BARACK OBAMA: o presidente deixa o cargo na sexta-feira, quando passa o bastão para o republicano Donald Trump / Aude Guerrucci-Pool/ Getty Images
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2016 às 05h26.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h27.
O fim do mandato de Barack Obama tem tudo para ser simbólico. Nesta quarta-feira, uma parte dessa simbologia se materializa em um importante discurso previsto para acontecer na Acrópole, cidade alta de Atenas que no século V a.C. viu nascer a democracia grega. Nada mais adequado. A fala de Obama se somará a outros grandes nomes que já discursaram às multidões na capital grega: de Péricles, na sua era de ouro, até os inflamados apelos do atual primeiro-ministro Alexis Tsipras para que a população suporte o fardo da crise do país.
Na terça-feira, Tsipras e Obama discutiram uma suavização da dívida grega, que tem forçado o país a uma austeridade severa. Para Tsipras, as medidas de austeridade impostas pela Europa à Grécia tornaram a crise econômica do país mais severa: a economia grega encolheu 25% e o desemprego atinge 27% da população. Obama segue depois para a Alemanha, onde se encontrará com a chanceler Angela Merkel e os líderes de Itália, França e Reino Unido.
Obama teme que a severidade econômica esteja jogando os países desenvolvidos diretamente no colo do populismo de direita, a exemplo de Donald Trump, o Brexit, Marine Le Pen, na França. Obama também está de olho em seu legado: Trump prometeu desfazer boa parte de sua política internacional, afirmando que está calcada em acordos ruins. Ontem, Obama voltou a criticar Trump, ao dizer que sua eleição usou medo e frustração da população em uma campanha nem sempre ligada aos fatos.
Um discurso impactante em Atenas pode ser mais uma forma de entrar para a história. Outros presidente americanos conseguiram feito parecido: John F. Kennedy, em 1963, foi a Berlim Ocidental se postar ao lado da República Federal da Alemanha depois que a União Soviética construiu o Muro de Berlim. Em 1987, Ronald Reagan pediu que os líderes soviéticos derrubassem o mesmo muro, em um famoso pronunciamento à frente do Portão de Brandemburgo. Assim como seus antecessores, Obama deve fazer um apelo econômico, político e social pelo futuro da democracia contemporânea. É bom ouvi-lo com atenção.