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Mursi pede diálogo nacional para acabar com divisão no Egito

Mursi convocou para o próximo sábado todos os grupos políticos, jovens da revolução e os juízes a fim de ''conseguir um acordo global para sair da divisão''

Mohamed Mursi: Os temas que serão abordados na reunião serão a lei eleitoral, o Conselho da Shura e o referendo sobre a nova Constituição (Khaled Desouki/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2012 às 20h48.

Cairo - Perante os distúrbios e a crise política que vive o país, o presidente egípcio, Mohammed Mursi , estendeu a mão nesta quinta-feira às forças da oposição para realizar um diálogo nacional sobre os assuntos em disputa.

Em um esperado discurso à nação, Mursi convocou para o próximo sábado todos os grupos políticos, jovens da revolução e os juízes a fim de ''conseguir um acordo global para sair da divisão''.

Os temas que serão abordados na reunião serão a lei eleitoral, o Conselho da Shura (câmara alta do Parlamento) e o referendo sobre a nova Constituição, previsto para o próximo dia 15 de dezembro e que conta com a rejeição das forças não islamitas.

No entanto, as primeiras reações dos manifestantes perante o Palácio Presidencial foram de ira - muitos deles evocaram os últimos discursos de Hosni Mubarak - e a sede principal da Irmandade Muçulmana foi atacada por uma multidão.

Apesar de abrir a opção para negociar sobre o plebiscito, Mursi ressaltou que ''o Estado prepara-se para realizar o referendo, e se o povo o aceitar, começará a construção das instituições do estado''.

Caso a Carta Magna seja rejeitada na consulta, o presidente indicou que formará uma nova Assembleia Constituinte, ''seja por consenso ou eleição direta, para elaborar uma nova Constituição''.

Sobre o outro tema em disputa, o decreto constitucional promulgado há duas semanas, Mursi se ofereceu a renunciar ao artigo 6, que estipula que ''o presidente, em caso de ameaça à revolução, à união nacional ou à segurança da nação, poderá tomar todas as medidas que considerar necessárias''.


O presidente assinalou que ''se o diálogo com as forças políticas assim decidir'' renunciará a estas prerrogativas e insistiu que este artigo tinha o objetivo de ''garantir a proteção do país, seu povo e sua segurança''.

Após o discurso, os manifestantes opositores a Mursi, que durante o dia mantiveram uma presença pacífica nos arredores do Palácio Presidencial do Cairo, tentaram romper o cordão militar estabelecido para proteger o edifício.

Além disso, uma multidão com milhares de pessoas invadiu a sede principal da Irmandade Muçulmana, situada no planalto da Muqatam, no leste do Cairo, e destruíram vidraçarias e a mobília, segundo denunciou o grupo.

Além disso, outros grupos incendiaram o escritório do Partido Liberdade e Justiça (PLJ, braço político da Irmandade Muçulmana) no bairro de Zahara al Maadi, no sul da capital, e assaltaram a sede do PLJ, no bairro de Kit Kat.

Estes atos de vandalismo chegam após um dia em que os tanques e carros do Exército egípcio tomaram os arredores do Palácio Presidencial para impedir que continuassem os sangrentos choques entre defensores e críticos de Mursi, que na véspera se saldaram com seis mortos e centenas de feridos.

A Guarda Republicana, corpo de elite das Forças Armadas, impôs um toque de recolher não declarado desde as 15h locais (11h de Brasília) em torno da sede presidencial e proibiu as manifestações.


O Exército, em um papel de interposição similar ao que adotou durante a revolução contra Hosni Mubarak em 2011, conseguiu em um primeiro momento diminuir a tensão reinante, que abriu a passagem para uma atmosfera mais tranquila.

Entre os milhares de manifestantes havia destacados dirigentes políticos da oposição, como o ex-candidato presidencial Khaled Ali, que declarou à Efe que para que exista um diálogo nacional, Mursi tem que recuar em suas polêmicas decisões.

''A democracia se consegue com a força, não é algo que se presenteie. Quando Mursi perceber que impor uma ditadura lhe sairá muito caro, dará marcha à ré'', assegurou este advogado esquerdista.

Os manifestantes exigem a Mursi que revogue o decreto que blinda suas decisões perante a Justiça e que adie o referendo sobre a Constituição.

A estas chamadas uniu-se hoje a instituição islâmica de Al- Azhar, a mais importante do mundo sunita, que pediu a Mursi que suspenda a controvertida declaração constitucional e abra um diálogo nacional.

Essa chamada à unidade veio também do guia espiritual da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badía, que pediu que os egípcios se unam ''para construir a nação e fazer com que os interesses supremos vençam os pessoais''.

No entanto, pouco antes do discurso, a oposição não islamita, unida na Frente de Salvação Nacional, disse que se fecharam as portas para negociar com a presidência perante a falta de resposta de Mursi e ''o derramamento de sangue'' perante o Palácio Presidencial, e convocaram uma grande manifestação para amanhã.

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Cairo - Perante os distúrbios e a crise política que vive o país, o presidente egípcio, Mohammed Mursi , estendeu a mão nesta quinta-feira às forças da oposição para realizar um diálogo nacional sobre os assuntos em disputa.

Em um esperado discurso à nação, Mursi convocou para o próximo sábado todos os grupos políticos, jovens da revolução e os juízes a fim de ''conseguir um acordo global para sair da divisão''.

Os temas que serão abordados na reunião serão a lei eleitoral, o Conselho da Shura (câmara alta do Parlamento) e o referendo sobre a nova Constituição, previsto para o próximo dia 15 de dezembro e que conta com a rejeição das forças não islamitas.

No entanto, as primeiras reações dos manifestantes perante o Palácio Presidencial foram de ira - muitos deles evocaram os últimos discursos de Hosni Mubarak - e a sede principal da Irmandade Muçulmana foi atacada por uma multidão.

Apesar de abrir a opção para negociar sobre o plebiscito, Mursi ressaltou que ''o Estado prepara-se para realizar o referendo, e se o povo o aceitar, começará a construção das instituições do estado''.

Caso a Carta Magna seja rejeitada na consulta, o presidente indicou que formará uma nova Assembleia Constituinte, ''seja por consenso ou eleição direta, para elaborar uma nova Constituição''.

Sobre o outro tema em disputa, o decreto constitucional promulgado há duas semanas, Mursi se ofereceu a renunciar ao artigo 6, que estipula que ''o presidente, em caso de ameaça à revolução, à união nacional ou à segurança da nação, poderá tomar todas as medidas que considerar necessárias''.


O presidente assinalou que ''se o diálogo com as forças políticas assim decidir'' renunciará a estas prerrogativas e insistiu que este artigo tinha o objetivo de ''garantir a proteção do país, seu povo e sua segurança''.

Após o discurso, os manifestantes opositores a Mursi, que durante o dia mantiveram uma presença pacífica nos arredores do Palácio Presidencial do Cairo, tentaram romper o cordão militar estabelecido para proteger o edifício.

Além disso, uma multidão com milhares de pessoas invadiu a sede principal da Irmandade Muçulmana, situada no planalto da Muqatam, no leste do Cairo, e destruíram vidraçarias e a mobília, segundo denunciou o grupo.

Além disso, outros grupos incendiaram o escritório do Partido Liberdade e Justiça (PLJ, braço político da Irmandade Muçulmana) no bairro de Zahara al Maadi, no sul da capital, e assaltaram a sede do PLJ, no bairro de Kit Kat.

Estes atos de vandalismo chegam após um dia em que os tanques e carros do Exército egípcio tomaram os arredores do Palácio Presidencial para impedir que continuassem os sangrentos choques entre defensores e críticos de Mursi, que na véspera se saldaram com seis mortos e centenas de feridos.

A Guarda Republicana, corpo de elite das Forças Armadas, impôs um toque de recolher não declarado desde as 15h locais (11h de Brasília) em torno da sede presidencial e proibiu as manifestações.


O Exército, em um papel de interposição similar ao que adotou durante a revolução contra Hosni Mubarak em 2011, conseguiu em um primeiro momento diminuir a tensão reinante, que abriu a passagem para uma atmosfera mais tranquila.

Entre os milhares de manifestantes havia destacados dirigentes políticos da oposição, como o ex-candidato presidencial Khaled Ali, que declarou à Efe que para que exista um diálogo nacional, Mursi tem que recuar em suas polêmicas decisões.

''A democracia se consegue com a força, não é algo que se presenteie. Quando Mursi perceber que impor uma ditadura lhe sairá muito caro, dará marcha à ré'', assegurou este advogado esquerdista.

Os manifestantes exigem a Mursi que revogue o decreto que blinda suas decisões perante a Justiça e que adie o referendo sobre a Constituição.

A estas chamadas uniu-se hoje a instituição islâmica de Al- Azhar, a mais importante do mundo sunita, que pediu a Mursi que suspenda a controvertida declaração constitucional e abra um diálogo nacional.

Essa chamada à unidade veio também do guia espiritual da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badía, que pediu que os egípcios se unam ''para construir a nação e fazer com que os interesses supremos vençam os pessoais''.

No entanto, pouco antes do discurso, a oposição não islamita, unida na Frente de Salvação Nacional, disse que se fecharam as portas para negociar com a presidência perante a falta de resposta de Mursi e ''o derramamento de sangue'' perante o Palácio Presidencial, e convocaram uma grande manifestação para amanhã.

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