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Médico de direita vence a eleição presidencial na Guatemala

Giammattei, que já foi candidato à presidência em três ocasiões anteriores, fez promessas de combater a violência e pobreza

Alejandro Giammattei: conservador defende a linha dura contra o crime e deseja reinstaurar a pena de morte (Jose Cabezas/Reuters)
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AFP

Publicado em 12 de agosto de 2019 às 06h50.

O conservador Alejandro Giammattei venceu a eleição presidencial de domingo na Guatemala após uma campanha marcada por promessas de combater a pobreza e a violência, fatores que provocam a disparada da migração irregular, principalmente aos Estados Unidos.

Com 97,80% das urnas apuradas, Giammattei, 63 anos, tinha 58,41% dos votos, contra 41,6% da ex-primeira-dama social-democrata Sandra Torres, anunciou o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), que classificou os resultados como "irreversíveis".

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Antes mesmo do anúncio do TSE, Giammattei reivindicou a vitória e prometeu que não será um presidente afastado do povo.

"O objetivo foi cumprido. Hoje, com um nó na garganta, 12 anos depois, venho dizer que vai ser uma honra imensa ser o presidente do país", afirmou.

Giammattei foi candidato à presidência em três ocasiões anteriores.

O partido de Torres reconheceu a vitória de Gimmattei e desejou "sucesso". O atual presidente Jimmy Morales, que deixará o cargo em janeiro, felicitou o vencedor e prometeu um processo transição "transparente e ordenado".

Médico e afetado há 40 anos pela esclerose múltipla, que o obriga a andar com muletas, Giammattei defende a linha dura contra o crime e deseja reinstaurar a pena de morte.

Em 2010 ele passou 10 meses na prisão, acusado de executar sete réus em uma prisão em 2006, quando era diretor do sistema penitenciário, mas foi liberado depois que o MP não conseguiu provar sua participação no caso.

Participação reduzida

De acordo com dados preliminares do TSE, o índice de abstenção poderia superar 55%.

A violência, a corrupção e a pobreza foram os principais temas da campanha.

A pobreza afeta 59% dos 17,7 milhões de guatemaltecos e a violência provoca 4.500 mortes por ano. Os dois temas são apontados como os principais fatores que motivam a migração.

Os candidatos evitaram falar de modo mais aprofundado sobre o acordo assinado em julho pelo governo com os Estados Unidos para transformar a Guatemala em "terceiro país seguro", o que implica receber migrantes que tinham o objetivo de pedir asilo no país da América do Norte.

O acordo sacudiu a reta final da campanha e gerou muitas críticas e processos, principalmente baseados no elevado índice de pobreza e na falta de infraestrutura.

Embora os dois candidatos tenham citado planos para frear o êxodo aos Estados Unidos, as remessas dos migrantes representam um motor fundamental da economia guatemalteca e no ano passado alcançaram quase 9,3 bilhões de dólares, valor próximo ao total das exportações.

Quase 1,5 milhão de guatemaltecos vivem nos Estados Unidos, mas apenas 300.000 e 400.000 com visto legal, de acordo com dados oficiais.

Milhares tentam atravessar o México para chegar aos Estados Unidos alegando fugir da pobreza e da violência, problemas comuns em alguns países da América Central, afetados por gangues e grupos de narcotráfico.

O Triângulo Norte da América Central - integrado por El Salvador, Guatemala e Honduras - é a região sem conflito armado mais violenta do mundo, segundo a ONU, e no último ano gerou diversas caravanas migratórias aos Estados Unidos.

Corrupção

A eleição também foi marcada por preocupações guatemaltecas sobre o combate à corrupção, dada a perspectiva de que uma missão antimáfia da ONU vai concluir suas funções em setembro.

Em 2015, um trabalho conjunto entre o MP local e a Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (Cicig), ligada à ONU, levou à renúncia e posterior prisão do então presidente Otto Pérez. Ele é acusado de liderar uma estrutura de evasão fiscal.

O presidente Morales decidiu interromper o trabalho da missão, depois que a Cicig e a MP pediram para investigá-lo pelo financiamento ilegal de sua campanha.

Os dois candidatos à presidência descartaram a possibilidade de retomada do trabalho do Cicig e, para combater a corrupção, propõem criar promotorias especiais com o apoio da comunidade internacional.

Mas analistas afirmam que as promessas são vagas e duvidam de seus compromissos contra a corrupção: os dois candidatos foram questionados e acusados pela Cicig.

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