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ONU alerta para risco de mortes em massa por fome na África

A Acnur, Agência da ONU para Refugiados, alertou para as mortes em massa ocorridas pela fome no Chifre da África, Nigéria, Sudão do Sul e Iêmen

Fome: mais de 20 milhões de pessoas em cinco países estão à beira da inanição (Oli Scarff/Getty Images)
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EFE

Publicado em 11 de abril de 2017 às 13h27.

Genebra - A Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) alertou nesta terça-feira de "mortes em massa" por fome no Chifre da África, Nigéria, Sudão do Sul e Iêmen e disse que a crise humanitária pode ser inclusive pior que a de 2011, quando 260 mil pessoas morreram nessa primeira região africana .

"O risco de mortes em massa por fome entre as populações no Chifre da África, Iêmen e Nigéria está aumentando", apontou o porta-voz da ACNUR, Adrian Edwards, em coletiva de imprensa.

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"Nesta advertência também nos referimos às secas, que afetam muitos países vizinhos, e à escassez de fundos", acrescentou.

A ONU advertiu reiteradamente nos últimos dois meses que mais de 20 milhões de pessoas em cinco países (Etiópia, Somália, Nigéria, Sudão do Sul e Iêmen) estão à beira da inanição.

Em quatro dos cinco países existem conflitos de longa duração que minam os esforços humanitários, e na Somália e no Iêmen se soma uma seca aguda (especialmente no caso do país africano) que acabou com a capacidade de resistência da população.

"Temos uma conspiração de elementos que se reforçam entre eles. Existe o conflito, a seca, os deslocamentos das pessoas que fogem de ambos e que pressionam outras comunidades já muito debilitadas", constatou Jens Laerke, porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Em 2011, a fome atacou o Chifre da África e 260 mil pessoas, a maioria crianças menores de cinco anos, morreram, e "o que queremos é evitar a todo custo uma repetição desta catastrófica perda de vidas", sustentou o porta-voz da ACNUR.

Agora, as agências humanitárias da ONU estão advertindo que uma catástrofe parecida pode voltar a acontecer.

"Catástrofes humanitárias que seriam evitáveis estão se tornando rapidamente inevitáveis", disse em repetidas ocasiões Edwards, que insistiu na necessidade de agir de forma "imediata" para poder frear uma catástrofe.

Uma urgência também apontada por David Hermann, coordenador humanitário para a Somália do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. "A resposta tem que ser agora, nas próximas semanas", disse.

Já a ACNUR alertou que os deslocamentos já estão aumentando pela crise, pela qual a agência da ONU teve que elevar seus cálculos para este ano para alguns países.

No Sudão, onde previa 60 mil chegadas de pessoas provenientes do Sudão do Sul, agora são esperadas 180 mil, e em Uganda, onde havia cálculos de 300 mil refugiados sul-sudaneses, atualmente falam em 100 mil a mais.

Precisamente, o Sudão do Sul é uma das situações mais complexas, dado que o conflito ativo impede a distribuição de assistência inclusive quando os trabalhadores humanitários estão prontos para entregá-la.

"O tema do acesso é fundamental. No Sudão do Sul e também no Iêmen acontece que, embora tenhamos os recursos para ajudar, não podemos fazer por causa da incapacidade de chegar às zonas violentas", dise Laerke.

Finalmente, tanto as agências da ONU como a Cruz Vermelha se queixaram da falta de fundos para fazer frente a estas emergências, pois as chamadas humanitárias obtêm entre 3% e 20% do financiamento demandado.

No Sudão do Sul, cerca de 100 mil pessoas já sofrem com fome e aproximadamente um milhão estão à beira dela, enquanto cinco milhões necessitam de ajuda alimentar urgente.

Na Somália, há 2,9 milhões de pessoas necessitadas de assistência e a ONU calcula que um milhão de crianças menores de 5 anos sofrerão com desnutrição grave neste ano.

Enquanto isso, no nordeste de Nigéria, 5,1 milhões de pessoas sofrem com a falta de comida.

O Iêmen é o país que vive a maior emergência alimentar do mundo, com 7,3 milhões de pessoas que necessitam de ajuda imediata, segundo a ONU.

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