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Michel Djotodia, presidente interino da RCA, renuncia

O presidente interino da República Centro-Africana apresentou sua renúncia após várias semanas de violência


	Michel Djotodia: com o presidente, também renunciaram o primeiro-ministro, Nicolas Tiengaye, e o restante do governo de transição
 (Reuters)

Michel Djotodia: com o presidente, também renunciaram o primeiro-ministro, Nicolas Tiengaye, e o restante do governo de transição (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2014 às 11h49.

Bangui - O presidente interino da República Centro-Africana (RCA), Michel Djotodia, apresentou nesta sexta-feira sua renúncia após várias semanas de violência que deixaram centenas de mortos no país.

Djotodia assinou a renúncia em N'djamena, onde a Comunidade Econômica dos Estados da África Central (CEEAC) realiza uma cúpula sobre a situação na RCA, informou o jornal do Chade "Al Wihda".

Com o presidente, também renunciaram o primeiro-ministro, Nicolas Tiengaye, e o restante do governo de transição.

A renúncia de Djotodia foi comunicada ao Conselho Nacional de Transição da RCA (CNT, Parlamento de transição) por e-mail para que seja oficializada, informou o jornal.

Agora, o Parlamento de transição, que se deslocou a N"djamena a pedido dos líderes da CEEAC, deve eleger um novo chefe de Estado.

Djotodia resistia há algum tempo à pressão internacional para renunciar por não ter conseguido restaurar a ordem e a segurança em seu país, após chegar ao poder com um golpe de Estado em março à frente do grupo insurgente Séléka, de fé muçulmana.

"Para evitar o agravamento da crise no país, o presidente tomou a corajosa decisão. Isso é pela vida dos mais de 4 milhões de centro-africanos, maltratados pela crise durante mais de um ano", explicaram fontes próximas ao líder demissionário.

Os chefes de Estado da CEEAC, que evitaram qualquer interferência na crise no país, apelaram na quinta-feira à noite aos membros do Conselho Nacional de Transição a viajar para N"djamena para decidir o destino político da RCA.


O presidente do Chade, Idriss Déby, chefe de turno da CEEAC, declarou que "a transição não funcionou como desejávamos".

"As autoridades que se encarregam de dirigir essa transição não conseguiram satisfazer as necessidades dos centro-africanos e da comunidade internacional, entre as quais a segurança e a ordem são as mais importantes", disse Déby.

Segundo a Carta Constitucional de Transição da RCA, o presidente do CNT, Alexandre Ferdinand Nguendet, colaborador de Djotodia, deveria governar o país provisoriamente à espera da eleição de um novo presidente interino.

A votação deveria acontecer em Bangui, capital centro-africana, no prazo de 15 dias.

A onda de violência no país começou em 5 de dezembro, quando as milícias cristãs "Antibalaka" levaram o caos a Bangui, onde foram registrados intensos tiroteios com artilharia pesada.

Os confrontos, iniciados pelos milicianos cristãos defensores da queda do presidente François Bozizé, ocorreram antes de a ONU autorizar a intervenção militar da França, junto a uma força africana, para restabelecer a ordem no país.

As Forças de Segurança enfrentaram as milícias cristãs, apoiadas por membros de Séléka.

Nas últimas semanas, houve confrontos entre partidários da Séléka e as milícias de autodefesa "Anti-Balaka" ("antifacão" em sango, a língua nacional), que atacaram civis muçulmanos, religião dos membros da Séléka, mas minoritária no país.

A crise da RCA começou quando, em 24 de março do ano passado, a capital foi tomada pelos rebeldes de Séléka, que assumiram o poder no país após a fuga de Bozizé para o exílio, e se formou um governo liderado pelo líder insurgente, Michel Djotodia.

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