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Obama perdeu o rumo, diz ex-secretário de Defesa

Leon Panetta fez duras críticas contra o presidente americano, que perdeu o rumo em sua política de segurança, segundo ele

Leon Panetta: governo Obama cometeu erros, segundo Panetta (AFP/ Alex Wong)
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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2014 às 10h43.

Washington - O ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos Leon Panetta (2011-2013) fez na segunda-feira duras críticas contra o presidente, Barack Obama , que segundo sua opinião "perdeu o rumo" em sua política de segurança e cometeu erros pelos quais agora a luta contra o Estado Islâmico pode durar "30 anos".

"Durante os primeiros quatro anos e o tempo em que eu estive ali -à frente do Pentágono-, pensei que era um líder forte em assuntos de segurança. Mas nesses dois últimos anos acho que perdeu o rumo de certo modo. Enviou mensagens ambíguas ao tentar abordar os temas e tentar esclarecer qual é o papel deste país", disse Panetta em entrevista ao "USA Today".

As contundentes declarações do político democrata estão em seu livro "Worthy Fights: A Memoir of Leadership in War and Peace" ("Lutas dignas: Memórias da Liderança em Guerra e Paz", em tradução livre), 512 páginas que serão colocadas à venda nesta terça-feira e nas quais critica com dureza o ex-chefe.

Antigo líder do Pentágono, o autor engrossa a lista de altos colaboradores de Obama que, após deixar o cargo, se opõem abertamente a suas políticas em seus livros de memórias ou em entrevistas.

Panetta critica em seu livro que Obama não armou os rebeldes sírios em 2002, uma reprovação também feita publicamente à então secretária de Estado, Hillary Clinton, que também rejeitou em várias ocasiões.

"Acho que, se tivesse seguido nosso conselho, agora estaríamos em melhores condições para determinar se existe ou não um elemento moderado entre as forças rebeldes que estão lutando contra o presidente sírio, Bashar al Assad", considerou.

Ex-diretor da CIA (2009-2011), Panetta considera que as decisões que Obama tomou nos últimos dois anos permitiram que o EI se fortalecesse e que agora seja mais difícil combatê-lo, uma guerra que poderia durar cerca de 30 anos.

"Acho que estamos falando de uma guerra de uns 30 anos", disse, um confronto que, na sua opinião, se ampliará além do Estado Islâmico para incluir ameaças emergentes na Nigéria, Somália, Iêmen, Líbia e outros lugares.

"Talvez Obama se reencontre na gestão desta crise do EI. Espero que seja o caso. E se estiver disposto a arregaçar as mangas e fazer o Congresso abordar alguns dos assuntos pendentes, acho que poderia deixar um legado muito forte à sua presidência. Estes dois anos e meio nos dirão muito sobre o que a história tem a dizer sobre sua Administração", acrescentou.

No entanto, no capítulo final do livro, Panetta afirma que a maior fraqueza de Obama é uma "frustrante reticência para convencer seus oponentes e obter apoios para sua causa".

"Com muita frequência, se baseia na lógica de um professor de direito ao invés da paixão de um líder. Em algumas ocasiões, evita a batalha, se queixa e perde oportunidades", diz o texto.

Perante o que o jornal "Washington Post" classificou nesta terça-feira como "incrível deslealdade dos subordinados", o vice-presidente do governo, Joe Biden, saiu em defesa de Obama na quinta-feira em um discurso em Harvard.

"Vejo que os ex-funcionarios da Administração, logo que deixam seus postos escrevem livros, algo que acho inadequado. Pelo menos deem ao menino -Obama- a oportunidade de deixar o cargo", afirmou, em referência ao imediatismo das críticas quando ainda restam dois anos e meio de mandato.

O primeiro secretário de Defesa de Obama, Robert Gates, criticou em um livro no começo do ano que o presidente, seu chefe por mais de dois anos, não encontrou sua própria estratégia para o Afeganistão e desconfiou do conselho de seus assessores militares.

Gates foi o último secretário de Defesa na Administração do ex-presidente George W. Bush e continuou no cargo com Obama até junho de 2011.

São Paulo - Os Estados Unidos sempre se viram como uma nação excepcional, como o "farol da humanidade". Essa ideia é levada muito a sério pelos americanos há quase um século: é o "American Excepcionalism". Contudo, muitas pessoas têm se questionado se o conceito não está ameaçado.Veja a seguir oito pesquisas cujos dados indicam que os "EUA excepcional" pode estar mudando radicalmente:
  • 2. Cidadania americana

    2 /10(Ali al-Saadi/AFP)

  • Veja também

    Em 2013, 2999 cidadãos americanos renunciaram a sua cidadania, o maior número da história e um aumento de 753% em relação a 1998Entre 2012 e 2013, o salto foi gigantesco: de 932 para 2999.Fonte: Treasury Department/PolicyMic
  • 3. Mais idas que vindas

    3 /10(Getty Images)

  • Em 2012, 8 países receberam mais americanos que mandaram seus cidadãos para os EUA, entre eles Brasil, China, Austrália e Chile.Em 2011, esse “déficit” só tinha ocorrido com 4 países.Fonte: UniGroup Relocation/Business Insider
  • 4. Sem religião

    4 /10(REUTERS/Lucas Jackson)

    Em 1990, 7,7% diziam não ter nenhuma afiliação religiosa. Em 2012, essa porcentagem chegou a 19,7%.  Entre jovens de 18 a 24 anos, 1 entre 3 se diz sem religião. Entre os que se dizem liberais, essa porcentagem chega a 40%. Em 1972, apenas 1 entre 20 não tinha religião. Em 2013, 1 entre 5.  Fonte: General Social Survey
  • 5. O melhor país do mundo

    5 /10(AFP)

    50% dos americanos de 65 anos ou mais acreditam que nenhum país é melhor que os EUA.Entre os jovens de 18 a 29 anos, essa porcentagem cai para 27%. 12% deles acreditam que há outras nações melhores.Fonte: Pew Research Center (2011)
  • 6. Orgulho da América

    6 /10(Stock.xchng)

    2 entre 3 idosos nos EUA dizem ter “extremos orgulho da América”. Apenas 2 entre 5 jovens dizem o mesmo. Americanos acima de 50 anos são mais propensos que os europeus (superando-os em 15 pontos percentuais) a falar que “a cultura americana” é superior. Entre os jovens americanos, é ao contrário: são menos propensos que os europeus em afirmar isso. Fonte: Public Religion Research Institute
  • 7. Determinismo americano

    7 /10(Jewel Samad/AFP)

    Os americanos sempre alimentaram a noção de que, não importando o meio, você poderia vencer e ser rico. Os jovens não pensam assim: eles são mais propensos que os adultos (14 pontos mais) a dizer que, nos EUA, a riqueza se deve mais ao “berço e aos contatos certos” que “ao trabalho, ambição e educação”. Fonte: Pew Research
  • 8. Capitalismo x Socialismo

    8 /10(Joe Raedle/Getty Images)

    Os adultos dizem preferir o capitalismo ao socialismo com uma vantagem de 27 pontos percentuais. Já os jovens por pouco não preferiram o socialismo em sua maioria.Em 2003, os americanos concordavam mais com a afirmação “o livre-mercado é o melhor sistema” que italianos, alemães ou britânicos. Em 2010, a situação se inverteu. Fonte: Pew Research e GlobeScan
  • 9. Senhores das armas

    9 /10(Chung Sung-Jun/Getty Images)

    Os adultos americanos acreditam muito mais que os adultos britânicos que o seu país não precisa de aprovação da ONU para ir à guerra (29 pontos percentuais acima). Entre os jovens essa diferença é de apenas 8 pontos percentuais.  Jovens americanos concordam mais com a afirmação "os EUA devem levar os interesses de seus aliados em conta, mesmo que isso comprometa o interesse americano" que os americanos mais velhos (23 pontos percentuais acima). Eles também são muito mais favoráveis à ONU que os mais velhos (24 pontos percentuais acima).
  • 10. Entenda mais sobre as mudanças nos EUA

    10 /10(Alex Wong/Getty Images)

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