Pessoas caminham em local onde se realiza a cúpula da ONU para Mudança Climática, a COP20 (Enrique Castro-Mendivil/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2014 às 19h59.
Lima - As negociações da conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP20) se aceleravam nesta quinta-feira, faltando apenas um dia e meio para o encerramento da cúpula de Lima, na qual é aguardado o secretário de Estado americano, John Kerry.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, insistiu na urgência de deixar pronto um esboço que permita realizar os trabalhos com vistas à conferência de Paris em 2015, onde deve ser aprovado um acordo multilateral para conter o aquecimento global.
"Peço a todas as delegações a resolver os assuntos de procedimento e entregar um esboço de texto de negociação com status formal que permita começar a trabalhar nas sessões de fevereiro próximo", disse Ban, ao instalar a sessão plenária de quinta-feira.
"Não temos tempo a perder", ressaltou.
Os delegados de 195 países reunidos há quase duas semanas enfrentam uma pressão crescente para costurar um texto de indique de que forma diminuirão as emissões de carbono e como serão financiados os países pobres afetados pelas mudanças climáticas.
O pacto mundial deve ser aprovado em dezembro de 2015 em uma conferência em Paris para que entre em vigor a partir de 2020.
O ex-presidente mexicano Felipe Calderón, que encabeça a comissão global de economia e clima, fez um apelo a assumir maiores compromissos.
"Reduzir as emissões de carbono tem um custo que muitos países e companhias privadas não querem assumir", questionou.
Mas "crescimento não tem que significar contaminação. Podemos acessar energias renováveis a melhor preço que já tivemos", ressaltou Calderón.
Kerry vai se juntar nesta quinta-feira às deliberações e se reunirá com o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, cujo país sediará no ano que vem a negociação final
O governo americano projeta prevê cortar até 2025 suas emissões de carbono entre 26% e 28%, em comparação com os níveis de 2005.
De acordo com os Estados Unidos, a China também se comprometeu pela primeira vez a limitar suas emissões e a União Europeia fez o mesmo.
Os objetivos traçados pelos três grandes emissores de carbono - responsáveis pela produção de mais da metade dos gases de efeito estufa - conseguiram uma redução da temperatura de 0,2º C a 0,4º C até 2100, um nível ainda "insuficiente" para conter a projeção de aquecimento, segundo o Climate Action Tracker (CAT), um conglomerado de organizações que seguem as políticas de mudanças climáticas.
Lento progresso
"Está claro que o avanço das negociações nos últimos dez dias foi muito lento. O texto cresceu ao invés de se simplificar", disse o delegado europeu para o clima, Miguel Arias Cañete.
É hora de "assumir decisões com coragem e isto requer que os países entrem em áreas menos confortáveis", considerou.
As negociações estão previstas para terminar na última hora desta sexta-feira.
O texto final deve deixar o caminho aberto para costurar na COP21, em Paris, de que forma serão reduzidas as emissões de carbono para limitar a 2º C o aumento da temperatura da Terra em relação aos níveis da era pré-industrial.
As estimativas atuais dos cientistas advertem que, com o nível atual de emissões de carbono, as temperaturas aumentariam 4º C no fim do século, causando no futuro fenômenos climáticos extremos que ameaçam a segurança.
"A influência dos seres humanos no sistema climático agora é inquestionável e, enquanto mais alterarmos o clima, mais riscos correremos de sofrer impactos sérios, permanentes e irreversíveis", alertou nesta quinta-feira Rajendra Pachauri, encarregado do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), grupo de climatologistas chancelado pela ONU.
"Infelizmente, temos a forma de frear o aquecimentos e construir um mundo mais próspero e sustentável", disse.