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ONU comprova que forças sírias atacaram civis com gás cloro

As investigações concluíram que as forças aéreas sírias jogaram bombas contra civis, mas não revelaram se o ato teve participação da Rússia

Gás: o gás cloro não foi o único agente tóxico utilizado, mas foi o mais frequente (Getty Images)

Gás: o gás cloro não foi o único agente tóxico utilizado, mas foi o mais frequente (Getty Images)

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EFE

Publicado em 1 de março de 2017 às 12h19.

Genebra - A Organização das Nações Unidas (ONU) revelou nesta quarta-feira que as forças áreas sírias lançaram ataques com bombas de gás cloro contra a parte leste de Aleppo durante o período em que a área esteve assediada, mostrando indiferença absoluta às consequências sobre os civis.

"O uso contínuo de gás cloro por parte das forças sírias demonstra uma enorme indiferença por suas obrigações legais internacionais e equivale a um crime de guerra por ataques indiscriminados contra a população civil", detalhou um relatório da comissão da ONU que investiga os crimes na Síria.

Nas investigações não foi possível reunir evidências da participação militar da Rússia em ataques com essa ou qualquer outra arma química.

A comissão autora do relatório recebeu em outubro a incumbência de investigar e documentar os crimes que estavam ocorrendo especificamente no leste de Aleppo.

A região entrou em situação de assédio total em meados de julho do ano passado até sua queda e evacuação dos rebeldes e suas famílias no final de dezembro.

Segundo o relatório, o gás cloro não foi o único agente tóxico utilizado, mas foi o mais frequente, com pelo menos seis casos nos quais foram obtidas provas suficientes. Além dele, outras armas químicas improvisadas, como o amoníaco, foram utilizadas.

A comissão também ofereceu evidência de que as forças áreas sírias e russas fizeram no leste de Aleppo uso generalizado de bombas de fragmentação. Essa arma proibida internacionalmente por seus efeitos indiscriminados.

A investigação não conseguiu reunir provas conclusivas de que os aviões russos tenham atacado com bombas de fragmentação, porque as forças áreas da Síria e da Rússia utilizam frequentemente o mesmo tipo de aviões e munição.

Isto faz com que a atribuição do ato às vezes seja impossível, mas ficou comprovado que a partir de setembro o número destes incidentes aumentou de maneira alarmante.

Além das vítimas diretas dos ataques com bombas de fragmentação e de testemunhas, a comissão colheu muito material visual que mostra os remanescentes destas armas.

Outro episódio que foi tratado no relatório é o do ataque contra um comboio humanitário em 19 de setembro, no qual oferecem provas de que foi obra das forças governamentais sírias, que cometeram com isso outro crime de guerra.

"Ao utilizar munição lançadas do ar, sabendo que havia trabalhadores humanitários operando no lugar, as forças sírias cometeram um crime de guerra ao atacar deliberadamente equipes de ajuda, negar assistência humanitária e atacar os civis", afirmou o relatório.

Ao todo, 14 trabalhadores humanitários morreram e 15 foram feridos nesse período. O regime sírio negou tais ações e alegou que os ataques foram feitos pelos rebeldes.

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