Exame Logo

O elefante, animal onipresente na Índia

Autoridades aumentaram os esforços para preservar animais, ao mesmo tempo em que tentam reduzir os conflitos com humanos

Elefantes em festival na Índia (Daniel Berehulak/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2012 às 10h54.

Nova Délhi, 20 mai (EFE).- Com uma grande tradição religiosa e cultural sobre seus lombos, o elefante é um animal onipresente na Índia , onde as autoridades aumentaram os esforços para sua conservação, ao mesmo tempo em que tentam reduzir os conflitos com humanos.

Segundo o último censo oficial, a Índia abriga uma população, em leve aumento, de 27.700 elefantes selvagens, em torno da metade do total de paquidermes na Ásia, enquanto outros 3.500 exemplares domesticados vivem em cativeiro.

É um número modesto em comparação com as colônias de seu parente africano naquele continente, mas não diminui a relevância do animal na sociedade indiana, onde sua figura povoa ornamentos e templos, serve de propaganda eleitoral ou abençoa celebrações.

Para o budismo, cunhado na Índia há mais de dois milênios, o elefante é um símbolo de força da mente, e no hinduísmo, a religião majoritária, encarna Ganesh, um deus com cabeça de elefante que representa sabedoria, boa sorte e prosperidade.

Ganesh é muito popular no oeste e sul do país, sobretudo na metrópole portuária de Mumbai, na qual a cada ano milhões de cidadãos o homenageiam com preces e submergem no mar dezenas de milhares de figuras artesanais da deidade.

Durante séculos o paquiderme foi um transporte habitual para as classes mais nobres e hoje é recorrente para se referir metaforicamente à Índia no plano geopolítico internacional frente, por exemplo, ao dragão chinês.


O elefante continua sendo de fato visível em muitas das grandes cidades deste gigante asiático, apesar de em cidades como Nova Délhi existirem restrições a sua movimentação.

Atualmente na capital indiana há apenas uma quinzena de exemplares, todos eles domesticados, que têm seus quartéis em esplanadas centrais com árvores nas margens do rio Yamuna.

Em um destes locais, os cuidadores passam o dia com os elefantes sem muitos sobressaltos, junto a tendas rústicas.

Na época mais quente do ano, que vai de abril a agosto, os paquidermes têm pouco trabalho, relatou à Efe Mohammed Hasif, cuja família desempenhou o ofício durante gerações.

Como cuidador - acrescentou Hasif - ganha cerca de US$ 56 por mês para alimentar, banhar e se ocupar as 24 horas do dia de um elefante.

'Trabalham em festivais religiosos, às vezes nas festas de aniversário das crianças, também em comemorações como o Dia da República, nos casamentos', explicou Naushad Ali, proprietário de cinco destes mamíferos.

'Assim sobrevivemos. Isto não dá tanto dinheiro, é um negócio herdado', ressaltou esta fonte.

Os elefantes selvagens, por sua vez, estão espalhados em cerca de 30 reservas que ocupam 65 mil quilômetros quadrados, o equivalente à superfície do Sri Lanka.

Mais da metade dos estados indianos têm paquidermes em liberdade e as principais colônias estão no sul e no nordeste.


Em 2010, o elefante foi declarado 'patrimônio nacional' e desde então as autoridades estão dando passos para equiparar as medidas de proteção às do tigre, embora muitos dos projetos aprovados careçam de financiamento adequado.

O assunto não é superficial pois a radiografia das mortes mostra dados preocupantes, segundo o Ministério de Meio Ambiente do país.

Só um terço - cerca de cem - dos paquidermes que morrem a cada ano é por causas naturais, e dois terços são mortos por aldeões que defendem suas colheitas ou de traficantes de marfim.

Este último fator é complicado de contabilizar visto que os caçadores costumam esconder os corpos e estes frequentemente aparecem muito mais tarde, como é o caso dos quatro encotrados este mês em uma reserva da região oriental de Orissa.

Mas os elefantes não são só vítimas, mas por sua vez são os responsáveis pela destruição a cada ano de perto de um milhão de hectares de campos de cultivo e da morte de cerca de 400 pessoas.

'As mudanças no uso da terra abrem espaço para conflitos. É preciso promover uma coexistência pacífica', expôs à Efe K.S. Khanduri, encarregado do departamento de Florestas do Ministério de Meio Ambiente.

No começo de maio duas dúzias de fiéis ficaram feridos por um elefante que se tornou agressivo durante a celebração de um festival na região de Kerala, o principal reduto desses animais na Índia.

Khanduri apostou, no entanto, por continuar aumentando o espaço das reservas e desenvolvendo o enorme potencial do elefante, que qualificou de 'grande' símbolo e fonte de atração turística para a Índia. EFE

Veja também

Nova Délhi, 20 mai (EFE).- Com uma grande tradição religiosa e cultural sobre seus lombos, o elefante é um animal onipresente na Índia , onde as autoridades aumentaram os esforços para sua conservação, ao mesmo tempo em que tentam reduzir os conflitos com humanos.

Segundo o último censo oficial, a Índia abriga uma população, em leve aumento, de 27.700 elefantes selvagens, em torno da metade do total de paquidermes na Ásia, enquanto outros 3.500 exemplares domesticados vivem em cativeiro.

É um número modesto em comparação com as colônias de seu parente africano naquele continente, mas não diminui a relevância do animal na sociedade indiana, onde sua figura povoa ornamentos e templos, serve de propaganda eleitoral ou abençoa celebrações.

Para o budismo, cunhado na Índia há mais de dois milênios, o elefante é um símbolo de força da mente, e no hinduísmo, a religião majoritária, encarna Ganesh, um deus com cabeça de elefante que representa sabedoria, boa sorte e prosperidade.

Ganesh é muito popular no oeste e sul do país, sobretudo na metrópole portuária de Mumbai, na qual a cada ano milhões de cidadãos o homenageiam com preces e submergem no mar dezenas de milhares de figuras artesanais da deidade.

Durante séculos o paquiderme foi um transporte habitual para as classes mais nobres e hoje é recorrente para se referir metaforicamente à Índia no plano geopolítico internacional frente, por exemplo, ao dragão chinês.


O elefante continua sendo de fato visível em muitas das grandes cidades deste gigante asiático, apesar de em cidades como Nova Délhi existirem restrições a sua movimentação.

Atualmente na capital indiana há apenas uma quinzena de exemplares, todos eles domesticados, que têm seus quartéis em esplanadas centrais com árvores nas margens do rio Yamuna.

Em um destes locais, os cuidadores passam o dia com os elefantes sem muitos sobressaltos, junto a tendas rústicas.

Na época mais quente do ano, que vai de abril a agosto, os paquidermes têm pouco trabalho, relatou à Efe Mohammed Hasif, cuja família desempenhou o ofício durante gerações.

Como cuidador - acrescentou Hasif - ganha cerca de US$ 56 por mês para alimentar, banhar e se ocupar as 24 horas do dia de um elefante.

'Trabalham em festivais religiosos, às vezes nas festas de aniversário das crianças, também em comemorações como o Dia da República, nos casamentos', explicou Naushad Ali, proprietário de cinco destes mamíferos.

'Assim sobrevivemos. Isto não dá tanto dinheiro, é um negócio herdado', ressaltou esta fonte.

Os elefantes selvagens, por sua vez, estão espalhados em cerca de 30 reservas que ocupam 65 mil quilômetros quadrados, o equivalente à superfície do Sri Lanka.

Mais da metade dos estados indianos têm paquidermes em liberdade e as principais colônias estão no sul e no nordeste.


Em 2010, o elefante foi declarado 'patrimônio nacional' e desde então as autoridades estão dando passos para equiparar as medidas de proteção às do tigre, embora muitos dos projetos aprovados careçam de financiamento adequado.

O assunto não é superficial pois a radiografia das mortes mostra dados preocupantes, segundo o Ministério de Meio Ambiente do país.

Só um terço - cerca de cem - dos paquidermes que morrem a cada ano é por causas naturais, e dois terços são mortos por aldeões que defendem suas colheitas ou de traficantes de marfim.

Este último fator é complicado de contabilizar visto que os caçadores costumam esconder os corpos e estes frequentemente aparecem muito mais tarde, como é o caso dos quatro encotrados este mês em uma reserva da região oriental de Orissa.

Mas os elefantes não são só vítimas, mas por sua vez são os responsáveis pela destruição a cada ano de perto de um milhão de hectares de campos de cultivo e da morte de cerca de 400 pessoas.

'As mudanças no uso da terra abrem espaço para conflitos. É preciso promover uma coexistência pacífica', expôs à Efe K.S. Khanduri, encarregado do departamento de Florestas do Ministério de Meio Ambiente.

No começo de maio duas dúzias de fiéis ficaram feridos por um elefante que se tornou agressivo durante a celebração de um festival na região de Kerala, o principal reduto desses animais na Índia.

Khanduri apostou, no entanto, por continuar aumentando o espaço das reservas e desenvolvendo o enorme potencial do elefante, que qualificou de 'grande' símbolo e fonte de atração turística para a Índia. EFE

Acompanhe tudo sobre:AnimaisÁsiaÍndiaPreservação ambiental

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame