Melbourne - Em uma clínica lotada em Moçambique, uma jovem mãe de 25 anos de idade diz que não irá contar ao marido, de quem está separada, que ela está com HIV por medo de ser considerada culpada e de ser espancada.
"Aqui muito frequentemente as mulheres não contam aos ex-parceiros que elas estão infectadas com o HIV", disse Sifronia Filipe, educadora na clínica onde a jovem está sendo tratada de Aids.
"Ela tem medo de que ele a abandone ou que conte aos vizinhos e que eles a discriminem".
É uma cena que se repete através da África subsaariana, onde jovens mulheres representam um quarto das novas infecções por HIV e onde a Aids permanece como um flagelo devastador.
O problema é ainda mais grave em países do sul como Moçambique, onde 7 por cento de todas as adolescentes é HIV positivo.
Esse número dobra para 15 por cento ao chegar aos 25 anos, de acordo com um relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids lançado na semana passada.
Proteger jovens mães será crucial se o mundo quiser atingir o objetivo da ONU de eliminar novas infecções por HIV em crianças até 2015.
Em um encontro internacional de Aids que começou em Melbourne ontem, personalidades públicas desde a ativista política birmanesa Aung San Suu Kyi até o fundador do grupo Virgin, Richard Branson, irão liderar um chamado para lutar contra a estigmatização e a discriminação, que tem arruinado o progresso em países mais pobres.
"Algumas pessoas, ao descobrirem que são soropositivas, mudam de hospital ou riscam os resultados dos testes de seus relatórios médicos", disse Aleny Couto, chefe do programa HIV do Ministério de Saúde do governo de Moçambique.
"Neste país ainda existe a estigmatização, o que ainda é um obstáculo muito grande".
Sofrendo com a estigmatização
Enquanto existir a estigmatização do HIV as pessoas provavelmente irão esconder ou ignorar suas situações, criando uma barreira para o tratamento, o que coloca suas saúdes e a saúde de seus parceiros e filhos em risco.
Uma "inaceitavelmente alta" prevalência de mulheres soropositivas de idades entre 15 e 24 anos pode ser vista em quase todos os países do leste e sul da África, disse a ONUAids em um documento, chamando os dados de "fortes e preocupantes".
Independentemente de ser o homem ou a mulher quem introduz o HIV na relação, abordar o tópico e o tratamento da infecção é frequentemente difícil, diz José Enrique Zelaya Bonilla, diretor da ONUAids em Moçambique.
Rejeitam o tratamento
"Nós percebemos que se o homem fica sabendo que ele é soropositivo só depois de a mulher ser infectada, ela é considerada responsável", diz Bonilla.
"Isso tem outros efeitos. Por exemplo, quando o homem morre, a família dele tira todos os pertences dela".
As pessoas também podem queimar a casa para que a viúva não fique com a propriedade, de acordo com Bonilla.
Na Africa do Sul, país com o maior número de pessoas convivendo com o vírus, as mulheres às vezes rejeitam a terapia antirretroviral salvadora de vidas para esconder suas infecções de seus parceiros, disse Elsie Mbedzi, assistente social da Witkoppen Health Welfare Centre, que recebe aproximadamente 100.000 visitas de pacientes de baixa renda por ano da periferia de Joanesburgo.
"Se a mulher descobre que está infectada quando está grávida, ela começa o tratamento, mas é difícil para ela dizer ao marido que ele também pode estar infectado e que também necessita de tratamento", disse Bonilla da ONUAids.
Existe também o risco de que a mãe pare de tomar a medicação e não leve o bebê para ser testado, “de forma que o sistema de saúde perderá contato com esse recém-nascido possivelmente infectado com o HIV”.
A Aids matou cerca de 82.000 pessoas em Moçambique no ano passado, 13 por cento mais do que em 2005.
Isso fez com que a nação de 25,8 milhões de pessoas se tornasse um dos apenas três países da África subsaariana que registraram um aumento da mortalidade relacionada com a Aids durante esse período, de acordo com UNAids.
Filipe, a educadora de Maputo, diz que vê alguns sinais de progresso.
"Há muitos homens que não conhecem seu status e saem por aí infectando mulheres, mas felizmente temos visto uma evolução", diz Filipe. "Cada vez mais mulheres estão exigindo o uso de preservativo".
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1. Os 22 piores países do mundo árabe para as mulheres viverem
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1/15 (Getty Images)
São Paulo – Entre os países do mundo árabe, o
Egito é o pior lugar para as mulheres viverem. Essa é a conclusão do um estudo da
Thomson-Reuters, que analisou a atual situação após acontecimentos importantes recentes, como a
Primavera Árabe. O assédio sexual, o aumento da violência e de grupos islamitas conservadores, que trouxeram leis discriminatórias para as mulheres, foram alguns dos fatores que colocaram o Egito na primeira colocação. O levantamento avaliou a análise de 336 especialistas em gênero em 22 países: 21 países da Liga Árabe e mais a
Síria – que foi suspensa do grupo em 2011. As questões levantadas se basearam em um documento da
ONU, a "Convenção para Eliminar Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres", que 19 países árabes assinaram ou ratificaram. Os especialistas analisaram os casos de violência contra mulher, os diretos de reprodução, o tratamento delas no núcleo familiar, sua integração com a sociedade e o trabalho nelas na economia e na política. Confira o ranking com os 22 países árabes, do pior para o melhor para as mulheres:
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2. 1. Egito
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2/15 (Getty Images)
Pontuação: 74.895
(quanto mais alta, pior) Situação das mulheres - 9 de 987 que concorreram nas eleições de 2012 conseguiram se eleger
- 27,2 milhões de egípcias foram vítimas de mutilação genital
- 99,3% já sofreu assédio sexual
- 37% são analfabetas
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3. 2. Iraque
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3/15 (AHMAD AL-RUBAYE/AFP/Getty Images)
Pontuação: 73.070
Situação das mulheres: - 72,4% das mulheres nas áres rurais e 64,1% das mulheres nas áreas urbanas precisam pedir permissão aos seus maridos para irem a uma clínica de saúde
- Iraquianas precisam de autorização de um homem para obter passaporte
- Apenas 14,5% das iraquianas adultas têm um emprego
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4. 4. Síria
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4/15 (Anwar Amro/AFP)
Pontuação: 72.390
Situação das mulheres: - Apenas 16% das mulheres trabalham
- Mais de 4 mil casos de estupro e mutilação genital contra mulheres foram relatados ao Syrian Network for Human Rights
- Mais de um milhão de mulheres sírias estão refugiadas
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5. 5. Iêmen
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5/15 (MOHAMMED HUWAIS/AFP/GettyImages)
Pontuação: 71.862
Situação das mulheres: - 210 mães morrem a cada 100 mil nascimentos
- 98,9% das mulheres já sofreram com assédio sexual na rua
- 53% das meninas completam os estudos, enquanto a taxa entre os meninos é de 73%
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6. 6. Sudão
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6/15 (ASHRAF SHAZLY/AFP/Getty Images)
Pontuação: 71.686
Situação das mulheres: - A idade mínima para meninas casarem é de 10 anos
- 730 mulheres morrem para cada 100 mil nascimentos
- Por lei, mulheres podem ser presas por usarem vestido
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7. 7. Líbano
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7/15 (JOSEPH EID/AFP/Getty Images)
Pontuação: 66.931
Situação das mulheres: - Apenas em 2004 uma mulher conseguiu uma posição ministerial na política
- Mulheres que fazem abortos ilegais (quando não correm risco de morte) podem ser presas por até sete anos
- Uma lei permite que um estuprador evite a prisão caso ele se case com a vítima
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8. 8. Palestina
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8/15 (MAHMUD HAMS/AFP/Getty Images)
Pontuação: 66.629
Situação das mulheres: - Em Gaza, 51% das mulheres casadas já sofreram abuso doméstico
- Apenas 17% das mulheres têm um emprego
- O direito ao voto veio apenas em 1996
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9. 9. Somália
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9/15 (PHIL MOORE/AFP/Getty Images)
Pontuação: 65.856
Situação das mulheres: - Em 2012, 1700 mulheres foram estupradas em campos de refugiados
- 1200 mulheres morrem a cada 100 mil nascimentos
- Apenas 39% têm um emprego. Na região controlada pelo grupo radical islâmico Al Shabaab, elas são proibidas de trabalharem
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10. 11. Bahrein
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10/15 (MOHAMMED AL-SHAIKH/AFP/Getty Images)
Pontuação: 62.247
Situação das mulheres: - Mulheres só ganharam o direito ao voto em 2002
- 30% já sofreu algum tipo de abuso doméstico
- Apenas 40% trabalham
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11. 15. Marrocos
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11/15 (ABDELHAK SENNA/AFP/Getty Images)
Pontuação: 60.229
Situação das mulheres: - Mulheres são condenadas por se separarem de seus maridos
- 56% das mulheres entre 15 e 49 anos são analfabetas
- Nos três primeiros meses de 2008, 17 mil casos de abusos contra mulheres foram denunciados. Em 78,8% deles, o acusado era o próprio marido
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12. 18. Catar
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12/15 (KARIM JAAFAR/AFP/Getty Images)
Pontuação: 58.372
Situação das mulheres: - 550 casos de abusos domésticos foram relatados em 2012
- Elas precisam de permissão de seus maridos para dirigir
- 51,8% das mulheres trabalham
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13. 20. Kuwait
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13/15 (YASSER AL-ZAYYAT/AFP/Getty Images)
Pontuação: 58.119
Situação das mulheres: - Não há leis sobre abuso doméstico ou estupro cometido pelo próprio marido
- Em 2005, elas ganharam o direito ao voto
- Elas têm direito a dez semanas de licença quando têm filhos
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14. 22. Comores
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14/15 (BORIS HORVAT/AFP/Getty Image)
Pontuação: 51.375
Situação das mulheres: - 20% dos ministérios são femininos, assim como 3% do parlamento
- 50% já sofreu abuso sexual
- 35% está no mercado de trabalho
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15. Agora conheça os melhores países do mundo para estrangeiros
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15/15 (Reprodução)