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Nova Friburgo junta forças para reconstruir economia local

Para presidente do CDL e do Sindicato do Comércio de Nova Friburgo, setores têxtil e de metal mecânica terão recuperação fácil

Área alagada em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro (Valter Campanato/ABr)
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Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2011 às 11h26.

Nova Friburgo (RJ) - No centro de Nova Friburgo, o cheiro forte da Avenida Euterpe vem da loja de Gustavo Andrade. Parte da ração perdida na enchente ainda está na frente da loja de materiais de agropecuária. Assim como seu carro, quase destruído, cheio de lama e água. Ele limpava a loja e o carro sem saber como salvar um e outro. Ainda não deu pra calcular o prejuízo, mas sabe que não foi pequeno. “Só sei que foi muita, mas muita ração jogada fora. E o carro taí. Quer comprar?”

Ele espera reabrir as portas neste sábado, e se juntar aos cerca de 80% de lojistas que tentam seguir a rotina normal. Mas ainda não pôde encomendar material, já que não tem lugar seco para guardar. Também não tem dinheiro para comprar todos os equipamentos que a água destruiu. “Se não houver uma grande ajuda, haverá recessão econômica na cidade. O desemprego vai ser um grande problema”, avalia o presidente do CDL e do Sindicato do Comércio de Nova Friburgo, Bráulio Rezende.

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Rezende diz que assim como o dono da loja de artigos de agropecuária, ninguém conseguiu calcular seu prejuízo. Ele tem feito reuniões com outros comerciantes e encaminhou pedidos de auxílio aos governos estadual e federal e linhas de financiamento junto à Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES.

Os setores têxtil e de metal mecânica, os principais de Nova Friburgo, devem se recuperar logo, acredita Rezende. “Quem compra é de fora da cidade, e lá não aconteceu nada. Então não perdemos mercado. As indústrias só precisam de recursos para reconstrução de prédios e aquisição de maquinário. Temos que fazer com que as empresas voltem a construir, a comprar estoques.”

A indústria realmente tem mais capacidade de se recuperar do que o comércio. Mas a enxurrada que arrasou a cidade varreu do mapa econômico local pelo menos três empresas grandes, e dezenas de pequenas confecções. A Fermoplast, que fazia botões, argolas, ganchos e fechos de plástico para confecções de lingeries e moda praia, a Ferragens 3F, que fabrica fechaduras, e a Nylonrend, de acabamentos para confecções. Levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostra que o prejuízo inicial das empresas foi de aproximadamente 150 milhões de reais.

Infra-estrutura - A cidade está voltando ao normal também no setor elétrico. Durante oito horas, na fatídica madrugada de quarta-feira, 100% da cidade ficou sem energia elétrica. No momento, segundo Amauri Damiance, gerente geral da Energiza de Nova Friburgo, 97% do sistema elétrico está funcionando na cidade. Os 3% correspondem à área rural, que ainda não tem acesso liberado. E é esse o maior problema. “Quando o lugar é de difícil acesso, precisam discutir com a Defesa Civil se é permitido passar. Temos recebido de 500 a 600 ligações por dia pedindo religamento, mas em muitos desses lugares ainda não temos chegar”, explica.

A Energiza está trabalhando em duas frentes. “Em alguns locais, estamos fazendo o religamento habitual. Mas em outros, onde passavam postes, não existem mais estradas, então não temos como remontá-los. Estamos procurando alternativas, remodelando todo o caminho”, diz Damiance. Cerca de 300 pessoas estão mobilizadas no novo projeto e nas operações normais, três vezes mais do que o contingente normal. “Temos muito trabalho pela frente”, diz Marcos Madureira, diretor de distribuição. Segundo ele, a empresa tinha um plano de contingência. “Não fosse isso, não teríamos nem por onde começar”. A maior dificuldade foi trazer a equipe de reforço para a cidade. “Uma viagem que levaria duas, três horas levou até 12.”

Duas usinas foram completamente perdidas, além de frota de carros e equipamentos. Essas duas estações, no entanto – Usina Catete e Usina Xavier –, não comprometem o abastecimento de energia na cidade, já que eram responsáveis por apenas 13% do que era enviado. O resto vem de outras estações, fora da cidade. “Considerando a proporção e o tempo em que agimos nos saímos muito bem”, avalia.

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