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'O déspota morreu, a Líbia está livre'

Emoção tomou conta de Trípoli após a confirmação da morte de Kadafi

Líbios com a bandeira rebelde comemoram a morte de Kadafi em Trípoli (Mahmud Turkia/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2011 às 17h28.

Trípoli - "O déspota morreu, a Líbia está livre", comenta um funcionário de um hotel em Trípoli, com os olhos pregados na televisão, que divulga a toda a hora uma foto de Muammar Kadafi morto, com o rosto e as roupas em sangue.

"Não posso acreditar nos meus olhos. Acabou, acabou... Allah Akbar (Deus é grande). Venham ver! É ele mesmo", repete, dirigindo-se a seus colegas.

Fora, os partidários do novo regime festejam a notícia à sua maneira, atirando para o ar com diferentes tipos de armas, da kalachnikov à artilharia pesada.

A proibição pelas autoridades de Trípoli desses tiros de demonstração de algria foi feita em vão. Viaturas circulavam nesta quinta-feira na capital, lembrando através de alto falantes que os tiros de alegria eram "haram" (proibidos pelo Islã), segundo um decreto religioso (fatwa) anunciado recentemente por Sadok Ghariani, um dignitário respeitado.

Alguns não acreditam na notícia, principalmente após informações contraditórias sobre a detenção ou a morte de personalidades nas últimas semanas.

"Não acredito. É priciso ver um vídeo", lança um homem armado que esteve na frente de batalha em Bani Walid, um dos feudos de Kadafi, "libertado" há dois dias.

Para Anis, um motorista de 20 anos, se o ex-líder estivesse vivo, teria continuado a representar uma ameaça para o país.

"Estou contente de que tenha sido morto. Senão, ainda representaria perigo para a Líbia", repetiu.

"Agora, é preciso encontrar Seif Al-Islam", um dos filhos de Kadafi, procurado pela justiça internacional e que teve um papel importante na repressão mortífera da revolta líbia, acrescentou.


Dezenas de viaturas patrulhavam as ruas da capital, acionando as buzinas de um modo ensurdecedor, provocando engarrafamentos em vários bairros da capital.

Na praça dos Mártires, ex-praça Verde, milhares de pessoas se reuniram, agitando bandeiras da nova Líbia, nas cores vermelha, preta e verde.

Outros já pensam na Líbia pós-Kadafi.

"Devemos pensar, agora, no amanhã. Perdemos muito tempo, basta", afirma Mohamed, 24 anos, que prefere não ter o sobrenome divulgado.

"Espero que as forças políticas entrem em acordo rapidamente sobre o futuro da Líbia", disse, no momento em que começam a se fazer sentir temores sobre uma luta de poderes entre tribos, regiões e entre islamitas e liberais.

Nesta quarta-feira, o número dois do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mahmud Jibril, expressou em Trípoli temores quanto ao "caos" que poderia resultar em "batalha política" precoce.

Mais otimista, Afaf, uma professora, estima que "os líbios têm uma grande esperança no futuro. Amanhã será certamente melhor", afirma-ela.

"Há um sentimento de liberdade. Todos criticam todos. É normal que haja diferenças", destaca.

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Trípoli - "O déspota morreu, a Líbia está livre", comenta um funcionário de um hotel em Trípoli, com os olhos pregados na televisão, que divulga a toda a hora uma foto de Muammar Kadafi morto, com o rosto e as roupas em sangue.

"Não posso acreditar nos meus olhos. Acabou, acabou... Allah Akbar (Deus é grande). Venham ver! É ele mesmo", repete, dirigindo-se a seus colegas.

Fora, os partidários do novo regime festejam a notícia à sua maneira, atirando para o ar com diferentes tipos de armas, da kalachnikov à artilharia pesada.

A proibição pelas autoridades de Trípoli desses tiros de demonstração de algria foi feita em vão. Viaturas circulavam nesta quinta-feira na capital, lembrando através de alto falantes que os tiros de alegria eram "haram" (proibidos pelo Islã), segundo um decreto religioso (fatwa) anunciado recentemente por Sadok Ghariani, um dignitário respeitado.

Alguns não acreditam na notícia, principalmente após informações contraditórias sobre a detenção ou a morte de personalidades nas últimas semanas.

"Não acredito. É priciso ver um vídeo", lança um homem armado que esteve na frente de batalha em Bani Walid, um dos feudos de Kadafi, "libertado" há dois dias.

Para Anis, um motorista de 20 anos, se o ex-líder estivesse vivo, teria continuado a representar uma ameaça para o país.

"Estou contente de que tenha sido morto. Senão, ainda representaria perigo para a Líbia", repetiu.

"Agora, é preciso encontrar Seif Al-Islam", um dos filhos de Kadafi, procurado pela justiça internacional e que teve um papel importante na repressão mortífera da revolta líbia, acrescentou.


Dezenas de viaturas patrulhavam as ruas da capital, acionando as buzinas de um modo ensurdecedor, provocando engarrafamentos em vários bairros da capital.

Na praça dos Mártires, ex-praça Verde, milhares de pessoas se reuniram, agitando bandeiras da nova Líbia, nas cores vermelha, preta e verde.

Outros já pensam na Líbia pós-Kadafi.

"Devemos pensar, agora, no amanhã. Perdemos muito tempo, basta", afirma Mohamed, 24 anos, que prefere não ter o sobrenome divulgado.

"Espero que as forças políticas entrem em acordo rapidamente sobre o futuro da Líbia", disse, no momento em que começam a se fazer sentir temores sobre uma luta de poderes entre tribos, regiões e entre islamitas e liberais.

Nesta quarta-feira, o número dois do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mahmud Jibril, expressou em Trípoli temores quanto ao "caos" que poderia resultar em "batalha política" precoce.

Mais otimista, Afaf, uma professora, estima que "os líbios têm uma grande esperança no futuro. Amanhã será certamente melhor", afirma-ela.

"Há um sentimento de liberdade. Todos criticam todos. É normal que haja diferenças", destaca.

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