Mundo

Em Nova York, Trump afasta turistas

Patrick McGeehan © 2017 New York Times News Service Nova York – Pela primeira vez em sete anos, autoridades da cidade de Nova York esperam que o número de visitantes estrangeiros diminua – uma queda que atribuem às leis protecionistas e às palavras do presidente Donald Trump. Segundo eles, essas ações vêm assustando muitos turistas […]

NOVA YORK: turistas britânicos na Estátua da Liberdade; número de visitantes caiu após sete anos  / Christian Hansen/The New York Times

NOVA YORK: turistas britânicos na Estátua da Liberdade; número de visitantes caiu após sete anos / Christian Hansen/The New York Times

DR

Da Redação

Publicado em 13 de março de 2017 às 12h45.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h21.

Patrick McGeehan
© 2017 New York Times News Service

Nova York – Pela primeira vez em sete anos, autoridades da cidade de Nova York esperam que o número de visitantes estrangeiros diminua – uma queda que atribuem às leis protecionistas e às palavras do presidente Donald Trump. Segundo eles, essas ações vêm assustando muitos turistas que ajudam a alimentar o robusto crescimento da cidade desde a última recessão.

Em 28 de fevereiro, a agência de marketing de turismo da cidade, a NYC & Co., anunciou que sua previsão para visitantes internacionais passou de positiva para negativa desde que Trump foi eleito em novembro. A cidade agora espera atrair 300.000 estrangeiros a menos este ano do que em 2016, quando 12,7 milhões de visitantes internacionais passaram por aqui. Esse declínio vai afetar os negócios voltados para os turistas em pelo menos 600 milhões de dólares em vendas, segundo estimativas da agência.

O executivo chefe da NYC & Co., Fred Dixon, diz que as declarações e ações de Trump mudaram a percepção sobre a hospitalidade dos Estados Unidos exatamente no momento em que os turistas estavam fazendo planos para as férias de 2017. “Os europeus começam a vir a Nova York na Páscoa e continuam durante o verão. É aí que vamos ver a retórica de Washington ter realmente um impacto nas viagens”, afirma Dixon.

As notícias sobre a revisão do plano abortado de Trump para barrar visitantes de sete países de maioria muçulmana podem diminuir ainda mais o interesse em viajar para a cidade de Nova York, o destino mais popular dos Estados Unidos para turistas estrangeiros, de acordo com Dixon. Os funcionários da Casa Branca não responderam aos pedidos para comentar as declarações.

Espera-se que o resto do país passe por um declínio ainda maior no afluxo de turistas estrangeiros nos próximos dois anos, diz Adam Sacks, presidente do Tourism Economics, empresa internacional que prevê as tendências de viagem para várias cidades nos Estados Unidos, incluindo Nova York. Ele afirma que o número anual de visitantes estrangeiros para os Estados Unidos poderia cair em 6,3 milhões de pessoas de 2016 para 2018 por causa das reações ao discurso e às ações de Trump, como as promessas de se retirar de acordos internacionais de comércio. “Estamos esperando um ano muito desafiador para o turismo nos Estados Unidos”, confirmou Sacks.

Ele explica que os indicadores de interesse em visitar os EUA, entre eles as pesquisas on-line de passagens aéreas e hotéis, começaram a cair depois da eleição. E diminuíram mais após Trump tomar posse, ainda mais depois que ele assinou a ordem executiva para iniciar a proibição de viagens, conta Sacks. “Todos os dados mostram uma mudança dramática no comportamento e no interesse. E isso com certeza se acelerou depois da ordem executiva.”

Sacks conta que sua empresa tem um “histórico sólido” de previsão de turismo, mas afirma que há menos certezas na estimativa do que ele chama de “impactos de Trump”.

A ForwardKeys, companhia espanhola que avalia viagens, diz que viu uma “queda imediata” nas reservas de voos para os Estados Unidos depois que a proibição de viagem foi anunciada, incluindo uma diminuição de 13,6 por cento de pessoas da Europa Ocidental.

No outono, a U.S. Travel Association projetou um aumento de 3,3 por cento de turistas internacionais, para quase 160 milhões, este ano. Mas o grupo agora está reunindo informações para avaliar se precisa revisar essa previsão, explica Jonathan Grella, porta-voz da associação em Washington. Grella afirma que o desafio seria desvincular as implicações políticas dos atos e declarações de Trump dos efeitos do aumento do valor do dólar nos planos de viagens dos estrangeiros.

Para combater a percepção de um clima menos hospitaleiro, a NYC & Co. planeja começar a substituir algumas de suas propagandas no exterior por cartazes declarando que a cidade está “Acolhendo o Mundo”. Dixon explica que Nova York vai “duplicar sua mensagem de boas-vindas”.

Alicia Glen, secretária de desenvolvimento econômico e habitação da cidade, diz que afastar as pessoas nunca foi o estilo de Nova York. “Somos um lugar que acolhe todo mundo. Essa ideia está em nossos valores e em nossos interesses econômicos. Vamos sempre dizer aos visitantes que é isso que representamos, assim poderemos manter esta cidade a mais visitada internacionalmente e a mais segura dos EUA.”

Nova York ainda espera um pequeno aumento no turismo este ano, mas apenas por causa de um crescimento nas viagens domésticas, segundo Dixon. As previsões da NYC & Co. são de que a cidade, que atraiu 60,7 milhões de visitantes em 2016, vai ver esse número aumentar para 61,7 milhões, com um crescimento de 1,3 milhão de visitantes internos compensando o declínio dos turistas estrangeiros.

Antes da eleição de Trump, a cidade esperava aumentar o número de visitantes estrangeiros em 400.000 em 2017, conta Dixon. Essa mudança custará muito para a economia de Nova York, afirma, porque os turistas de outros países ficam mais tempo e gastam mais do que os americanos. Na média, um estrangeiro gasta cerca de 2.000 dólares na cidade, comparado com uma média de 500 dólares dos americanos.

“Esperamos ansiosamente por um 2017 muito forte. Viagem é uma mercadoria muito preciosa e as pessoas têm escolhas. Quando as férias de 2017 acabarem, elas não as terão de volta”, diz Dixon.

Acompanhe tudo sobre:Exame Hoje

Mais de Mundo

Tim Walz reforça tática de Kamala de usar tom alegre contra Trump

Daniel Noboa, presidente do Equador, será candidato a reeleição em 2025

3 pontos das primárias em Michigan que podem apontar os rumos das eleições nos EUA

Venezuela: oposição denuncia prisão de dois dirigentes e diz que "escalada de repressão deve parar"

Mais na Exame