1996-2001) assustou especialmente as mulheres.

A breve tomada de Kunduz, de 300 mil habitantes, constituiu o primeiro grande êxito do novo líder dos talibãs, o mulá Akhtar Mansur, nomeado após o anúncio, em julho, da morte de seu antecessor, o mulá Omar. A designação provocou divisões internas no grupo.

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Os Estados Unidos prometeram "uma investigação completa do ataque" ao hospital, que vinha funcionando além de sua capacidade, durante combates em que o talibã tomou por vários dias o controle da capital provincial.

O ataque deixou o prédio em chamas e dezenas de pessoas gravemente feridas. Fotografias publicadas pela MSF mostram funcionários da ONG em estado de choque.

Segundo a MSF, o bombardeio prosseguiu por mais de 30 minutos depois que a ONG avisou aos exércitos americano e afegão que estava sendo atingida por projéteis.

O alto comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Zeid Ra'ad Al Hussein, pediu uma investigação completa e transparente dos fatos, e assinalou que, diante de uma corte de Justiça, "o bombardeio a um hospital pode ser considerado crime de guerra ".

“Este fato é totalmente trágico, indesculpável e, inclusive, criminoso”, acrescentou Zeid em um comunicado.

O secretário de Defesa americano, Ashton Carter, afirmou que foi aberta uma "investigação exaustiva" do bombardeio, mas não informou se o ataque foi realizado pelas forças americanas.

Carter assinalou que "as forças americanas, em apoio às forças de segurança afegãs, operam perto do local, assim como os talibãs".

O Ministério da Defesa afegão lamentou o ataque, mas informou que "um grupo de terroristas armados vinha usando o prédio do hospital como posição para atingir forças afegãs e civis".

No momento do bombardeio, 105 pacientes e pessoal sanitário e mais de 80 funcionários internacionais e locais se encontravam no hospital.

A organização informou, na véspera, que 59 crianças estavam sendo atendidas no centro.

"As forças americanas realizavam um ataque aéreo em Kunduz contra pessoas que ameaçavam as forças da coalizão, o que pode ter provocado danos colaterais em um centro médico nas proximidades do alvo", declarou à AFP o coronel Brian Tribus, porta-voz da missão da Otan no Afeganistão.

Um residente local contou que seis amigos, todos médicos e enfermeiros, estavam desaparecidos, e que familiares das pessoas internadas estavam com medo de sair de casa por causa dos disparos entre o Exército e o talibã.

Consternação

O centro de traumatologia da MSF em Kunduz é a única instalação médica na região que pode tratar lesões graves.

"Estamos profundamente consternados com o ataque, com a morte de nossos funcionários, e com o alto preço infringido a um centro de saúde de Kunduz", declarou o diretor de operações da MSF, Bart Janssens.

"Nossa equipe médica está proporcionando os primeiros socorros e o tratamento de pacientes feridos. Pedimos a todas as partes que respeitem a segurança das instalações de saúde e de seu pessoal", acrescentou.

Kunduz está mergulhada numa crise humanitária, com milhares de civis encurralados pelo fogo cruzados das duas forças, as tropas do governo e os rebeldes talibãs.

No momento, não se conhece com exatidão o número de vítimas dos combates travados naquela localidade, mas autoridades disseram ontem que ao menos 60 pessoas morreram e 400 ficaram feridas.

Em um comunicado, os talibãs acusaram "as forças americanas bárbaras" de terem realizado o ataque contra o hospital "de forma deliberada, matando e ferindo dezenas de médicos, enfermeiras e pacientes".

Desde que foram expulsos do poder, em 2001, por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, os talibãs concentram seus ataques em seus redutos do sul.

Mas no últimos meses, reforçaram suas posições na zona de Kunduz, uma cidade estratégica na rota para o Tadjiquistão.

O Exército assegurou ter recuperado o controle de Kunduz, o que está longe de significar uma vitória a longo prazo de Cabul contra os talibãs.

Durante três dias de ocupação, muitos moradores fugiram, e a possibilidade de retorno ao regime fundamentalista dos talibãs (1996-2001) assustou especialmente as mulheres.

A breve tomada de Kunduz, de 300 mil habitantes, constituiu o primeiro grande êxito do novo líder dos talibãs, o mulá Akhtar Mansur, nomeado após o anúncio, em julho, da morte de seu antecessor, o mulá Omar. A designação provocou divisões internas no grupo.

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