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O Brasil deve fechar as portas para a energia nuclear?

Perspectiva de esgotamento da expansão do potencial hidrelétrico nacional nas próximas décadas ressuscita o debate sobre o investimento nessa fonte polêmica

Reservas de urânio existentes no país teriam condições de abastecer 10 usinas nucleares de 1MW durante 100 ano, indica pesquisa da FGV (Divulgação)

Vanessa Barbosa

Publicado em 3 de julho de 2013 às 19h18.

São Paulo - O Brasil tem o desafio de duplicar sua capacidade instalada de geração de energia nos próximos 15 anos. A maior parte dessa meta será alcançada por grandes usinas hidrelétricas, que já estão em construção, e por fontes complementares como eólica e biomassa. Mas no longo prazo, a hidroeletricidade, que hoje é a base da matriz, com 80% de participação, não dará conta sozinha de atender com segurança ao aumento crescente da demanda energética do país, segundo o governo.

Dos 260 mil MW do potencial hidroelétrico que o Brasil tem, apenas 160 mil MW deverão ser aproveitados. Os outros 100 mil MW estão em regiões sensíveis com severas restrições ambientais, como reservas florestais e terras indígenas. Projeções da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME) indicam que os 160 mil MW que o país tem segurança de aproveitar poderão se esgotar até 2030. Será preciso diversificar.

A perspectiva de esgotamento de expansão do potencial hidroelétrico e a necessidade de acionamento cada vez maior das poluentes térmicas a óleo para suprir a demanda de energia ressuscitou o debate sobre o investimento em energia nuclear no país, arrefecido depois do acidente de Fukushima .

Diante desse cenário de saturação do sistema elétrico, o governo estuda junto com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) definir uma maior participação da energia nuclear na matriz brasileira, que hoje é de 3%, parcela atendida pelas duas usinas de Angra dos Reis. A terceira, Angra 3, deverá entrar em operação em 2016.

"Não devemos fechar as portas para a energia nuclear, diz Altino Ventura Filho, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME. "Estamos convencidos de que não dá pra abastecer o país com fotovoltaica e eólica. Elas são importantes, porém têm papel mais complementar", afirmou durante evento na Fiesp para lançamento de um novo estudo da Fundação Getúlio Vargas sobre o futuro energético a geração nuclear nesta quarta-feira, em São Paulo.

Potencial da fonte nuclear

O estudo, desenvolvido pelo Coordenador de Projetos da FGV, Otavio Mielnik, analisou como poderia ser desenvolvida a participação dessa fonte na matriz brasileira. Segundo a pesquisa, as reservas de urânio existentes no país, que em 2012, eram de 309 mil toneladas teriam condições de abastecer 10 usinas nucleares de 1MW durante 100 anos.


"Estima-se, no entanto, que o potencial de recursos em urânio do Brasil é de 800 mil toneladas, levando em conta as condições geológicas e o fato de apenas 25% do território ter sido prospectado", disse Mielnik.

A pesquisa ressalta ainda a existência de uma nova geração de reatores com mecanismo de segurança inovadores e com um custo de produção reduzido e com tempo de construção também reduzido.

Setor privado

Restrições orçamentárias por parte do governo poderiam restringir a expansão, limitando o número de usinas a serem construídas que poderiam atender, em condição de equilíbrio econômico-financeiro, as necessidades da demanda de energia elétrica e de operação do sistema.

No entanto, diz o estudo, esta restrição poderia ser superada com a entrada do setor privado como investidor na construção e concessionário na operação de usinas nucleares.

Por sua parte, o governo brasileiro estuda a entrada do setor privado no segmento nuclear, buscando um modelo que permita às empresas privadas participarem de novos empreendimentos como sócias da Eletrobras Eletronuclear.

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A perspectiva de esgotamento de expansão do potencial hidroelétrico e a necessidade de acionamento cada vez maior das poluentes térmicas a óleo para suprir a demanda de energia ressuscitou o debate sobre o investimento em energia nuclear no país, arrefecido depois do acidente de Fukushima .

Diante desse cenário de saturação do sistema elétrico, o governo estuda junto com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) definir uma maior participação da energia nuclear na matriz brasileira, que hoje é de 3%, parcela atendida pelas duas usinas de Angra dos Reis. A terceira, Angra 3, deverá entrar em operação em 2016.

"Não devemos fechar as portas para a energia nuclear, diz Altino Ventura Filho, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME. "Estamos convencidos de que não dá pra abastecer o país com fotovoltaica e eólica. Elas são importantes, porém têm papel mais complementar", afirmou durante evento na Fiesp para lançamento de um novo estudo da Fundação Getúlio Vargas sobre o futuro energético a geração nuclear nesta quarta-feira, em São Paulo.

Potencial da fonte nuclear

O estudo, desenvolvido pelo Coordenador de Projetos da FGV, Otavio Mielnik, analisou como poderia ser desenvolvida a participação dessa fonte na matriz brasileira. Segundo a pesquisa, as reservas de urânio existentes no país, que em 2012, eram de 309 mil toneladas teriam condições de abastecer 10 usinas nucleares de 1MW durante 100 anos.


"Estima-se, no entanto, que o potencial de recursos em urânio do Brasil é de 800 mil toneladas, levando em conta as condições geológicas e o fato de apenas 25% do território ter sido prospectado", disse Mielnik.

A pesquisa ressalta ainda a existência de uma nova geração de reatores com mecanismo de segurança inovadores e com um custo de produção reduzido e com tempo de construção também reduzido.

Setor privado

Restrições orçamentárias por parte do governo poderiam restringir a expansão, limitando o número de usinas a serem construídas que poderiam atender, em condição de equilíbrio econômico-financeiro, as necessidades da demanda de energia elétrica e de operação do sistema.

No entanto, diz o estudo, esta restrição poderia ser superada com a entrada do setor privado como investidor na construção e concessionário na operação de usinas nucleares.

Por sua parte, o governo brasileiro estuda a entrada do setor privado no segmento nuclear, buscando um modelo que permita às empresas privadas participarem de novos empreendimentos como sócias da Eletrobras Eletronuclear.

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