Como estou trabalhando? OMS cria comitê para avaliar gestão da pandemia
A Organização Mundial da Saúde tem sido muito criticada durante a pandemia, principalmente pelos Estados Unidos, que era um dos principais contribuintes
AFP
Publicado em 9 de julho de 2020 às 13h29.
Última atualização em 9 de julho de 2020 às 13h38.
A Organização Mundial da Saúde ( OMS ), muito criticada por sua gestão da pandemia do novo coronavírus , anunciou nesta quinta-feira a criação de um grupo independente de especialistas, cujo mandato será elaborado em consulta com os Estados membros.
"Estou orgulhoso de anunciar que a ex-primeira-ministra (da Nova Zelândia) Helen Clark e a ex-presidente (da Libéria) Ellen Johnson Sirleaf aceitaram presidir conjuntamente o comitê de avaliação (...) sobre a preparação e a resposta às pandemias", anunciou o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a diplomatas dos Estados membros.
"Não consigo imaginar duas personalidades mais independentes para fazer essa avaliação honesta e nos ajudar a entender o que aconteceu e o que devemos fazer para evitar essas tragédias no futuro", afirmou.
Mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo foram infectadas com o novo coronavírus, que matou mais de 550.000 pessoas em seis meses.
"É hora de ter uma reflexão muito honesta. Cada um de nós deve se olhar no espelho. A OMS, os Estados membros, todos os que estiveram envolvidos na resposta" à crise, insistiu Tedros.
"Nossos sistemas (de saúde) não estavam prontos. Nossas comunidades não estavam prontas. Nossos sistemas de distribuição (de equipamentos e materiais) entraram em colapso", enumerou ele, em direção aos Estados membros.
"Precisamos avaliar nossos sistemas nacionais de vigilância, a maneira como compartilhamos informações, como as governamos e ver se nosso sistema geral de saúde é adequado", continuou, antes de questionar: "estamos prontos para aprender com isso"?
Na assembleia anual de maio, os Estados membros da OMS concordaram com o princípio de uma investigação independente.
Desde o início da crise da saúde no final de 2019, a OMS tem sido fortemente criticada por sua resposta, principalmente por sua demora em recomendar o uso de máscara.
Acima de tudo, a agência foi acusada pelos Estados Unidos de ter sido extremamente complacente com a China, onde o coronavírus apareceu, e de ter demorado em declarar a crise uma emergência de saúde global.
Os Estados Unidos, principais contribuintes para o orçamento da OMS, que eles descreveram como "marionete da China", notificaram oficialmente na terça-feira sua retirada da organização.
"As divisões entre nós dão vantagem ao vírus", disse Tedros. "Um mundo dividido não pode superar essa pandemia", insistiu.
"A maior ameaça que enfrentamos hoje não é o vírus em si, mas a falta de liderança e solidariedade nos níveis global e nacional", acrescentou.
Os Estados Unidos, que ultrapassaram 3 milhões de casos de coronavírus nesta semana, são o país mais afetado pela pandemia, com mais de 130.000 mortos, mas o presidente Donald Trump continua a garantir que seu país está "em boa posição" e rejeita os alertas lançados pelos cientistas.
O comitê de avaliação da OMS apresentará seu relatório à Assembleia Geral da OMS em novembro.