Médicos fizeram vista grossa para casos de tortura em Guantánamo
O estudo foi feito com base em uma revisão dos prontuários e registros de processos de nove presos, vitimados pelos excessos da "guerra contra o terrorismo"
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2011 às 21h37.
Washington - Médicos e psicólogos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, responsáveis pelos cuidados com os presos no centro de detenção de Guantánamo, no sul da ilha de Cuba, ocultaram evidências de abusos e torturas infligidas intencionalmente aos detidos, segundo um estudo publicado nesta terça-feira.
As descobertas desta pesquisa, divulgada na revista PloS Medicine, foram disponibilizadas ao mesmo tempo em que o site WikiLeaks publicou documentos secretos americanos que demonstram a gravidade dos acontecimentos registrados no tratamento de prisioneiros no centro.
O estudo foi feito com base em uma revisão dos prontuários e registros de processos de nove presos desta cadeia, considerada pelos críticos com um símbolo dos excessos da "guerra contra o terrorismo" dirigida pelo ex-presidente George W. Bush.
Os autores do relatório, um general de brigada reformado e um especialista do grupo Médicos pelos Direitos Humanos, colocam em dúvida se os médicos militares, que assim como seus colegas civis geralmente aderem ao juramento de Hipócrates de não causar dano, deveriam ter feito mais alguma coisa quando enfrentavam possíveis sinais de abuso ou tortura.
O departamento de Defesa não respondeu de imediato a uma solicitação de comentários a respeito.
Os médicos militares observaram o aparecimento súbito de estresse pós-traumático em alguns presos que não tinham antecedentes de problemas mentais, ouviram histórias de estupros e registraram fraturas de ossos, contusões e lacerações, mas não questionaram a causa dos ferimentos, segundo o estudo.
"Os médicos e os funcionários de saúde mental que atenderam os detidos (...) não investigaram e/ou documentaram as causas das lesões físicas e os sintomas psicológicos que observaram", de acordo com o informe.
Em um dos casos relatados, um médico do Serviço de Saúde do departamento de Defesa observou que um dos presos tinha pensamentos suicidas, lapsos de memória e pesadelos, e receitou para ele antidepressivos.
"(Você) precisa relaxar quando os guardas estão mais agressivos", disse ao detido, segundo registros médicos citados pelo estudo.
Já foram divulgados outros informes sobre a suposta cumplicidade entre médicos e psicólogos da CIA e especialistas em conduta do departamento de Defesa, descritos pelo governo dos Estados Unidos como especialistas "não clínicos" que estiveram presentes durante técnicas de interrogatório extremas, como o afogamento simulado ("submarino").
Mas Vincent Iacopino, autor principal do relatório, disse que este estudo se centraliza nos médicos e psicólogos do departamento de Defesa que trataram diretamente dos presos de Guantánamo, e cujo trabalho esteve em grande parte oculto.
"Não houve informação até a data sobre como estes profissionais da saúde fizeram vista grossa, tal como foi indicado por este estudo", disse Iacopino à AFP.
Além de ser submetidos a técnicas de interrogatório extremas autorizadas durante o governo de George W. Bush, os nove presos disseram que foram submetidos a atos "não autorizados".
Estes atos incluíram "espancamentos graves, muitas vezes associados a perda da consciência e/ou fratura de ossos, agressões sexuais e/ou ameaças de estupros, execuções simuladas, desaparecimentos simulados, uma quase asfixia provocada por água (ou seja, forçando uma mangueira na boca do detido) e estrangulamento", segundo o relatório.
"Outras denúncias incluem colocar à força a cabeça do detido em um vaso sanitário, utilizá-lo como uma 'esponja humana' para limpar o piso e a profanação do Alcorão".
Washington - Médicos e psicólogos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, responsáveis pelos cuidados com os presos no centro de detenção de Guantánamo, no sul da ilha de Cuba, ocultaram evidências de abusos e torturas infligidas intencionalmente aos detidos, segundo um estudo publicado nesta terça-feira.
As descobertas desta pesquisa, divulgada na revista PloS Medicine, foram disponibilizadas ao mesmo tempo em que o site WikiLeaks publicou documentos secretos americanos que demonstram a gravidade dos acontecimentos registrados no tratamento de prisioneiros no centro.
O estudo foi feito com base em uma revisão dos prontuários e registros de processos de nove presos desta cadeia, considerada pelos críticos com um símbolo dos excessos da "guerra contra o terrorismo" dirigida pelo ex-presidente George W. Bush.
Os autores do relatório, um general de brigada reformado e um especialista do grupo Médicos pelos Direitos Humanos, colocam em dúvida se os médicos militares, que assim como seus colegas civis geralmente aderem ao juramento de Hipócrates de não causar dano, deveriam ter feito mais alguma coisa quando enfrentavam possíveis sinais de abuso ou tortura.
O departamento de Defesa não respondeu de imediato a uma solicitação de comentários a respeito.
Os médicos militares observaram o aparecimento súbito de estresse pós-traumático em alguns presos que não tinham antecedentes de problemas mentais, ouviram histórias de estupros e registraram fraturas de ossos, contusões e lacerações, mas não questionaram a causa dos ferimentos, segundo o estudo.
"Os médicos e os funcionários de saúde mental que atenderam os detidos (...) não investigaram e/ou documentaram as causas das lesões físicas e os sintomas psicológicos que observaram", de acordo com o informe.
Em um dos casos relatados, um médico do Serviço de Saúde do departamento de Defesa observou que um dos presos tinha pensamentos suicidas, lapsos de memória e pesadelos, e receitou para ele antidepressivos.
"(Você) precisa relaxar quando os guardas estão mais agressivos", disse ao detido, segundo registros médicos citados pelo estudo.
Já foram divulgados outros informes sobre a suposta cumplicidade entre médicos e psicólogos da CIA e especialistas em conduta do departamento de Defesa, descritos pelo governo dos Estados Unidos como especialistas "não clínicos" que estiveram presentes durante técnicas de interrogatório extremas, como o afogamento simulado ("submarino").
Mas Vincent Iacopino, autor principal do relatório, disse que este estudo se centraliza nos médicos e psicólogos do departamento de Defesa que trataram diretamente dos presos de Guantánamo, e cujo trabalho esteve em grande parte oculto.
"Não houve informação até a data sobre como estes profissionais da saúde fizeram vista grossa, tal como foi indicado por este estudo", disse Iacopino à AFP.
Além de ser submetidos a técnicas de interrogatório extremas autorizadas durante o governo de George W. Bush, os nove presos disseram que foram submetidos a atos "não autorizados".
Estes atos incluíram "espancamentos graves, muitas vezes associados a perda da consciência e/ou fratura de ossos, agressões sexuais e/ou ameaças de estupros, execuções simuladas, desaparecimentos simulados, uma quase asfixia provocada por água (ou seja, forçando uma mangueira na boca do detido) e estrangulamento", segundo o relatório.
"Outras denúncias incluem colocar à força a cabeça do detido em um vaso sanitário, utilizá-lo como uma 'esponja humana' para limpar o piso e a profanação do Alcorão".