ONG denuncia detenções políticas sistemáticas na Venezuela e pede liberdade para 300 presos
Em relatório, Anistia Internacional cita nove casos considerados emblemáticos
Agência de notícias
Publicado em 29 de agosto de 2023 às 12h29.
Última atualização em 29 de agosto de 2023 às 12h33.
A Anistia Internacional (AI) denunciou nesta terça-feira que as detenções por motivos políticos continuam acontecendo na Venezuela, como um "ataque sistemático" contra a população, e pediu a libertação de quase 300 réus considerados presos políticos. Em relatório, a AI exige mais pressão internacional e pede que Tribunal Penal Internacional (TPI) inclua prisões em investigação por supostos crimes contra a Humanidade.
"Vidas Detidas"
Segundo o documento "Vidas Detidas", sobre as detenções registradas entre 2018 e 2023, nove casos são considerados emblemáticos, como o de Javier Tarazona, diretor da ONG FundaRedes, que atende moradores de áreas de fronteira. Tarazona foi detido em julho de 2021 e indiciado por "terrorismo", depois que acusou o governo do presidente Nicolás Maduro de ter vínculos com a guerrilha colombiana ELN.
- Star Wars: qual é a ordem cronológica dos filmes e séries? Veja lista atualizada
- PIB dos países integrantes da OCDE sobe 0,4% no 2º trimestre ante o anterior
- Financeira da Marisa recebe aporte adicional de R$ 30 milhões
- Petz lidera alta do Ibovespa com rumores sobre fusão com a Cobasi
- São Paulo terá mais de 70 shows internacionais em 2023; veja quais são os próximos
- Pagamento de aposentados e pensionistas do INSS começa nesta sexta-feira; veja calendário
"As detenções arbitrárias por motivos políticos na Venezuela continuam sendo parte de um ataque sistemático e generalizado contra a população neste país. Isto, principalmente, com o objetivo de silenciar aqueles que discordam do governo de Nicolás Maduro ou com outros fins políticos", afirmou a ONG.
O documento também destaca que foi "consolidada a criminalização" das pessoas em tribunais que têm competência para casos de terrorismo e alertou que isto agrava as consequências do processo criminal.
"A diversidade dos perfis pessoas detidas arbitrariamente mostra que a perseguição não é exercida apenas contra aquelas pessoas com opiniões diferentes, mas que também busca enviar uma mensagem de intimidação aos parentes ou pessoas próximas que procuram reprimir".
A organização de defesa dos direitos humanos identificou "padrões" nas detenções: ocorrem sem ordens judiciais, falta "independência judicial", as leis são aplicadas de forma "ambígua" e utiliza-se "a falta de comunicação e o isolamento das pessoas detidas", entre outras medidas.
No texto, a Anistia Internacional pediu ao Estado a libertação de todos os detentos e fez um apelo à comunidade internacional para que exija garantias da Venezuela e evite a repetição das detenções. O documento ainda pede ao TPI que inclua os casos na investigação que realiza por supostos crimes contra a Humanidade cometidos durante o governo de Maduro.
Em junho deste ano, o tribunal autorizou a reabertura da investigação, após considerar insuficientes as medidas tomadas pelo governo do presidente venezuelano. O governo havia pedido adiamento da investigação para comprovar que a justiça do país é capaz de conduzir seu próprio processo de apuração das denúncias de violações de direitos humanos durante a repressão a manifestações contra o governo, em 2017, quando mais de cem pessoas morreram.
A fome e a crise social e política já expulsaram cerca de sete milhões de venezuelanos de seu país (de um total de 28 milhões de habitantes), a grande maioria para vizinhos como Colômbia — onde vivem mais de 2 milhões —, Equador, Peru, Panamá, Chile, Argentina e Brasil. A Venezuela vive uma crise humanitária profunda, e a chamada migração forçada de seus habitantes está causando sérios problemas na região.
"O direito à liberdade, ao julgamento justo, à integridade e a não ser submetido a torturas ou maus-tratos é violado com frequência com estas práticas", conclui o relatório.