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O plano russo para melar (de novo) eleições nos EUA: fake news de covid-19

Textos em inglês de russos teriam desinformação sobre coronavírus, dizem oficiais americanos. Em 2016, a acusação foi de que tentaram influenciar a eleição

Eleições americanas: sites, anúncios em redes sociais e robôs ligados ao governo russo foram acusados de influenciar eleição de Donald Trump em 2016 (Tom Brenner/File Photo/Reuters)
CR

Carolina Riveira

Publicado em 29 de julho de 2020 às 08h48.

Última atualização em 29 de julho de 2020 às 09h17.

A Rússia estaria criando artigos de notícias falsas em inglês para espalhar, entre americanos, desinformação sobre o coronavírus . A informação foi divulgada por fontes oficiais do governo dos Estados Unidos à agência de notícias Associated Press e surge a menos de 100 dias das eleições presidenciais americanas, marcadas para o próximo dia 3 de novembro.

O conteúdo divulgado pelos sites que seriam ligados ao governo russo trazem material sobretudo contra o candidato do Partido Democrata, Joe Biden, como alegações de corrupção. Biden disputará a presidência com Donald Trump, do Partido Republicano, eleito em 2016.

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Segundo as fontes, são mais de 150 artigos que viriam de uma unidade de inteligência do exército russo. Há ao menos três sites encontrados que espalham o conteúdo (InfoROS.ru, Infobrics.org e OneWorld.press).

Também há conteúdo contra o movimento Black Lives Matter (vidas negras importam), que pede justiça racial, igualdade de oportunidades e fim da violência policial contra negros nos EUA.

Russos na eleição de 2016

O temor dos americanos é que haja uma repetição do que aconteceu na última eleição presidencial, quando os russos foram acusados de tentar interferir no pleito. Os principais conteúdos eram contra a então candidata democrata, a ex-secretária de Estado e ex-primeira dama Hillary Clinton.

As acusações são de que os russos tenham usado anúncios pagos em redes sociais, como o Facebook, e robôs nestas mesmas redes (os chamados bot). O intuito seria difamar a candidata e construir opinião contrária a ela entre parte dos eleitores. Sites da campanha de Clinton também foram hackeados.

Na investigação sobre a participação dos russos em 2016, o próprio Donald Trump chegou a ser acusado de ter colaborado com os ataques.

Uma investigação liderada pelo promotor Robert Mueller concluiu que houve uma tentativa "sistemática" dos russos de influenciar eleitores americanos. O inquérito, no fim, não apresentou evidências concretas sobre a participação de Trump.

Agora, outras acusações de tentativa de interferência russa nas eleições de 2018 já haviam sido levantadas por veículos como CNN e The New York Times em fevereiro.

Material desse tipo também tentaria "minar a confiança" no "processo democrático" americano entre alguns eleitores. A declaração foi feita na última sexta-feira, 24, por William Evanina, diretora do Centro Nacional de Contrainteligência e Segurança do governo americano.

Contudo, entre as fontes ouvidas pela AFP desta vez, não está claro se os três sites investigados neste momento têm intenção de influenciar as eleições americanas. O foco do conteúdo, por ora, está em desinformação sobre o coronavírus e o que seria, segundo as fontes, uma ridicularização da resposta americana à pandemia.

Trump e redes

A informação sobre suposta interferência russa também surge um dia depois de novas polêmicas envolvendo desinformação nas redes sociais e a família de Donald Trump. O Twitter “suspendeu” nesta terça-feira, 28, por 12 horas a conta na rede social de Donald Trump Jr., um dos filhos do presidente. A justificativa dada pela empresa foi que o empresário de 42 anos “compartilhou desinformação” sobre a covid-19.

O alvo da vez foi um vídeo publicado pelo site Breitbart, que viralizou na segunda-feira, 27, com informações falsas sobre a pandemia do novo coronavírus.

O vídeo traz um grupo de médicos afirmando que a hidroxicloroquina é uma "cura" comprovada para a covid-19, o que ainda não foi comprovado por estudos, e que não é preciso usar máscara.

O material havia sido compartilhado por Donald Trump Jr. e pelo próprio presidente Donald Trump em suas redes na segunda-feira, 27. Depois, foi tirado do ar por Twitter, Facebook e YouTube, quando já tinha 14 milhões de visualizações.

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