Ministra francesa compara Salvini a Pôncio Pilatos devido a imigrantes
A relação entre França e Itália piorou com a crise imigratória na Europa, na qual o ministro do Interior da Itália se nega a receber imigrantes resgatados
Reuters
Publicado em 26 de setembro de 2018 às 11h57.
Paris - A ministra francesa de Assuntos Europeus, Nathalie Loiseau, acusou nesta quarta-feira o ministro do Interior anti-imigração da Itália, Matteo Salvini, de se comportar "como Pôncio Pilatos", o oficial romano que lavou as mãos sobre o destino de Jesus Cristo.
As relações entre França e Itália pioraram desde que o novo governo italiano tomou posse em junho e imediatamente fechou os portos do país para navios humanitários que resgatam imigrantes no litoral da Líbia, obrigando outros países da União Europeia a atuarem.
No incidente mais recente, França, Portugal, Espanha e Alemanha concordaram em receber imigrantes do navio de resgate Aquarius na terça-feira depois que a Itália impediu que a embarcação atracasse.
"O senhor Salvini, hoje, é como Pôncio Pilatos. É obsceno", disse a ministra francesa à rádio RTL.
Horas mais cedo o presidente francês, Emmanuel Macron, disse a repórteres que a Itália "decidiu não seguir mais a lei internacional, em particular a lei marítima humanitária".
Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga, acusou Macron de hipocrisia nesta quarta-feira, dizendo que o francês deu as costas a mais de 50 mil imigrantes da fronteira italiana "nos últimos meses".
"Não aceitamos lições sobre direitos ou humanidade do senhor Macron", disse Salvini em um comunicado.
A Itália acolheu mais de 650 mil imigrantes nos últimos cinco anos. Pelos regulamentos da União Europeia, os postulantes a asilo devem ficar no primeiro país do bloco em que ingressam até seu pedido ser processado -- o que pode levar anos.
Mas muitos imigrantes que entram na Itália querem seguir imediatamente para países mais ricos do norte, incluindo a França. Os franceses vêm impedindo os imigrantes de cruzarem suas fronteiras, dizendo que as regras da UE têm que ser respeitadas.