Segundo o presidente, "a ajuda tinha de ser sustentável, permanente" (Allison Shelley/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2011 às 06h52.
Madri - O novo presidente do Haiti, Michel Martelly, criticou nesta sexta-feira, em Madri, o uso do dinheiro da ajuda internacional recebida por seu país após o terremoto de janeiro de 2010, que cifrou em US$ 4 bilhões.
"Uma das coisas que mais me inquietam é que depois do terremoto injetamos US$ 4 bilhões e hoje eu, presidente do Haiti, tenho problemas para identificar um projeto, algo que tenha sido feito com esses US$ 4 bilhões", disse Martelly, em visita oficial à Espanha.
Em entrevista à emissora privada de rádio "Cadena Ser", o líder, que tomou posse de seu cargo para um período de cinco anos em 14 de maio, quando substituiu René Préval, considerou que "não havia nenhum controle sobre as despesas".
"Talvez alguns tenham gastado simplesmente para ter veículos blindados ou outras coisas que não eram tão necessárias", disse Martelly, que insistiu que, "de uma forma ou de outra, US$ 4 bilhões deveriam ser sentidos, deveriam ser vistos, teria de ser palpável toda essa ajuda".
Segundo sua opinião, "a ajuda tinha de ser sustentável, permanente. Por isso, acho que se fez mal, se pensou mal. Tem que haver responsáveis. Por isso, acho que é primordial mudar a forma de fazer as coisas no Haiti para termos resultados sustentáveis, tangíveis, permanentes", assegurou.
A intenção de Martelly é conquistar esse objetivo "através dos próximos investimentos que forem feitos no Haiti, porque os haitianos não querem ajuda, mas que investidores cheguem ao país, se instalem ali e permitam a criação de emprego e que facilitem o desenvolvimento do próprio país".
O líder, que foi eleito presidente sem contar com experiência política, já que era conhecido por sua carreira musical sob o nome artístico de Sweet Micky, destacou a educação e a agricultura como os grandes desafios de seu país.
"Queremos criar um fundo para a educação para que a partir de setembro possamos levar 100 mil crianças à escola", disse o líder, que ressaltou que os problemas da educação já existiam no Haiti antes do terremoto, mas que foram agravados pelo mesmo.
Após o terremoto, "mais de 1 mil escolas" ficaram destruídas, disse Martelly, que ontem se reuniu com o chefe do Executivo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, e hoje será recebido pelo rei Juan Carlos.
Quanto à agricultura, Martelly disse que o país, que antes era "auto-suficiente" e produzia café, cacau e açúcar, entre outros alimentos, inclusive para exportação, hoje importa tudo o que consome.