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Onda de eleições na América Latina trará mudanças, mas não assusta

Especialistas não vêem risco de populismos, apenas um ajuste para uma economia mais preocupada com programas sociais

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h38.

Neste ano, será difícil escapar de assuntos que remetam à política na América Latina. Nada menos que nove países irão às urnas escolher um novo presidente, uma maratona que começa neste domingo (15/1), no Chile, com a provável eleição da socialista Michelle Bachelet.

A lista segue ao longo do ano: depois do Chile, vêm Peru, Colômbia, México, Brasil, Equador, Nicarágua e Venezuela, fechando a rodada. Além disso, há o Haiti, que apesar de toda a turbulência política, deve finalmente ter seu pleito em 2006.

Com tantos países à beira da transição, é natural que haja uma nuvem de incertezas sobre o continente. Os especialistas divergem sobre o impacto da mudança, mas nenhum deles acredita no caos, seja na forma de populismos ou em medidas anti-capitalistas mais drásticas.

"Não há perigo revolucionário algum. Nenhum desses países teria condições de ameaçar a estrutura econômica vigente. A Venezuela é uma exceção, pois tem o poder do petróleo", diz o pesquisador Peter Hakim, presidente da Inter-American Dialogue, um centro de estudos de Washington. No entanto, ele sugere que os investidores olhem com cautela para a região nos próximos meses, observando o que acontece em cada país. "O perigo é generalizar", diz.

Nova fase

Ainda assim, as pesquisas mostram que muitos dos favoritos nas eleições deste ano são de base esquerdista. É o caso de Chile, México e Brasil. No Peru, o candidato Ollanta Humala, de forte tendência nacionalista, vem crescendo em disparada e já ameaça a conservadora Lourdes Flores, por enquanto a preferida.

A socióloga Silene de Moraes Freire é uma das que prevêem fortes mudanças, mas "para melhor". Coordenadora do Programa de Estudos de Amércia Latina e Caribe da UERJ, ela lembra que os países latino-americanos foram os primeiros a abraçar a política neoliberal, bem no início dos anos 90.

"Essa fase está terminando agora. Assim como a região foi a primeira a adotar o neoliberalismo, tudo indica que será, também, a primeira a abandonar essa proposta", diz a professora da Uerj. Segundo ela, não há um perigo revolucionário, apenas um ajuste. "Programas sociais, que ficaram de lado durante anos, tendem a ser retomados. O empresariado só tem a ganhar ", afirma.

Brasil como exceção

Mesmo que o PT volte a vencer no Brasil, o risco de mudança no país é bem menor. Assim como no Chile governado desde 1990 por uma coalizão de base socialista a política nesses países está mais "ocidentalizada", segundo a professora da Uerj. Ou seja, fica mais difícil para a esquerda se distanciar da corrente econômica neoliberal.

"Isso torna a política brasileira mais previsível. Não acredito que um aventureiro, ou populista, possa ganhar as eleições em outubro", diz. "Já em outros países, como na Bolívia, no Peru e na Venezuela, a população está claramente se identificando com discursos nacionalistas. Nesses países, sim, pode ser o início do fim do neoliberalismo dos anos 90", explica Silene.

Veja como está a situação nos principais países:

Chile

A vitória da Michelle Bachellet é dada como certa. De centro-esquerda, faz parte da coalizão que governa o país desde 1990.

Peru

A conservadora Lourdes Flores lidera as pesquisas com ligeira vantagem, mas o nacionalista Ollanta Humala cresce em disparada.

Colômbia

O atual presidente e aliado dos EUA, Álvaro Uribe, lidera as pesquisas com ampla vantagem.

México

Os dois principais candidatos são Andrés Manuel López Obrador, de centro-esquerda, e Felipe Calderón, conservador. A disputa será acirrada (pesquisas apontam empate técnico).

Brasil

Lula, Serra, Alckmin... Essa promete ser uma das eleições mais disputadas desde a redemocratização.

Venezuela

Tudo indica que o presidente Hugo Chavez será reeleito.

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