Manifestantes pró-democracia mantêm mobilização em Hong Kong
Centenas de manifestantes, que levaram seus filhos, se reuniram neste sábado para uma marcha não autorizada
AFP
Publicado em 10 de agosto de 2019 às 09h18.
Última atualização em 10 de agosto de 2019 às 13h30.
Ativistas pró-democracia de Hong Kong mantiveram a pressão neste sábado, 10, com uma marcha não autorizada, enquanto os protestos no aeroporto internacional continuaram a alertar os visitantes sobre o objetivo do movimento que entra em seu seu terceiro mês.
Com crianças de todas as idades levando balões, centenas de famílias saíram às ruas na manhã deste sábado, em um ambiente tranquilo, que contrastava com a violência que marcou as manifestações mais recentes.
Em panfletos coloridos distribuídos entre os participantes, um abecedário explicava o movimento de protesto de forma lúdica às crianças.
Faye Lai, funcionária de um teatro local, levou a sobrinha de 3 anos. Ela disse acreditar que a manifestação ajudaria os mais jovens a compreender a crise que abala Hong Kong há semanas. "Temos que explicar às crianças a situação em que Hong Kong se encontra, e ensiná-las como é uma boa sociedade. O futuro pertence às crianças", comentou.
Manifestação no aeroporto
"Chegamos a um ponto em que devemos participar de todos os eventos, principalmente aqueles concentrados nas futuras gerações, não apenas nas manifestações e passeatas", considerou Roger Cheng, 50, que participava da concentração de famílias.
Horas antes, um grupo de pessoas mais velhas havia organizado outra manifestação, batizada de Cabelos Prateados, para entregar petições ao quartel-general da polícia e ao gabinete da chefe do Executivo, Carrie Lam, a fim de mostrar seu apoio ao movimento.
A concentração de famílias havia sido autorizada, ao contrário de outras previstas para este fim de semana. Os manifestantes pretendem intensificar a mobilização com ações como uma manifestação em que passarão três dias sentados no aeroporto internacional, que começou ontem e reuniu milhares de pessoas. O objetivo é chamar a atenção dos estrangeiros que desembarcam em Hong Kong para a causa.
Nesta sexta-feira, completaram-se dois meses do início das mobilizações, deflagradas por um grande protesto contra um projeto de lei de extradição. A pauta do movimento acabou se ampliando e passou a incluir demandas por mais justiça e democracia.
Hong Kong vive sua maior crise política desde que foi devolvido por Londres à China, em 1997. As manifestações, quase diárias, causam cada vez mais confrontos entre grupos radicais e a polícia.
O polêmico projeto de lei foi suspenso, mas os manifestantes continuam reivindicam a sua retirada definitiva. Também pedem a renúncia de Lam e a designação de um sucessor por meio do voto universal, em vez de nomeações feitas por Pequim.
Além disso, exigem uma investigação sobre a violência policial e sobre abusos da Justiça, diante das centenas de detenções das últimas semanas.
A chefe de governo de Hong Kong, Carrie Lam, advertiu que as manifestações pró-democracia dos últimos dois meses estão provocando uma tormenta econômica na cidade, mas descartou concessões aos ativistas. "No que se refere a uma solução política, não acho que tenhamos que fazer concessões para silenciar os manifestantes violentos", declarou durante uma entrevista coletiva convocada após se reunir com líderes empresariais.
"O que é bom para Hong Kong é encerrar a violência, para que possamos avançar", assinalou Carrie, que recebeu apoio total do governo chinês desde o começo da crise. Já Pequim endureceu o tom esta semana, intensificando as ameaças aos manifestantes.