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Não é só Bolsonaro: quem são os presidentes que não parabenizaram Biden

Após a vitória de Biden ser confirmada no sábado, 7, líderes globais em desavenças com os EUA ou mais próximos a Trump preferiram esperar

Xi Jinping: o presidente parabenizou Trump logo após a eleição em 2016, mas preferiu esperar mais definição com Biden (China News Service / Colaborador/Getty Images)
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Carolina Riveira

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 15h03.

Última atualização em 10 de novembro de 2020 às 15h09.

Com dois dias de atraso, o presidente turco Recep Erdogan virou notícia ao parabenizar nesta terça-feira o democrata Joe Biden , eleito presidente nos EUA após eleição na semana passada. Erdogan estava na lista dos líderes "atrasados" em parabenizar o novo eleito para o lugar do atual presidente, Donald Trump .

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, também é um dos que ainda não congratularam Biden. Ontem, o vice Hamilton Mourão disse que Bolsonaro talvez esteja aguardando terminar "esse imbróglio aí de discussão se tem voto falso, se não tem voto falso, para dar o posicionamento dele".

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Em evento nesta terça-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, também não falou do democrata como presidente eleito, e se limitou a dizer que Brasil e EUA não devem ter problema "se confirmada a eleição de Biden".

A chapa de Joe Biden e Kamala Harris obteve 279 votos no colégio eleitoral, dos 270 necessários (com estados ainda por apurar, que podem ampliar sua vantagem). Não há chances matemáticas para Trump caso não ocorram recontagens que tirem estados importantes vencidos por Biden.

Devido à confirmação de vitória do democrata feita pelas emissoras americanas -- que contabilizam os votos da eleição nacionalmente e fazem projeções, já que não há uma autoridade eleitoral nacional como o TSE brasileiro -- líderes de diversos países já contataram Biden ou postaram mensagens na internet ainda no sábado, como o francês Emmanuel Macron e a alemã Angela Merkel. Abaixo, veja a lista dos principais líderes que não parabenizaram Biden até agora.

Xi Jinping, presidente da China

A China está em guerra comercial com o governo de Donald Trump há anos, mas o governo chinês ainda está cauteloso em parabenizar Biden publicamente. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, disse na segunda-feira que Pequim estaria atenta enquanto as "leis e procedimentos" americanos se desenrolassem. Trump e sua campanha têm questionado o resultado da eleição e acusado fraude.

Em 2016, o presidente chinês Xi Jinping parabenizou Trump no mesmo dia em que ele foi declarado vencedor pela imprensa americana. Naquela eleição, o resultado saiu na mesma madrugada após a votação, uma vez que o fluxo de votos pelo correio foi muito menor.

Vladimir Putin, presidente da Rússia

Assim como Xi Jinping, o presidente russo havia parabenizado Trump rapidamente em 2016. Neste ano, ele ainda não contatou Biden, pelo que se sabe de forma pública até agora. "Acreditamos que a coisa certa a se fazer é esperar pelo resultado oficial da eleição", disse um porta-voz russo.

Embora a relação entre Trump e a Rússia não tenha sido necessariamente próxima, a tendência é que um governo Biden se distancie mais de Moscou. Ao programa de TV Americano "60 Minutos", Biden disse em outubro que a Rússia é "a maior ameaça" aos EUA. Ao contrário do que faz com a China, seu "alvo" preferido, Trump teceu poucas críticas a Putin ou à Rússia durante seu mandato. O ex-presidente Barack Obama, no fim do mandato, também teve poucos embates com a Rússia.

Andrés Manuel López Obrador, presidente do México

Nada mais prova de uma mistura confusa entre esquerda e direita nesta década do que o mexicano López Obrador, o AMLO. Eleito em 2018, Obrador tem tentado se aproximar de Trump apesar das constantes críticas do presidente ao México, à imigração e o desejo de construir um muro ampliado "e fazer o México pagar por ele" na fronteira. Neste contexto, uma viagem de AMLO aos EUA foi amplamente criticada tanto no México como por líderes latinos nos EUA.

No domingo, Obrador disse que esperaria "todas as questões legais" serem resolvidas antes de parabenizar Biden. "Não queremos ser imprudentes", disse a jornalistas mexicanos, acrescentando que tem uma relação "muito boa" com ambos os candidatos.

Benjamin Netanyahu, premiê de Israel

Netanyahu é um caso diferente pois congratulou Biden e sua vice, Kamala Harris, em vídeo publicado nas redes sociais. Mas chamou atenção de especialistas em diplomacia por não usar as palavras "presidente-eleito". "Eu gostaria de abrir com saudações a Joe Biden e Kamala Harris. Por quase 40 anos, eu tive uma longa, calorosa e pessoal relação com Joe Biden e eu sei que ele é um grande amigo de Israel", diz Netanyahu no vídeo.

O premiê israelense e Trump se tornaram próximos desde a eleição do americano em 2016. Logo no começo do mandato, Trump já dizia que gostaria de mudar a embaixada americana da capital Tel-Aviv para Jerusalém, terra sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos e alvo de disputa na região. A embaixada de fato foi mudada em maio de 2018. No mesmo vídeo de declaração sobre as eleições, Netanyahu também agradece a Trump pelo reconhecimento de Jerusalém como capital.

Kim Jong-Un, ditador da Coreia do Norte

Neste caso, sem surpresas: Kim Jong-Un já não havia parabenizado Trump em 2016 ou sequer mencionado a eleição, e faz o mesmo agora com Biden -- ao menos, declarações sobre o tema não foram publicadas nos noticiários estatais norte-coreanos.

A relação de Biden e Kim já começa com desavenças aparentemente maiores do que na gestão de Trump. Kim Jong-Un já chamou Biden de "um idiota com QI baixo" e Biden disse que o norte-coreano é um "porco" e que não tem interesse em diplomacia com o país.

Trump e Kim tiveram desavenças durante os quatro anos do governo do presidente americano, mas a gestão também ficou marcada por três encontros históricos entre os dois líderes. Em 2019, por exemplo, o ditador norte-coreano recebeu uma carta de Trump que chamou de "excelente", segundo a imprensa norte-coreana.

De Xi Jinping a Putin, outros líderes que chamaram atenção no parabéns a Biden (ou na falta dele) foram o príncipe da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, que só congratulou Biden um dia depois da eleição, e o premiê da Eslovênia, Janez Jansa, ainda não parabenizou o democrata -- Jansa é de um partido de extrema-direita do país e aliado do húngaro Viktor Orban, que, por sua vez, já declarou seus parabéns.


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