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Obama envia Geithner à Europa para pedir rápida saída da crise

Governo americano busca convencer os líderes europeus sobre a necessidade de tomar imediatamente decisões mais corajosas

Geithner pedirá medidas mais corajosas para rápida saída da crise (Richard A. Brooks/AFP)

Geithner pedirá medidas mais corajosas para rápida saída da crise (Richard A. Brooks/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2011 às 17h35.

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, envia na próxima semana à Europa seu secretário do Tesouro, Timothy Geithner, para reunir-se com os principais protagonistas na crise da dívida, de cuja solução depende cada vez mais seu próprio futuro político.

Em uma semana crítica para o euro, o Governo americano pretende mergulhar a fundo na tarefa de convencer os líderes europeus, especialmente a Alemanha, sobre a necessidade de tomar imediatamente decisões corajosas.

A semana que encerra foi a primeira em muitos meses de evolução positiva no índice de desemprego nos EUA, que desceu de 9% para 8,6%, o que devolveu as autoridades americanas a esperança de que a economia esteja se reativando.

Todos os observadores coincidem em que sem recuperação econômica e aumento sensível do emprego, as possibilidades de reeleição do presidente Obama em novembro de 2012 são pequenas.

Um colapso da zona do euro abortaria sem remédio a decolagem da economia dos EUA, não tanto pelos efeitos sobre o comércio, mas pela onda desestabilizadora que atingiria o sistema financeiro americano.

A quebra da empresa de investimentos MF Global no fim de outubro, em consequência de suas arriscadas operações com a dívida dos países periféricos europeus, foi a confirmação de que o Atlântico já não está protegido frente as tempestades financeiras que chegam da Europa.

O Federal Reserve (Fed, banco central americano) programou para o início do ano uma nova rodada de testes de estresse para medir a resistência real dos bancos americanos ao terremoto financeiro importado da zona do euro.

Segundo o jornal 'The Washington Post', Geithner não desembarca na Europa com nenhuma grande proposta na bagagem. Na realidade, não é a primeira vez que o secretário do Tesouro vai se integrar às discussões europeias.

Em setembro, ele participou na Polônia da reunião de ministros de Finanças da zona do euro, na qual pediu que os países enfrentassem a situação com energia e apresentou aos colegas as medidas adotadas pelos EUA para levantar-se e cortar o pânico provocado pelo afundamento do banco de investimento Lehman Brothers em 2008.

Mas desta vez o responsável americano, um homem-chave cuja influência sobre Obama foi crescendo com o tempo, não se limitará a ligar para seus colegas, mas deve reunir-se com os máximos líderes às vésperas de uma cúpula na qual terão de tomar decisões definitivas.


Conforme comunicado do Tesouro, Geithner chega na terça-feira a Frankfurt (Alemanha) para encontro pela manhã com o novo presidente do Banco Central Europeu (BCE), o italiano Mario Draghi, e com o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann. À tarde viaja para Berlim para reunir-se com o ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schauble.

A etapa alemã será sem dúvida a mais delicada. Para os dirigentes americanos é difícil entender por que a autoridade monetária europeia não interveio ainda com energia no mercado da dívida para impedir o contágio da crise grega. Ao contrário do que ocorre nos EUA, o BCE é proibido de comprar diretamente dívida dos Governos.

O plano que os dirigentes europeus parecem estar desenhando, no entanto, contempla um endurecimento extraordinário da disciplina fiscal entre os membros da Eurozona, como condição para que o BCE possa empregar indiretamente seus ilimitados recursos em apoio dos países abalados.

Uma via para colocar em prática seria emprestando dinheiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para que este empreste, por sua vez, repasse aos estados em dificuldades. Os EUA são o principal contribuinte do FMI.

Na quarta-feira, o secretário do Tesouro vai para Paris, onde será recebido pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, e conversa com o ministro de Finanças, François Baroin.

Depois segue para Marselha para reunir-se com o vencedor das recentes eleições na Espanha e próximo presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, quem participará na cidade francesa da cúpula extraordinária do Partido Popular Europeu.

Por fim, na quinta-feira, véspera da cúpula da União Europeia, Geithner vai a Milão, na Itália, para encontro com o presidente do Conselho de ministros italiano e ministro da Economia e Finanças, Mario Monti.

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