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Meio século após assassinato de JFK, o mito continua vivo

Salas de cinema dos EUA estrearam recentemente "Parkland", filme sobre o assassinato do presidente John F. Kennedy que completa 50 anos em novembro

John F. Kennedy foi presidente dos Estados Unidos: assassinato criou o mito que muitos americanos lembram com nostalgia (Alfred Eisenstaedt/White House Press Office (WHPO)/Wikimedia Commons)
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Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2013 às 10h22.

Washington - As salas de cinema dos Estados Unidos estrearam recentemente "Parkland", um filme sobre o assassinato do presidente John F. Kennedy, fato que completa 50 anos em novembro e criou o mito que muitos americanos lembram com nostalgia.

Em 22 de novembro de 1963, o homem mais jovem a vencer uma eleição presidencial - e o único católico até o momento - era levado ferido mortalmente ao hospital Parkland Memorial de Dallas (Texas), onde morreu após ter sido baleado durante um desfile pelas ruas da cidade.

Kennedy foi o quarto presidente americano morto e sua figura se consolidou como um mito popular, transcendendo a política e mantendo-se 50 anos depois como um dos presidentes mais valorizados pelos cidadãos.

"Grande parte da nostalgia por Kennedy é porque foram tempos melhores para alguns", explicou à Agência Efe o professor Eric R.A.N. Smith, do departamento de Ciências Políticas da Universidade de Santa Bárbara (Califórnia).

Segundo Smith, após o assassinato do presidente, os EUA entraram em um "período de agitação política e social" que perdura até nossos dias; muitos americanos começaram a perder a confiança em seu próprio Governo e agora veem em Kennedy o reflexo de "um passado idealizado".

O presidente, que chegou ao poder com 43 anos, "falava de grandes ideias e façanhas, e convenceu os americanos de que o futuro não só podia ser melhor, mas eles eram donos de seu próprio destino e do destino do mundo", explicou à Efe o professor Jeffrey A. Engel, diretor do Centro de História Presidencial da Universidade Metodista do Sul.


O mandato de Kennedy foi marcado por duas grandes prioridades: a Guerra Fria - que na época passava por um dos momentos de máxima tensão -, e a luta pelos direitos civis, que encontrou sua maior expressão na Lei de Igualdade no Pagamento de 1963.

As conquistas sociais de Kennedy - e de seu sucessor, Lyndon B. Johnson - representaram o reconhecimento dos direitos das minorias, das mulheres e das comunidades mais desfavorecidas, embora, para os analistas, ainda tenha faltado muito caminho a ser percorrido.

"É evidente que as relações de raça e gênero nos EUA não alcançaram desde 1960 um estado de perfeição, já que a criação de um país mais perfeito é sempre um processo, não um destino", assegurou o professor Engel.

Quando há 50 anos Kennedy assinou a Lei de Igualdade no Pagamento, uma mulher empregada ganhava em média US$ 0,57 por cada dólar que se pagava a um homem, uma razão que hoje dia aumentou apenas US$ 0,20, mantendo uma relação de US$ 0,77 por cada dólar.

A própria Casa Branca expressou em junho deste ano sua preocupação com este assunto, e emitiu um relatório no qual assegurava que se os salários das mulheres aumentassem 10%, mais de 1,3 milhão de americanos sairiam da pobreza, incluindo mais de meio milhão de crianças.

Como acontece com Barack Obama, que recentemente teve que enfrentar a paralisação do Governo, Kennedy também teve que lidar com uma forte oposição por parte do Congresso, que o impediu de levar adiante grande parte das medidas que propunha.

No entanto, ao contrário de Obama, a oposição a Kennedy não procedia exclusivamente do Partido Republicano já que alguns de seus maiores opositores estavam nas próprias fileiras democratas.

"Os partidos estavam misturados ideologicamente no começo dos anos 60. Muitos democratas do sul eram conservadores e votavam com os republicanos contra as medidas de Kennedy, enquanto alguns republicanos do norte eram progressistas e votavam com os democratas", lembrou o professor Smith.

"Com a morte de Kennedy há 50 anos, o espírito dos EUA começou seu declínio, que passou pelo Vietnã, a crise dos reféns no Irã, o 11 de setembro de 2001 e o desastre no Iraque. Os americanos já não controlam sua sorte e a desgraça pode chegar por mais que nos esforcemos em evitá-la. Por isso Kennedy representa um tempo de maior esperança", reiterou o professor Engel.

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Washington - As salas de cinema dos Estados Unidos estrearam recentemente "Parkland", um filme sobre o assassinato do presidente John F. Kennedy, fato que completa 50 anos em novembro e criou o mito que muitos americanos lembram com nostalgia.

Em 22 de novembro de 1963, o homem mais jovem a vencer uma eleição presidencial - e o único católico até o momento - era levado ferido mortalmente ao hospital Parkland Memorial de Dallas (Texas), onde morreu após ter sido baleado durante um desfile pelas ruas da cidade.

Kennedy foi o quarto presidente americano morto e sua figura se consolidou como um mito popular, transcendendo a política e mantendo-se 50 anos depois como um dos presidentes mais valorizados pelos cidadãos.

"Grande parte da nostalgia por Kennedy é porque foram tempos melhores para alguns", explicou à Agência Efe o professor Eric R.A.N. Smith, do departamento de Ciências Políticas da Universidade de Santa Bárbara (Califórnia).

Segundo Smith, após o assassinato do presidente, os EUA entraram em um "período de agitação política e social" que perdura até nossos dias; muitos americanos começaram a perder a confiança em seu próprio Governo e agora veem em Kennedy o reflexo de "um passado idealizado".

O presidente, que chegou ao poder com 43 anos, "falava de grandes ideias e façanhas, e convenceu os americanos de que o futuro não só podia ser melhor, mas eles eram donos de seu próprio destino e do destino do mundo", explicou à Efe o professor Jeffrey A. Engel, diretor do Centro de História Presidencial da Universidade Metodista do Sul.


O mandato de Kennedy foi marcado por duas grandes prioridades: a Guerra Fria - que na época passava por um dos momentos de máxima tensão -, e a luta pelos direitos civis, que encontrou sua maior expressão na Lei de Igualdade no Pagamento de 1963.

As conquistas sociais de Kennedy - e de seu sucessor, Lyndon B. Johnson - representaram o reconhecimento dos direitos das minorias, das mulheres e das comunidades mais desfavorecidas, embora, para os analistas, ainda tenha faltado muito caminho a ser percorrido.

"É evidente que as relações de raça e gênero nos EUA não alcançaram desde 1960 um estado de perfeição, já que a criação de um país mais perfeito é sempre um processo, não um destino", assegurou o professor Engel.

Quando há 50 anos Kennedy assinou a Lei de Igualdade no Pagamento, uma mulher empregada ganhava em média US$ 0,57 por cada dólar que se pagava a um homem, uma razão que hoje dia aumentou apenas US$ 0,20, mantendo uma relação de US$ 0,77 por cada dólar.

A própria Casa Branca expressou em junho deste ano sua preocupação com este assunto, e emitiu um relatório no qual assegurava que se os salários das mulheres aumentassem 10%, mais de 1,3 milhão de americanos sairiam da pobreza, incluindo mais de meio milhão de crianças.

Como acontece com Barack Obama, que recentemente teve que enfrentar a paralisação do Governo, Kennedy também teve que lidar com uma forte oposição por parte do Congresso, que o impediu de levar adiante grande parte das medidas que propunha.

No entanto, ao contrário de Obama, a oposição a Kennedy não procedia exclusivamente do Partido Republicano já que alguns de seus maiores opositores estavam nas próprias fileiras democratas.

"Os partidos estavam misturados ideologicamente no começo dos anos 60. Muitos democratas do sul eram conservadores e votavam com os republicanos contra as medidas de Kennedy, enquanto alguns republicanos do norte eram progressistas e votavam com os democratas", lembrou o professor Smith.

"Com a morte de Kennedy há 50 anos, o espírito dos EUA começou seu declínio, que passou pelo Vietnã, a crise dos reféns no Irã, o 11 de setembro de 2001 e o desastre no Iraque. Os americanos já não controlam sua sorte e a desgraça pode chegar por mais que nos esforcemos em evitá-la. Por isso Kennedy representa um tempo de maior esperança", reiterou o professor Engel.

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